Victor Araújo cresceu assistindo o casamento de seus pais se tornar o melhor exemplo de amor duradouro que poderia ter e acreditava que tinha encontrado sua alma gêmea na melhor amiga da sua irmã, sua primeira e única namorada, a bela Cristine. Quan...
Danilo escorava o amigo de infância pelos ombros, enquanto tateava a parede do apartamento em busca do interruptor. Finalmente, pensou ele, quando a sala ficou iluminada.
― Meus olhos, meus olhos!!
― Vito, pelo amor de Deus, me economiza. ― suspirou.
Os dois quase tropeçaram na mesa de centro no meio da perigosa manobra que Danilo realizou ao jogar o corpo do amigo no sofá.
― "Você foi a culpada desse amor se acabar". ― cantarolou Victor, grogue. ― "Você que destruiu a minha vidaaaa!".
Danilo observava a cômica cena em silêncio, balançando a cabeça em negativa enquanto retirava os sapatos do moribundo homem largado no sofá.
― "E me deixou num beco sem saídaaaa... por favor, não implora, porque homem não choraa!" ― o final da música se perdeu, pois ele começara a chorar.
― Vito...
― Por que ela me largou, Danilo? Estávamos juntos desde sempre, pensei que fôssemos nos casar.
― Você está bêbado demais para termos essa conversa. ― foi até a área de serviço e voltou com um balde, colocando-o próximo ao sofá.
― Eu não tô bê-bado! ― retorquiu Victor.
― Claro que não, mano. ― sorriu. ― Josias deve estar limpando seu vômito no bar até agora.
― Ah não... ― falando em vômito, seu corpo se contorceu e um jato amarelado com odor punjente atingiu o balde perfeitamente posicionado. Danilo se felicitou por ter acertado o ângulo.
― Preciso ir, cara, trabalho logo cedo hoje. Vou deixar uma garrafa d'água aqui perto. Vomite, se hidrate e levante a sua bunda solteira do sofá.
― Por que a Cristine fez isso comigo? ― choramingou novamente, limpando a boca na manga da camisa de linho.
― Se você não estivesse na fossa te daria um tapa bem dado na sua fuça.
― Por que? ― tentou se levantar, mas seu mundo girou e sua cabeça voltou a encontrar a almofada do sofá.
― Porque você é burro, cara. Se eu fosse você estaria agradecendo pelo livramento, jogando flores para Iemanjá... Não vomitando as tripas fora por uma mulher que te fazia de cama elástica...
Mas ele não estava mais ouvindo, caíra no sono com a boca aberta, emitindo um leve chiado que preencheu o cômodo com algum ruído.
― Talvez agora você possa ser feliz de verdade, seu asno.
Riu baixinho e fechou o apartamento ao sair.
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