Flamejantes á ouro.

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Nós colecionamos medos, afinal, somos humanos. Qual seria a novidade em admitir isso? É pelo tamanho da intensidade que nos julgamos mais capazes do que outras pessoas para conseguir reger essa proporção em nosso interior. E eu precisava de um termômetro de emoções, ou em pouco tempo, acabaria sendo dominado completamente. E bem, eu já tomava decisões impensáveis até demais para me entregar assim tão facilmente.

Durante aqueles segundos, o silêncio foi perturbador. Ele estava estático e totalmente pálido com minha pergunta. Não tinha como esperar uma reação diferente, afinal, todos nós temos segredos.

— Responda, Chanyeol! Você está doente?

O boxeador se aproximou de mim, retirou o jornal á força de minhas mãos, o analisou e logo depois me encarou com os olhos semicerrados.

— Acredita mesmo nisso aqui? — Balançou o jornal em minha direção e logo depois o jogou no chão, aparentemente exaltado. — Por que precisa da minha resposta se acredita no que pessoas que mal me conhecem, dizem?

— Chanyeol... — Desviei o olhar, não queria que ele percebesse que eu estava abalado.

— Você sabe o motivo por eles estarem curiosos sobre minha saúde? — Seu corpo se aproximou de mim. — Eles só estão interessados em saber se terá uma próxima luta, mais oportunidades de encherem os bolsos de dinheiro. É isso que pensa de mim também? Um objeto de fazer dinheiro?

Balancei a cabeça negativamente, discordando daquelas perguntas injustas lançadas diretamente pra mim.

O empurrei para longe, Chanyeol resmungou quando passei por ele e corri para o banheiro, afinal, não tinha outro lugar para me esconder naquele momento, a não ser lá. O salão de treinamento estava inteiramente cercado por fotógrafos e jornalistas, seria arriscado demais fugir pela única saída.

Fechei a porta do banheiro atrás de mim, sem me importar com o barulho que recorreu. Minutos depois, Chanyeol bateu na porta. Eu já estava com os olhos vermelhos por conta das lágrimas e a cintura apoiada na pia do banheiro.

— Baekhyun, saía daí, vamos conversar.

Não respondi, sabia que se caso fizesse isso, minha voz embargada me entregaria. Mais batidas rápidas na porta sucederam, a fechadura foi forçada algumas vezes.

— Droga, Baekhyun! Abra essa porta.

Os soluços começaram, meus dedos apertaram a pia do banheiro e meus olhos se pressionaram enquanto o choro escorria pelo meu rosto. Eu não estava chorando apenas pela algazarra que se passava em minha mente, mas pela culpa do medo que me exprimia também. Ninguém nunca tem coragem o suficiente para se jogar em sentimentos, talvez seja por isso que acabamos nos afogando na maioria das vezes.

— Eu não vou dizer outra vez. Você... você está me assustando, Baekhyun. Um, dois...

Abri a porta num supetão e Chanyeol quase tropeçou em mim.

— Três. — Ele completou, sem graça.

— Gostou do que sentiu? — O fitei, desafiador. — Eu me sinto exatamente assim, preso ao que você não me diz. Kris se sente assim também. — Sim, eu estava com o tom exageradamente exaltado ecoando pelo salão, mas, foda-se! — Então não minta pra mim, porra! Eu não sou tão forte como ele foi todo esse tempo.

Chanyeol ficou quieto, talvez estivesse surpreso com minhas palavras. Piscou algumas vezes e respirou fundo.

— Pegue o capacete, vamos dar uma volta. — Saiu de perto de mim, capturando a chave da moto no balcão.

— Espera! E os jornalistas, eles...

— Dane-se eles, Baek! Não quer descobrir a verdade?

Assenti.

CLINCH | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora