Todos os nós.

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Pela primeira vez, eu não desejei contar os minutos. Preferi que naquele instante, o tempo parasse e que não houvesse nada além da minha boca, sobre os lábios de Chanyeol. Conforme eu o beijava, as mãos do boxeador prendiam a dele, me provando que o sonho que havia tido com ele, não passava de um ridículo beliscão perto de todas as acopladas reações que ele era capaz de me causar.

Ao me sentir ofegante, pausei o beijo, descansando minha testa no ombro do lutador enquanto sentia a respiração dele bater contra meu cabelo, tão ofegante quanto a minha. Aproveitei que os braços de Chanyeol me apertaram e me encolhi contra ele, permitindo-me sentir protegido. Ele mostrou ser meu esconderijo e caramba, eu nunca havia me sentindo assim antes.

Eu queria me amaldiçoar por ter pensado que ninguém pertencia a nenhum lugar, a nenhum destino, a nenhum amor, sendo que na verdade, eu estava começando a experimentar do meu próprio veneno. Eu me senti como se pertencesse a um lugar. Ao abraço de Chanyeol.

— Você tem duas escolhas. — De repente o boxeador ditou.

Continuei o ouvindo atentamente.

— Continuar aqui, escondido do mundo ou sair e enfrentar ele.

— Isso soa como propaganda eleitoral. — Sorri de lado e Chanyeol deu um riso abafado.

— Não seja idiota, eu estou falando sério.

— Só mais dois minutos. — Ergui minhas mãos e abracei Chanyeol, acariciando suas costas e deixando minha cabeça deitar um pouco abaixo do ombro do maior, mostrando o quanto era desproporcional nossas alturas. Fechei os olhos e fiquei ali, por cento e vinte segundos pertencendo a Chanyeol.

Quando saímos do banheiro, inúmeros olhares nos acertaram, julgando-me dos pés a cabeça, como se eles possuíssem esse mérito. Eu sabia o que pensavam. Como alguém como eu, tão catastrófico, iria reinar todo um império construído de corrupção e ganância? Mas bem, eles se mantinham fortes como rochas até então, por que eu não poderia destruí-los ao menos pelas beiradas?

O boxeador estava me guiando até a saída até que ele mudou de rumo e se direcionou até o palco, onde alguns músicos tocavam algumas melodias apenas para dar um ar de elegância à celebração. Pediu a todos que pausassem a música e pegou o microfone, sorrindo torto quando todos deram a devida atenção ao que ele estava pronto para dizer.

— Acho que não preciso me apresentar, certo? — começou — Imagino que a maioria de vocês já tenha apostado em algumas das minhas lutas, e bem, como sempre, acabaram ganhando. Não precisam me agradecer por isso. — Sorriu sacana. — O Senhor Byun sabe muito bem que sempre que eu vou a esse tipo de festa, acabo voltando com meu rosto na primeira página do jornal, numa nova fofoca que jornalistas costumam escrever as versões do que viram, com os pés. Mas, como essa é uma celebração privada, eu não preciso me preocupar com isso, certo?

Pisquei rapidamente. O que raios ele estava tentando dizer? Era óbvio que quando se tratava do filho único também conhecido como herdeiro de toda a riqueza da família Byun, era mais que evidente que há essa hora eu estaria longe, correndo pelas ruas, sem me importar com os objetivos de meu pai. Mas quando se tratava daquele corpo lotado de tatuagens que conseguia apenas com um olhar, conquistar qualquer que fosse a atenção, eu não sabia muito bem o que esperar.

— Eu nunca fui um santo, acho que mesmo tentando, seria muito chato ser um. Só que quando estou no meio de pessoas influentes como vocês, percebo que não sou tão lamentável assim.

Os murmúrios vieram de todos os lados, o olhando como se Chanyeol estivesse os lançando palavrões de um jeito educado.

Receoso, o vocalista que estava junto com a banda, surgiu na visão do boxeador e tentou tirá-lo o microfone, porém, o lutador era mais alto e mais ágil que o coitado e não obteve muito sucesso, claro.

CLINCH | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora