Na ponta dos pés.

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Graças aos treinos de boxe cada vez mais intensos, eu estava naquela situação precária que se resumia a todos os dedos das minhas mãos estarem enrolados com curativos e avermelhados por conta dos golpes que eu estava aprendendo. Meu cabelo — que era a única coisa sempre ajeitada em meu corpo — agora estava espalhado para todos os lados, com as pontas ressecadas.

E o culpado se resumia á Park Chanyeol, o nome que eu sabia que se resolvesse contar a alguém, alegando se tratar de meu treinador de boxe, muitos não acreditariam em minha palavra e me julgariam como um adolescente alienado. E era justamente por isso que eu preferia ficar no meu canto, na mesma carteira de sempre, vislumbrando a paisagem pela janela daquele colégio tedioso.

O relógio ainda não tinha marcado o horário para que todos entrassem para suas devidas salas, e foi exatamente o que aquele boxeador me aconselhou — ou devo dizer, me obrigou a fazer — que foi chegar cedo o suficiente para não ser pego por Sehun e sua provável vingança que estaria disposto a colocar em prática já que há semanas eu estive faltando e fugindo de seu olhar furioso. Mas logo, sua ausência não se fez mais presente, mas sim, o sorriso convencido de lado cumprimentado á todos os alunos populares que surgiam em sua visão.

Abaixei o olhar quando se aproximou o suficiente para notar minha presença e suspirei fundo, tentando dispensar o pensamento de que logo ele estaria em minha carteira me lotando com implicâncias.

— Ora, ora! Se não é o nosso desaparecido Baekhyun.

Dito e feito! Lá estava a risada debochada e o olhar vidrado em cada reação de meu corpo.

— Você anda faltando demais, não acha? Aposto que é por causa daquele seu namoradinho limpador de lua.

Os capangas ao seu lado riram do apelido. Sempre tão criativo esse Sehun.

Continuei em silêncio, sabia que era exatamente o que mais o atingia: o meu silêncio.

Sehun estalou a língua e sem que eu esperasse por aquilo, pegou meus dedos e ergueu até sua visão, julgando meus curativos enquanto apertava minha mão. Aquele toque me fez ficar em alerta, virei meu rosto praticamente no mesmo segundo, desejando entender suas intenções.

— Que merda é essa? — Ele me questionou, fitando meus olhos confusos. — Aquele idiota está batendo em você?

Ri soprado de sua curiosidade. Ele estava começando a me dar nos nervos. Como se não bastasse Chanyeol e sua dupla face, agora Sehun também havia resolvido passar de violentador á alguém preocupado com minha vida pessoal? Qual era o problema com o mundo?

Retirei meus dedos da mão do moreno á força, escondendo debaixo da carteira e desviando meu olhar dele.

— Não é da sua conta o que acontece ou não na minha vida, Sehun. Acha que ele é igual você? — Forcei um sorriso. — Que machuca alguém que um dia disse que amava?

Todos à sua volta pareceram serem atingidos por um balde de água fria e eu sabia que aquela declaração acabaria acarretando uma boa fofoca pelos corredores. Não que eu já tivesse sido bem falado alguma vez.

— Você... — Me puxou pelo colarinho de minha blusa e ergueu para cima, me fazendo ficar de pé e fitá-lo de perto por conta de sua força. — Está louco? O que deu em você? Tomou alguma injeção de coragem e resolveu inventar bobeiras?

Eu conseguia sentir seu hálito bater contra meu rosto e até o mesmo a ardência de seus olhos como se a qualquer momento fossem me fuzilar.

— Eu só cansei de pisar em cacos de vidro.

Ele se mostrou desentendido.

— Quer saber? Ele tem toda razão.

Sehun arregalou os olhos, engoliu seco e deixou que eu terminasse.

CLINCH | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora