Dividindo-se.

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Chanyeol abriu a porta e quando seus olhos se depararam com os meus, deixei nítido pelo ar que saía com dificuldade de entre meus lábios e o suor que escorria do meu rosto, o quanto eu estava cansado de correr.

Era revigorante tê-lo ali, apenas alguns passos á frente de mim, se afastando pro lado só para me dar passagem para que eu pudesse entrar. Saber que o boxeador esteve me esperando, que saberia acima de tudo que eu não chegaria por inteiro, era tranquilizante. Era sempre assim, eu sempre voltei para que ele pudesse me concertar aos poucos, pegar cada pedacinho do chão e montar cada coisa em seu devido lugar.

O maior sorriu de canto. Ele sabia que eu estava em problemas, além do mais, se tratava de Byun Baekhyun, alguém nascido e destinado a sempre ser a confusão em pessoa e ainda que indiretamente, procurar entrar em outras novas.

— Posso entrar?

Ele riu soprado.

Meus cabelos estavam bagunçados. Eu tinha um pote de vidro com um peixinho dentro e praticamente cambaleava por conta da exaustão. Resumindo, eu estava parecendo uma piada ambulante.

— É melhor que faça isso logo, antes que achem que um mendigo invadiu o hotel — respondeu entre os sorrisos.

Passei pelo lutador, coloquei o pote em cima da mesa no centro da sala e me joguei no sofá, esticando meu corpo e agradecendo mentalmente por estar deitado em algo macio depois de minutos torturando meus pés.

— Pelo menos está vivo, isso é um bom sinal — comentou sentando-se no chão e encostando-se no sofá para me fitar de lado.

— Não comece com o deboche, estou mal-humorado. — Virei meu rosto contra o encosto do sofá e o silêncio respondeu pelo boxeador.

Segundos depois o ouvi se afastar e depois que voltou, me cutucou no ombro enquanto dizia:

— Precisa disso?

Levantei metade do corpo e peguei o copo da mão do boxeador. Ele me julgou enquanto estava agachado ao lado do sofá, me assistindo dar alguns goles longos de água.

— Você não cansa de fugir? — Chanyeol questionou.

Eu o acusei com o olhar.

— Eu sei! Também costumo fugir da imprensa, mas isso é diferente. Precisa encontrar uma forma de lidar com seu pai de uma vez por todas, Baek. — Ficou pensativo até continuar. — Lembra-se do dia em que saí de manhã e não te contei para onde eu iria? Eu fui a pedido do seu pai, na casa dele. Achei estranho, mas se não aceitasse ficaria ainda mais óbvio que você estava comigo. E advinha? Seu pai acha que eu te sequestrei... de verdade.

— Como assim? Por quê?

— Porque você ainda é menor de idade, desapareceu da casa dele do nada e ainda está escapando de seu dever como herdeiro. E convenhamos, eu sou o cúmplice perfeito para um adolescente rebelde.

— Chanyeol — retruquei —, eu já ouvi demais por hoje. Por favor, não haja como meu pai, o.k.?

Ele suspirou alto e fitou os próprios dedos, enquanto alisava uma mão na outra.

— Desculpe, só estou preocupado com nossa condição.

Condição? É tão difícil assim que ele admitisse que nós estivéssemos a vários níveis de um relacionamento? Chanyeol insistia em ser orgulhoso, sempre guardando tudo para si, trancafiando seus sentimentos com uma senha de milhões de caracteres em hebraico. Era quase impossível descobrir seus segredos e isso me cansava. Por que todos ao meu redor tinham que esconder tantos segredos de mim?

— Ás vezes eu tenho vontade de te socar, sabia?

Ele riu.

— Quer ir treinar? Talvez isso te ajude a esvaziar a mente.

CLINCH | ChanBaekOnde histórias criam vida. Descubra agora