Capítulo VII

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― OK. Mas não vamos usar isso tudo...

― Claro que não! ― Maia sufocou um grito. ― Certo... você tem um isqueiro?

― Você não tem?

― Não! Por que eu teria? ― Victor balançou o pacotinho no ar, levantando as sobrancelhas sugestivamente. ― Eu não fumo!

― Mas por que droga... ah, deixa pra lá, vou na cozinha pegar um. Segure isso aqui, se eu me bater com alguém no caminho não tenho como explicar um pacote de maconha...

― Não demore.

Victor fechou a porta do quarto delicadamente, olhando para ambos os lados do corredor antes de seguir até a cozinha. Sabia que os pais guardavam isqueiros em alguma gaveta por ali, eles viviam perdendo quando iam montar fogueiras na praia, então compravam aos montes. Depois de muito fuçar, sorriu satisfeito quando encontrou o que procurava. Escolheu um de embalagem verde escuro, porque lembrava a roupa que Maia estava usando, e tratou de fechar a gaveta quando uma voz conhecida o fez pular.

― Vito? O que faz aí?

Era Cristine.

― Hmm. Nada. E você?

― Vim beber água... você parece nervoso, está tudo bem?

― Sim! Claro que está! ― respondeu rápido demais, segurando apertado o isqueiro com a mão atrás das costas.

― Se você diz... ― ela sorriu e ele retribuiu, com um sorriso grande demais. ― Não imaginava que estivesse namorando, não nos falamos há tanto tempo...

― Pois é. Não nos falamos mesmo. ― Victor parecia um pouco perdido e confuso, não entendia o que Cristine queria dizer com isso e consequentemente, não sabia a melhor coisa para falar.

― Ainda mais alguém tão... diferente.

Victor sentia uma gota de suor prestes a escorrer por sua testa, pensou em enxugá-la com a mão, mas temeu que levantasse a mão errada e mostrasse o isqueiro. Era por isso que ele não fazia coisas ilegais, ele não aguentava o tranco. Ainda mais com Cristine o olhando assim. O que ela vai pensar de mim?, se questionou ele, em silêncio.

― Diferente? ― tossiu. ― Diferente como?

― Ah, você sabe, ela não se parece com...

― Com você? ― perguntou ele, finalmente mais atento à conversa. Mas antes que ela pudesse responder, outra voz chama sua atenção e ele suspira aliviado.

― Amor? Cadê você? Você demorou... ― Maia surgiu na cozinha e abraçou Victor por trás, fingindo surpresa ao ver Cristine ali. ― Ah, oi... hmm, Cíntia..., não... Cris...

― Cristine. É Cristine. ― disse a mulher loira.

― Isso! Me desculpe, eu sou péssima com nomes. Amor, você vai trazer o leite condensado ou desistiu de nossa brincadeirinha? ― Maia se aproximou do rosto dele e deixou que seus narizes se tocassem, antes que suas bocas dançassem juntas sussurrou contra sua pele: ― Quero matar a saudade... e essa fome em mim.

― Não desisti, não. ― riu sem graça e passou o isqueiro para a mão de Maia, antes de alcançar o armário alto e pegar uma caixinha de leite condensado, balançando-a no alto, como fizera minutos antes com o saquinho. Maia sorriu e o puxou pelo braço de volta ao corredor.

― Boa noite, Cristine. Nos vemos amanhã? ― disse Maia, sorrindo simpática.

― Claro! ― respondeu, entusiasmada demais, fechando a cara quando o casal desapareceu de vista.

A Grande FarsaOnde histórias criam vida. Descubra agora