Maia se encontrava deitada sobre o peito de Victor em uma das espreguiçadeiras, bebericava sua cerveja no gargalo da long neck, ouvindo com atenção as histórias antigas de Dona Glória e João. Depois de sair da piscina, os chefes da família Araújo se aproximaram do grupo para contar as peripécias que os filhos praticavam na infância, memórias que foram ativadas pela cena cômica de Maia tropeçando. Ela estava deliciada com tudo aquilo, seus olhos tinham um brilho de fascinação e o sorriso não saía de seu rosto, nunca vivenciara um momento como aquele, era mágico.
— A casa estava silenciosa demais quando chegamos. — comentou João, em um tom de voz conspiratório. — Olhei pra Gogô e disse “fizeram merda”. — Victor ficou envergonhado com o que vinha pela frente e Maia deu risada, tocando sua bochecha corada.
— Comecei a chamá-los e nada... — completou Dona Glória. — nunca tinha visto aquela casa silenciosa daquele jeito, pensei que um dos três estava morto. Olhei em todos os quartos e nenhum sinal do Vitinho, Danilo ou Jaque.
— O que eles fizeram?? — instigou Maia. — Vocês vão me matar de curiosidade!
— Um dos três teve a brilhante ideia de fazer um boneco de barro em tamanho real, então pegaram todo o material do meu ateliê para botar o plano em prática. — continuou João. — E acharam que seria mais realista utilizar um molde humano para isso...
— NÃO! Eles não fizeram isso!
— Fizeram sim, minha bela Maia, e Jaque foi a escolhida.
— Encontrei minha filhinha coberta de barro dos pés à cabeça, parecia uma múmia, a coitadinha! — Dona Glória balançava a cabeça em negativa, mas tinha um olhar cômico no rosto.
— Não acredito que vocês fizeram isso com a Jaque! — deu um tapa no ombro do primo e olhou para Victor abismada.
— Admito que não foi meu momento de maior inteligência... — disse Danilo, rindo maroto em seguida.
— Em minha defesa, a ideia foi da Jaque, ela sempre foi a mente doentia da nossa infância!
— Ah, nem vem, Victor! Você estava achando tudo muito engraçado antes do barro endurecer e eu não conseguir me mexer mais... — acusou Jaque, enquanto Maia gargalhava.
— Foi nesse dia que refleti se ter filhos foi uma boa ideia. — a risada do Sr. Araújo era encorpada e preencheu a mente de Maia, fazendo-a rir novamente. — Acho que levou dias para limpá-la completamente.
— Até hoje acho que ainda tem barro em alguma parte do meu corpo!
— Agora entendi porque demoraram tanto para me terem, queriam que o último filho viesse com um cérebro mais desenvolvido... — comentou Yasmim, agarrada em seu caderno.
— Yasmim! — a mãe repreendeu. — Olha a língua!
— Ah, deixa ela, Dona Glória. Você sabe que ela é a mais inteligente da família mesmo! — disse Danilo, após conseguir parar de rir.
Ele a abraçou e beijou sua testa com carinho. Maia sorriu observando a cena, ela sempre soube que ele tinha um desejo profundo de ser pai, mesmo tentando esconder isso dela, e agora conseguia imaginá-lo claramente sendo o melhor pai que uma criança poderia ter. Ele seria amável, carinhoso, divertido e não deixaria de repreender quando achasse necessário, da mesma forma que já fazia com ela ou com Victor.
— Se isso é verdade, acho que vou passar mais tempo com você, Yasmim... — Maia sorriu e se sentou. — Vamos dar um mergulho?
— Eu não gosto de ficar na piscina.
— Ah, eu adoro, porque satisfaz um desejo de infância. Quando era criança morei no interior e não tínhamos piscina em casa, mas havia um tanque natural em uma das propriedades vizinhas. Eu ficava observando de longe as crianças nadarem e brincarem juntas... parecia divertido.
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A Grande Farsa
Chick-LitVictor Araújo cresceu assistindo o casamento de seus pais se tornar o melhor exemplo de amor duradouro que poderia ter e acreditava que tinha encontrado sua alma gêmea na melhor amiga da sua irmã, sua primeira e única namorada, a bela Cristine. Quan...