À força, às 06:00 da manhã me jogaram para dentro do carro. Obviamente que não parei de me debater e tentar fugir nem por um segundo dentro daquele automóvel. Eu estava sentindo-me nervoso com a expressão rude de meu pai sentado na minha frente, virado o tempo inteiro em minha direção e com um sorriso irônico de lado, como se ele fosse a pessoa mais calma do mundo, se divertindo com minha desgraça.
Meus olhos ainda inchados e profundos por conta da noite mal dormida se misturavam com a púrpura dos socos que havia recebido no dia anterior. Meus fios negros estavam todos bagunçados e meu moletom azul escuro surrado era acompanhado por minha calça jeans preta que eu insistia em usar.
O Senhor Byun analisou meu estilo como um jurado profissional, me repreendendo apenas com o olhar.
― Isso é o que você considera como apresentável? ― Riu debochado com o dedo indicador batendo contra sua própria barba bem feita.
Bufei impaciente e deixei que apenas os suspiros altos servissem como resposta suficiente para o passeio indesejado de minha parte.
Chegamos a um grande salão que tinha os dizeres "CTBA - Centro de Treinamento de Boxe da Alemanha" escritos em três línguas diferentes: alemão, inglês e coreano. As pontas da placa estavam todas acobertadas de vermelho e ferrugem.
O motorista abriu a porta ao meu lado e pediu educadamente que eu saísse. Fingi não tê-lo escutado e meu pai me olhou torto.
― Astuto rebelde, saía de uma vez! ― Me empurrou para fora do automóvel e eu apenas o fiz para segundos depois tentar sair correndo como um trapaceiro inteligente. No entanto, quando consegui me afastar do veículo, senti meu corpo ser colidido contra outro bem mais alto e firme que o meu.
― Chegou bem na hora, isso é admirável, garoto. ― Ouvi-lo dizer.
Levantei o olhar e deparei-me com o lutador me fitando com um sorriso simplista nos lábios.
Diferente de quando o vi pela primeira vez, ele possuía mais piercings que o normal, já que na luta, provavelmente não fosse permitido usar aqueles acessórios metálicos. O piercing em sua narina e no lábio inferior era o que mais me irritavam visualmente. Por sorte minha, ele estava mais vestido também.
Chanyeol levantou uma sacola até minha visão e a chacoalhou de um lado para outro.
― Seu café da manhã.
Revirei os olhos e quando ousei driblá-lo e continuar com minha fuga, o Senhor Byun se aproximou de nós dois, com aquele aspecto de pouca humildade e colocou uma de suas mãos sobre meu ombro, apertando-me para que eu não o fizesse passar nenhuma vergonha.
― Ele pode ser um pouco difícil no começo, mas... é um bom garoto. ― Bagunçou meu cabelo e eu o lancei uma expressão insatisfeita.
― Não se preocupe, Senhor Byun, nada nesse mundo é tão difícil a ponto de ser impossível. ― Sorriu e fitou-me com o olhar competidor no qual tinha habilidade.
Eu apenas desejava gritar àquele lutador de quase dois metros de altura, que eu não era mais uma de suas lutas no ringue. Eu era apenas alguém que tentava buscar não ser o centro das atenções o tempo inteiro, que desejava ser apenas o Baekhyun, não o herdeiro de toda a carreira financeira que meu pai havia construído como um império.
O lutador convidou para que entrássemos com ele no enorme salão, lancei um olhar suplicante ao meu pai para que ele desistisse daquela ideia enquanto ainda havia tempo, porém, ele me ignorou e começou a acompanhar o lutador. Enquanto Chanyeol abria o portão e o barulho irritante de ferro velho ecoava pelo ar, meu pai me puxou pelo braço e sussurrou:
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CLINCH | ChanBaek
RomanceO nome sempre repetido pelos torcedores era o mesmo, Park Chanyeol, o melhor lutador de boxe da atualidade. Era óbvio que eu me lembraria de suas inúmeras tatuagens, de seus olhos intensos e de sua atitude convencida. A tentativa de ir contra todo a...