p r ó l o g o

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E R O S

Na primeira vez em que estive no Mundo Mortal, senti pena deles, dos mortais — aqueles que passavam tantos dias de feições emburradas, se bem que não muito diferentes daqueles que conhecia.

Muita pena.

Faltava emoção neles, o que eu até entendia, visto que lhes faltava poucos anos de vida, algo com que, felizmente, eu não precisava me preocupar — mas que infelizmente chegava a ser entediante. Anos todos passados trabalhando, tentando se sustentar. Vidas inúteis, que eu sinceramente não entendia a razão para existirem.

E fora por isso que me sentira na obrigação de ajudá-los. Além do mais, a vida lá em cima estava um tédio total, como dissera anteriormente. Descobrira minha diversão nesse Mundo, uma completa e prazerosa diversão. Fazia mortais se apaixonarem quase que instantaneamente e, para isso, tirava férias regulares do meu posto de filho perfeito, que era minha sombra constante.

No meio de toda essa diversão, começara a descobrir que estava errado sobre eles: os mortais eram extremamente divertidos. Com desejos principalmente voltados para minha especialidade: a luxúria.

Começara a me envolver de verdade com eles, deixando de lado o lance das flechas — não totalmente, já que ainda eram úteis para minha mãe. Eu dava a eles o que pediam. Drogas, festas, sexo...

Dessa vez, vinha a pedido da minha mãe.

Enquanto lia um jornal para me situar nos acontecimentos recentes, em uma cafeteria de esquina, uma silhueta se aproximava timidamente de mim, que estava sentado com uma perna em cima da outra. A direita, para ser mais preciso.

— Seu chá. — Uma garota mortal de cabelos loiros se aproximou de mim com meu pedido na bandeja, as bochechas coradas, a voz intimidada, me acordando do transe.

Lentamente, pus meus olhos sobre ela, que se esforçava na tarefa de me encarar. Eu entendia, afinal, quem não se esforçaria? Essa era a grande questão.

Modéstias não à parte, eu era incrível.

— Obrigado. — Digo, suavemente, provocativo.

Observei-a engolir em seco, sua garganta se movendo.

— De nada.

Abri um grande e malicioso sorriso, a fazendo ficar estática e com os olhos levemente arregalados. De súbito, ela subiu o olhar do meu sorriso para meus olhos e decidiu ir embora. O mais rápido possível.

Uma pena.

Ou não: dali, eu tinha uma ótima visão da sua bunda, redonda como dois melões.

E eu sabia que podia conseguir tudo que quisesse. Aquilo, em um simples estalar de dedos. Mas eu tinha coisas a cumprir.

Com o som abafado pela cidade de conversas animadas, bebi do chá enquanto a observava cruzar a porta do pequeno estabelecimento. As árvores ao redor pareciam chacoalhar com mais força por causa daquilo, como se um certo alguém estivesse me julgando de onde estava.

Não sabia que observar o grandioso charme das mulheres era crime.

De fato, virei para elas, aquelas criaturas lindas e indomáveis, verdes como esmeraldas. Respirei fundo, inspirando todo aquele ar fresco para dentro de mim. O sol aguado se entremeava por elas, amarelo como que uma transição entre a gema e a clara do ovo, já se pondo no oeste. Tudo que eu olhava lembrava eles. Nem mesmo ali eu tinha sossego total — a questão era: havia um lugar entre Mundos onde eu teria?

Respirei fundo.

Chicago, Illinois, era onde se encontrava minha missão.

Uma cidade charmosa, cheia de prédios, canais e um lago imenso. Nuvens cinzas pairavam acima, quase encostando nos seus arranha-céus. Por um instante, pensei que seria um ótimo lugar para minhas pequenas diversões. Estava ali havia somente dez minutos e já pensava sobre. O poder de uma grande cidade. Sabe, eram geralmente elas que mais me chamavam a atenção.

Terminei o chá, descruzei as pernas e me levantei da cadeira, largando o jornal com uma das mãos e invocando um dólar na outra, dentro do bolso do blazer do meu terno — gostava de estar devidamente apresentável para esse tipo de ocasião. Eu não estava naquele mundo para ficar observando árvores, tampouco estava de férias.

Estava ali para encontrá-la.

E tudo apontava para uma boate no fim da rua, às 19h de uma quinta-feira, em uma das zonas mais movimentadas de Chicago.

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olárrrrr!!! meu deus vcs nao tem noção do quão ansiosa eu to!!!!!!

estive guardando essa ideia desde abril desse ano e aaa

preciso muito muito de um feedback, vcs me ajudariam?

eu particularmente to gostando mto de como Eros tá ficando (o primeiro capítulo já ta escrito hehe), mas queria saber de vocês

bem, até novembro :)

se o livro atingir as 1k, eu libero antes!!!

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora