As palavras que nos sufoquem.

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Confesso que a pior parte de treinamento de boxe não eram as dores intensas depois dos inúmeros exercícios, mas sim a loucura que era em ter que assistir Park Chanyeol estar todo soado e com os músculos em movimento, a todo o momento gemendo e ofegante enquanto levantava pesos em minha direção.

Eu ainda estava me acostumando á treinar com os demais aparelhos. Era complicado voltar tarde da noite para casa com a dor mastigando minhas pernas e as costas rogarem para se jogarem logo numa cama macia.

Sehun havia tirado alguns dias de folga, na verdade eu tive que insistir muito para que ele o fizesse, sentia que estava o atrapalhando de viver sua própria vida, e acho que não precisaria castigá-lo pelas coisas que ele havia me feito uantes, eu havia o perdoado de coração e não seria o devolvendo com chamadas o dia inteiro para que viesse me buscar que eu conseguiria apagar o passado, afinal, Sehun também havia sido importante para que eu chegasse até onde eu estava agora.

Era uma manhã bastante ensolarado em Berlim, eu conseguia ver pelas frestas da única janela do salão o quanto estava quente.

Chanyeol treinava em silêncio de um lado e eu de outro levantava um peso acima de mim, deixando os arfares saírem seguidamente por entre meus dentes. O teto era minha única visão e minha audição captava o barulhinho de ferro sendo encostado contra o chão a cada segundo por Chanyeol que possivelmente o levantava.

Suspirei fundo quando o peso tocou em meu peito e soltei o ar quando o levantei para cima novamente. Na trigésima vez que o fiz, decidi colocá-lo de volta ao encosto. Ajeitei a regata nos ombros, esta que ficava em demasia caída sobre meu corpo, além do mais, Chanyeol havia me emprestado algumas de suas roupas durante todas aquelas semanas de treino. Eu não contava mais quantas regatas havia pegado, talvez passasse mais tempo ali entre quatro paredes com o boxeador do que em minha própria casa pensando se deveria ou não aceitar a empresa de meu pai. Mas bom, talvez pensar demais não me arrecadaria o corpo que se tornava saudável e a energia que eu jamais havia experimentado antes possuir.

Chanyeol parou os movimentos assim que eu joguei meu corpo para cima e fiquei sentado no banco. Levantei meu olhar aos poucos até ele e sorri de canto assim como na maioria das vezes eu tinha costume em fazer quando ele terminava com os exercícios, era quase como um código de que ali era até onde eu conseguia irl. Meu limite na verdade começava quando o coração começava a bater freneticamente, bombardear saudade, já ouviu falar? É praticamente a pior forma de ter um ataque de ação, de levantar e sair correndo, de cair no colo de Chanyeol e beijá-lo sem parar, de exigir por algo que eu não tinha direito nem em pedir licença para possuir.

O lutador não sabia o que aquele meu sorriso queria dizer, mas eu sabia que era de fadiga, de cansaço, de muita contagem de dias, de palavras jogadas no ar e camufladas entre pensamentos.

Levantei-me aos chiados provando minha exaustão, arrastei-me até a corda enrolada ao lado do ringue improvisado e Chanyeol se levantou para vir em minha direção.

― Pés afastados, queixo erguido e braços afastados do corpo. ― Chanyeol ditou ao se aproximar de mim, mexendo as mãos enquanto dava sua ordem ― Sem errar dessa vez, combinado? ― A sobrancelha direita estava arqueada, é, com certeza isso era o que mais me irritava nele!

― É sério que espera que eu seja perfeito nos pulos quando estou á horas me exercitando? Deveria ter me mandado fazer isso quando cheguei, pelo menos assim teria mais disposição para seguir suas regras, capitão.

Chanyeol tentou esconder o sorriso, mas sem êxito acabou assoprando o ruído.

― Não seja um fracote, estamos nisso á dias, deveria estar se acostumando.

CLINCH | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora