— Eles são lindos, Seu João! — murmurou Maia, maravilhada.
— Você acha mesmo? — perguntou constrangido.
— O senhor sabe que sim, sabe que tem talento... e eu não mentiria. — ele a olhou curioso, sabendo que como escritora, ela poderia muito bem mentir com uma qualidade surpreendente, ainda que não achasse que estivesse fazendo isso. — Não mentiria sobre arte, pelo menos. — ele riu contente, agraciado pelo fato dela ter lido corretamente suas expressões.
— Venha, vou te mostrar outros... esses aqui são especiais.
— Eles são...?
— Sim, gosto de colocar cada um deles para posar para mim. Esses bonecos são diferentes dos outros, percebe?
— Parecem mais reais, consigo identificar todo mundo... Victor, Jaque...
— Uso uma argila especial e modelo com espátulas mais finas.
— São incríveis, seu João... — disse, tocando com delicadeza a miniatura de Victor. — De verdade.
— Que bom que gostou, minha filha, assim não se importaria de me deixar fazer uma boneca de argila sua, não é?
— O que? — Maia virou para ele abruptamente.
— Isso mesmo. Me alegraria bastante ter uma boneca de argila sua aqui, do lado do de Victor. — ela sorriu emocionada.
— Não, seu João. Só tem sua família aqui, não é como se fosse...
— Maia, sei que você e Victor estão apenas namorando e que você nos conhece há pouco tempo, mas você já faz parte dessa família.
— Oh, seu João... — Maia o abraçou apertado, segurando o choro. Ele não fazia ideia de que aquilo significava o mundo pra ela, alguém que tinha como família apenas Danilo. Apesar de sempre ser grata pela presença dele em sua vida e o amá-lo imensamente, não nega que parte dela foi extremamente solitária e triste e... assustadora.
— Não chore, menina. — acariciou seus cabelos de forma carinhosa, como se ninasse um filho.
— Desculpe. — riu, limpando o rosto das lágrimas. — Sim, adoraria se o senhor fizesse uma boneca minha.
— Vai ficar ótima nessa estante. — soltou João, animado.
Maia se questionou rapidamente porque não havia uma boneca de Cristine ali, se era próxima da família há mais de dez anos, já que havia uma de Danilo. Resolveu deixar isso de lado e agradecer pelo presente.
Dez minutos haviam se passado em completo silêncio, Victor fez como Maia instruíra: chegara na varanda com sorriso bobo no rosto e sentara na poltrona estofada de forma relaxada, fechou os olhos e sentiu como se estivesse sonhando, longe dali e próximo a ela. Ele pensara que seria muito difícil, mas estava seguindo o plano com extrema facilidade. De fato, era relaxante ficar ali em silêncio, sentindo o calor agradável aquecer sua pele e o vento refrescá-la, quase simultaneamente. Não precisou fingir que pensava em Maia, sua mente foi direto pra ela, gostou de caminhar ao seu lado pela praia, a conversa fluindo naturalmente e a cumplicidade entre eles aumentando. Refletiu também sobre o passado dela, haviam coisas escondidas ali que ele esperava lhe serem confidenciadas. Queria que ela confiasse nele o bastante para tal...
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A Grande Farsa
Chick-LitVictor Araújo cresceu assistindo o casamento de seus pais se tornar o melhor exemplo de amor duradouro que poderia ter e acreditava que tinha encontrado sua alma gêmea na melhor amiga da sua irmã, sua primeira e única namorada, a bela Cristine. Quan...