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"Você deveria me ver usando uma coroa.
Eu vou mandar nessa cidade de nada.
Veja-me fazê-los se curvar,
Um por um."

— YOU SHOULD SEE ME IN A CROWN, Billie Eilish

P S I Q U Ê

Margot inventara de novo.

— Ah, vamos, vamos, vamos! — Ela disse, agarrando a minha mão, balançando a cabeça loucamente, enquanto estávamos sentadas na grama do campus em formato de U. A parte aberta dava direto para a rua dos prédios universitários.

Hoje abrira um sol incrível, como se Deus estivesse muito feliz hoje e tivesse piedade de nós por um instante. Chicago era conhecida pelas nuvens cinzas percorrendo todo o céu, sem um mínimo espaço entre elas para que a luz pudesse passar.

Olhei bem para minha amiga, com sua cabeleira devidamente domada hoje. Usava saia de veludo azul e blusa de algodão branca, com dizeres Amiga do meio-ambiente, que ela ganhara em um sorteio do seu curso de Biologia.

Ela sabia que se insistisse muito eu iria.

— Por favorzinho — fez beiço.

Revirei os olhos.

Talvez eu me arrependesse.

— Tudo bem, mas...

— Isso! — Ela se levanta em um pulo, pondo as mãos ao alto, empolgadíssima.

Sorri pelo seu entusiasmo.

— Espero que essa festa seja do caralho, Margot.

— Vai sim! — Ela se senta comigo na grama verde novamente e pega nas minhas mãos. — Eu prometo solenemente.

Ergui as sobrancelhas, achando graça.

Bem, parece que os héteros ficaram ressentidos. Quase duas semanas depois, eles iriam fazer uma festa em sua fraternidade, que ficava fora do campus, na mesma rua em que eu e Margot dividíamos a quitinete. Ou seja, a rua que dava para a universidade.

Só que muito longe, mais para o fim da rua.

Desse jeito, ninguém iria os impedir de dar uma festa e tanto.

— A gente vai pegar muito.

— Uhum. — Dei de ombros, fazendo pouco caso daquilo.

Ela ergueu a sobrancelha.

— Psiquê. Sei que você só pensa no Eros, mas você vai pegar muito sim. Nem que você mande uma mensagem pra vocês se pegarem lá. Se não, eu te expulso da quitinete.

Dei uma risada nasalar, desacreditada. Margot e eu éramos como líquen, não viveríamos separadas. E, droga, só estou fazendo essa maldita comparação porque Margot não para de me encher com assuntos de Biologia.

— Tá legal. — Levantei da grama, com meus livros colados no meu peito, e dei umas espalmadas na bunda. Estendi a mão para ela. — Vamos estudar, bióloga festeira.

Ela sorriu e, com um impulso, se levantou da grama verde, ficando cara a cara comigo.

— E, lembre-se, nada de...

— Copos ou qualquer coisa de plástico.

Um brilho percorreu seus olhos e ela apertou um pouco mais seus livros contra si.

— Você aprende rápido.

— Você aprende rápido

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Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora