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"Amor, só vai mais rápido.
Se as coisas estiverem indo pro lado errado, é apenas um incidente.
Foi mal, nunca soube o que todos sabiam.
Mas você nunca vai se divertir enquanto estiver na limusine."

- BODY, Loud Luxury

P S I Q U Ê

Estava indo para a biblioteca devolver os livros alugados. Já tinha terminado de ler ambos no dia seguinte à noite das garotas. Era fim de tarde quando entrei no campus alaranjado da universidade. Não tinha nada de aula naquele dia, estava livre para fazer o que quisesse - beber martínis, talvez.

Ou ir dar uma volta na praia do Michigan.

Margot tinha aula e trabalho ocupando o dia todo, ou seja, podia fazer o que quisesse, só que sozinha.

Entreguei o livro para a bibliotecária, que me lançou um sorriso bondoso. Suspirei quando virei de costas para ela, dando uma olhada em volta da imensa biblioteca. Adorava o fato de que havia tantos livros perto de mim. A leitura costumava ser meu passatempo favorito. Por isso, rodei pelo estabelecimento, à procura de algo para ler.

Passei a mão pelas lombadas dos livros de uma estante no térreo, uma que era próxima àquela estante. Eu não fui até lá. Em vez disso, me obriguei a puxar alguns livros e folheá-los.

Encontrei um livro que se intitulava Os desejos da humanidade. Saí da biblioteca só com esse dessa vez, apertado contra o peito. Do corredor externo da universidade, olhei em volta do campus, procurando um lugar para ler. Nisso, meus olhos se depararam com uma silhueta conhecida, que se encontrava no fim do corredor, olhando diretamente para mim.

Os pelos do meu corpo se arrepiaram, ao passo que o mesmo se aqueceu instintivamente, uma sensação que estava havia uma semana sem sentir.

Eros lançou-me um sorriso divertido de onde estava, a talvez vinte metros de mim. Talvez achando engraçada a maneira que eu o encarava de volta.

Por que ele sumia tão de repente?

Era a questão que martelava na minha cabeça naquele instante. Não uma pergunta retórica, mas uma de que eu realmente queria saber da resposta.

Eros não se moveu. Continuou lá, escorado na porcaria da parede, como se tivesse todo o tempo do mundo. Então, fui obrigada a ir até ele - como se eu não quisesse tê-lo visto em todos os dias daquela semana.

- Olá, sumido - dei meu melhor sorriso quando ficamos frente a frente, nem longe demais, nem perto demais. Nos encontrávamos em uma zona de segurança. Pelo menos para mim.

Ele vestia roupas casuais novamente, o que parecia ser sua mais nova moda.

Eros se desencostou da parede de tijolos vermelhos e me olhou de cima a baixo, como se para recompensar aquela semana. Naquele instante, desejei uma boa festa, daquelas que você não volta sóbria para casa, nem consciente.

Esquadrinhei-o também. Eros parecia ser minha droga naquele momento, uma das fortes, daquelas que me manteriam bastante distraída. Como eu precisava dele, dos seus olhos e cheiro viciosos.

Nisso, ele diminuiu a distância entre nós em um passo.

- Agora é a resposta para a sua mensagem. Olhou muito para a tela do celular, princesa? - Inclinou sua cabeça como um cachorro fazia, debochado. Eu quis socá-lo. Se ele brincasse muito, acabaria se queimando. - Pelo visto, sim.

Eu fiquei séria.

- Tinha coisas mais importantes a fazer - hesitei.

Ele sorriu e olhou para o lado por um momento, as mãos nos bolsos da jeans desgastada.

- Mentira. - Constatou, convicto.

- Como está tão certo disso? Nem todas caem aos seus pés - diminuí mais um passo entre nós, encarando-o na imensidão dourada de seus olhos, que cintilava com o pôr do sol à sua frente.

- Você parece bem caidinha para mim - um lado de seus lábios subiu, enquanto ele olhava para os meus, sedento. Seu tom de voz diminuía junto com os passos que dávamos na direção um do outro, o que fazia meu corpo estremecer. Sentia que Eros podia senti-lo.

Minhas áreas vulneráveis estavam ainda mais vulneráveis naquele momento.

Não sei se minhas pernas durariam muito mais.

- Quer que eu faça algo para saciá-la? - Ele falou à base de minha orelha em um murmúrio. - Como te pressionar contra a parede? - Ele fez o que foi dito, apertando minha cintura enquanto eu estava contra os tijolos vermelhos.

O ar saiu todo de meus pulmões e, em um impulso, o afastei, invertendo as posições. Meu dedo indicador estava bem no centro de seu peitoral agora, um sorriso me subiu aos lábios. Eros olhou para o pequeno ponto onde mantínhamos contato, então me olhou.

Ele estava em deixando confusa.

Em um momento, não chega mais perto que dois passos de mim. Em outro, me pressionava contra a maldita parede.

- Você precisa se decidir se me quer ou não - sussurrei de volta, movendo o olhar até seus olhos instigantes, que brilharam em divertimento. De repente, me lembrei de ele falando em grego comigo, insinuando que sabia outras línguas também. Eu queria que ele me sussurrasse princesa em todas as línguas possíveis.

Meu olhar não saiu do dele. O dele não saiu do meu.

Competimos de encarar pelo que pareceu uma eternidade.

- Você quem precisa decidir isso. Eu já decidi desde aquele dia, princesa - ele me esquadrinhou por inteira, e me senti despida. Meu corpo tensionou, talvez precisando urgentemente dele. Talvez me dizendo Vá direto ao ponto depois de um tapa doído na cara. Ele estava em protesto.

Só fazia três semanas.

Ou, simplesmente, fazia três semanas.

- Ah, é mesmo? Você parece confuso quanto a isso. Um dia, não chega nem mesmo perto de mim. No outro... - Me dedo saiu de seu peito.

O brilho de seus olhos deu uma breve vacilada, e um arrepio repentino me subiu à espinha. Eu não entendia por que aquilo acontecia.

Ele desencostou da parede.

- É que às vezes não dá para... evitar.

Minhas pernas vacilaram, como que o mesmo efeito de um beijo no pescoço.

Ação e reação.

- Não evite. - Me vi dizendo sem pensar duas vezes.

A verdade era que ele era perfeito, atraente e excitante como a porra do deus descrito no livro. Eu agradeci aos deuses por isso, de verdade. Quase dei agradecimentos especiais à Afrodite.

- Psiquê... - Ele não chegou mais perto, apenas me encarou com seus olhos, como se estivesse me devorando com eles. Eu me senti devorada por eles.

E... Puta merda.

Se eu detestava meu nome, eu passara a devotá-lo naquele mesmo instante.

- Não agora - Eros simplesmente disse, dando um sorrisinho hesitante logo em seguida, um sorriso de quem parecia saber o que fazia... e, de certa forma, não. Eu queria que ele soubesse por inteiro. Queria que ele decidisse que agora fosse um bom momento.

Antes que eu pudesse perguntar o porquê, ele simplesmente me falou um Até mais e me deu as costas. Me deixando ali com o coração na garganta, um ponto em específico pulsando como se não fosse parar nunca.

Merda, merda, merda.

Qual era o problema dele?

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora