My Daddy

5 Mil e Drive-In.

Capítulo 9.

Quando aqueles marginais vão embora Lucas cai pesado no sofá, branco feito um papel. Nunca tinha o visto daquele jeito; como um menino indefeso, e isso me deixa sem reação. Que merda havia acontecido?

Passo alguns consideráveis minutos ali em pé, travada, sem ao menos piscar. Droga, Evelyn...

Observo sangue escorrendo do seu nariz e aquilo me desperta. Ele precisa de mim. Saio correndo em direção a cozinha, procurando onde eu sabia que haveria pano limpo. Levo-o até a pia e o molho com água, voltando em seguida até a sala e me sento ao lado de Lucas.

- Você precisa ir embora, Evelyn. Ainda dá tempo de se livrar disso. - ele geme. Talvez esteja até chorando, fazendo careta de dor. - Por favor, apenas me deixe... - sua voz falha. Passo o pano molhado em seu rosto, o ignorando.

- Cala a boca, porra. - apesar do palavrão, digo baixinho e sem grosseria. Olho seus ferimentos faciais com cuidado. Ficaria marcas, mas não seria preciso um médico. - Por que se meteu nessa merda, Lucas? Eu pensei que tínhamos combinado de ficarmos longe das coisas pesadas. - me permito olha-lo no olhos, finalmente vendo o estado que meu amigo estava; desolado.

Minhas palavras parecem quebrar algo dentro dele já que o mesmo desaba em lágrimas, jogando a própria cabeça no meu colo. Porra, porra, porra. Cadê o melhor amigo? Forte, confiante e descolado? Quem é esse cara? Demoro um pouco até eu ter reação e acariciar o seu cabelo bagunçado.

Lucas e eu conhecemos a The Doll House praticamente juntos. Eu tentei trabalhar lá também, mas ele sempre me aconselhou que não, que aquilo não era lugar para mim; que eu tinha uma mãe e não precisava me sujeitar a trabalhar para todos aqueles homens sujos, enquanto ele não tinha ninguém e nem nada. Eu sempre o escutei. Fumei o meu primeiro cigarro com ele, bebi pela primeira quase todas as bebidas com ele, transei pela primeira vez com ele... Ele sempre foi bom para mim, alguém que eu pudesse me espelhar. Falávamos que iríamos conquistar o mundo, mas sem nos envolver em algo que pudesse nos matar. E aqui estamos...

- Ela me deixou, Ev... - ele esbraveja ainda chorando, escondendo o rosto, mas dava para escutá-lo perfeitamente.

Sinto minha cabeça esquentar. Toni. O que aconteceu com ela? Eles pareciam felizes e formavam um casal bacana. Ela é jovem, linda, madura, ambiciosa. Sempre cuidando do Lucas quando voltavam de alguma festa e ele exagerava no álcool ou na maconha. O sorriso dele era largo quando ela estava por perto. Ele se tornava outro ser humano; mais leve, limpo e dedicado. Não pensei que eles iriam dar errado.

- O que houve? - finalmente pergunto temendo por tudo aquilo. Eu não sabia que o Lucas era um viciado. Aliso seus cabelos de qualquer jeito, com meus dedos trêmulos por tá vendo-o naquele estado deplorável.

- Ela foi embora! Simplesmente foi... - ele soluçava sem parar, me deixando totalmente sem jeito. Caramba... Homens conseguiam ter toda essa sensibilidade? - Toni me deixou, Evelyn! Ela simplesmente me deixou! Dá para acreditar? Ela se foi.

Não sei por quanto tempo ficamos ali com Lucas se desmanchando em lágrimas no meu colo, enquanto eu tentava dar o meu melhor. Eu não sou boa nisso; em consolar alguém, dar conforto, falar as melhores palavras. Apenas não sei lidar.

Mas independentemente de qualquer coisa, eu permaneci. Ele precisava de mim e não tinha mais ninguém aqui, ninguém por ele. Seu corpo ainda está tóxico, ele perdeu a garota que gosta e para completar está devendo dinheiro a um traficante. Eu tinha que dar um jeito nessa bagunça.

[...]

Minutos consideráveis haviam passado em um silêncio total, talvez apenas o barulho do choro de Lucas acompanhando ao fundo. Deixei ele confortável para falar alguma coisa se quisesse, não o forcei. Enquanto isso me permiti pensar sobre o meu dia; a briga no colégio com o Scott, eu tendo que ajudar David para não tomar uma suspensão ou algo pior, meu novo apartamento, descobrindo que Sullivan é um cara legal, assim como Lucas.