Victor Araújo cresceu assistindo o casamento de seus pais se tornar o melhor exemplo de amor duradouro que poderia ter e acreditava que tinha encontrado sua alma gêmea na melhor amiga da sua irmã, sua primeira e única namorada, a bela Cristine. Quan...
Era um sábado quente em Salvador, como de costume. Victor encarava a TV de forma inexpressiva, não enxergava nada de fato. A notícia que acabara de receber quebrara suas pernas, o deixara parecendo um garotinho perdido da mãe no supermercado, um cachorro que caiu da mudança... Estava tão absorto que não viu seu amigo Danilo entrar no apartamento e se jogar no sofá ao seu lado, pronto para começar os trabalhos, estava doido para testar o novo Mortal Kombat.
— Ah, cara. Cadê as cervejas? Vou lá buscar. — apenas quando voltou com duas long necks Budweiser percebeu a cara de morto do amigo. — Vito... alguém morreu, cara? — sem resposta. Apenas o som do mundo lá fora preenchia o espaço. Danilo pegou uma almofada e esbofeteou a cara de Victor sem dó nem piedade. — Responde, porra.
— Pra que isso, Danilo? Tá louco?
— O único com cara de demente aqui é você. Toma essa cerveja e abre o bico.
— Mainha acabou de ligar. — deu um longo gole no líquido gelado, deixando que escorresse por sua garganta e amenizasse o calor, antes de continuar. — Jaqueline está noiva.
Danilo quase cuspiu a sua cerveja fora com o impacto que a notícia causou nele. Noiva? Como? Pigarreou e voltou seu foco para o amigo.
— E é esse o motivo de sua tristeza? Saber que sua irmãzinha vai casar antes de você? Não é uma competição para saber quem vai ter o seu "felizes para sempre" primeiro, sabe?
— Dá um tempo... mainha tá eufórica com a novidade e resolveu organizar uma festa de noivado para a Jaque, na nossa casa na praia. Você a conhece, provavelmente vai chamar umas 300 pessoas.
— Sim. E?
— Decidiu programar uma semana idílica apenas para os mais próximos, onde dividiremos a residência e agregaremos o noivo dela à nossa família antes da grande festa. — seu tom de voz parecia imitar o anúncio que ouvira da mãe pelo telefone, mais cedo.
— E nós dois estaremos lá.
— Sim.
— Assim como a melhor amiga de sua irmã.
— Sim. — suspirou.
— Faz dois anos, mano. Supera.
— Eu a amo, Danilo. Não dá apenas para esquecer. Você não entende porque nunca amou ninguém como eu amo a Cristine.
Danilo decidiu virar mais uma vez a garrafa, para que a cerveja mantivesse sua boca ocupada e não o fizesse responder àquele comentário. Precisava estar seguro para voltar a falar.
— Ela te largou por um empresário ricaço, tá vivendo a vida dela numa boa, acho que você deveria fazer o mesmo. Sair, pegar alguém, se divertir...
— Eu não sou assim. — contestou.
— Certo. Esse cara aí sou eu. Mas você nunca vai encontrar um novo amor se não conhecer ninguém. Passar seu tempo livre jogando PS4 e bebendo cerveja comigo é um pouco deprimente.
— Então passa minha cerveja pra cá... — tentou arrancar a garrafa da mão de Danilo, mas acabou levando um empurrão no ombro.
— Sai, mané. Isso aqui me pertence agora. E já estou indo pegar mais, tá na hora de experimentarmos essa belezura de jogo.
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— Uma semana debaixo do mesmo teto, mesma atmosfera íntima... ela pode perceber que ainda me ama. — começou Victor, enquanto usava seu Kano para desferir um forte golpe no personagem de Danilo.
— Você é um cagão, Vito, isso sim. — revirou os olhos e finalizou a partida usando o combo "shaolin-nunchaku" do Liu Kang, destruindo seu oponente. — Você vai aparecer por lá, com essa cara de babão, lambendo os pés da Cristine e acha que ela vai voltar pra você?
— Eu não faço essas coisas...
— Se quiser despertar alguma coisa naquela megera...
— Ei, cara! — interrompeu.
— Se mostre por cima da carne fresca. Indiferente. Mostre que superou ela.
— Se eu mostrar isso como ela vai saber que ainda a quero? — sua testa enrugou em confusão.
— Não devia ter se aninhado com sua primeira namorada, cara, agora tenho que te ensinar tudo. — bufou e foi para a cozinha pegar mais cerveja, com Victor em seu encalço. — Ela tem que achar que te perdeu para querer te ganhar de novo. É assim que funciona. Desperte nela um instinto possessivo ao ver seu carneirinho comendo em outros pastos.
— Vou fingir que não ouvi essa última parte... E como faço isso?
— O clássico dos clássicos: arrume alguém. — ele pareceu não entender e Danilo lhe entregou uma nova cerveja. — Leve sua namorada com você para a semana em família. Esfregue uma mulher incrível na cara da Cristine. Mostre que você não só a superou como está em outra bem melhor.
— Cê tá louco, cara? Eu não tenho namorada.
— Ah, Vitinho... — gargalhou — Pode deixar comigo... Sinceramente, não sei o que você faria sem mim.
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Notas:
Kato e Liu Kang: personagens do jogo Mortal Kombat.