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"Agora meu pescoço está amplamente aberto,
Implorando por uma mão em torno dele.
Já estou engasgada com meu orgulho,
Então não adianta chorar por isso."

— CASTLE, Halsey

P S I Q U Ê

Ele ainda não me respondera, mesmo depois de três dias.

Ele deve estar fazendo coisa mais importante. Ele está fazendo coisa mais importante.

Eu tentara não pensar muito sobre isso nesses últimos dias, mas o celular parecia fervilhar no meu bolso toda vez que estava ali, como se fosse criar um buraco e cair no chão. Na aula de Metafísica, minha perna balançava por de cima da outra. Eu ansiava por mais um encontro com ele, mas parecia que ele tinha desistido da perseguição.

Como eu podia estar tão atraída por alguém que mal conhecia?

Ele não me contava absolutamente nada. Tivera oportunidades para isso, e eu perguntara. O máximo que sabia sobre sua origem era que ele vinha de muito longe. Todos vinham de muito longe em Chicago. Aquilo não queria dizer absolutamente nada.

Eu estava intrigada.

Eros sabia meu nome e sobrenome, onde eu morava, onde eu estudava, o que eu estudava... Por um instante, isso me assustou. Ele poderia me sequestrar se quisesse, ri internamente, embora pudesse ser um assunto realmente sério. A verdade é que eu não ligava.

Eu queria ele. Queria senti-lo, tocá-lo.

De repente, minha cintura começou a queimar, o pedaço de pele que tivera contato com sua mão. Eu estava bastante quente para um dia fresco de outono. Olhei pela janela, tentando me distrair. A sala de aula ficava no quarto andar, e eu podia ver universitários rondando o campus verde como esmeralda. O céu estava novamente nublado naquela tarde.

Desviei o olhar para o professor de meia-idade, que usava óculos de armação transparente e possuía cabelos grisalhos penteados para trás com gel. Eu com certeza não estava com cabeça para trabalhar a área do autoconhecimento — ou qualquer outra —, por isso reuni meus materiais e fui embora.

Margot ainda estava no meio de alguma matéria de Biologia, por isso esperei no campus. Ela detestaria se eu fosse embora sem ela, mesmo que ela demorasse oitenta e quatro anos a mais do que eu. E eu sinceramente também não sairia dali sem ela.

A história do líquen.

Abri o livro de mitologia que ainda estava lendo, quando me sentei na grama. Estava na parte de Perséfone, onde curiosamente o deus do amor aparecia, na parte do texto que envolvia Hades. Ali dizia que Eros e Afrodite não podiam acreditar que Perséfone entraria para o clube das virgens-para-a-vida-toda.

Então, os dois planejaram uma emboscada, onde Hades subira para o Mundo Mortal por causa de um terremoto que ameaçava a escuridão do Submundo e encontrara Perséfone no meio de uma floresta. Logo, Eros sacou uma de suas flechas e mirou em Hades e em Perséfone.

Logo, o deus dos mortos subitamente se apaixonara pela filha da deusa da natureza, Deméter, e raptara Perséfone para o Submundo.

Eu estava completamente inerte na leitura e quase terminando o parágrafo quando Margot soltou um Bu! na minha cara. Eu quase caí na grama com o susto, o que a fez cair na gargalhada.

— Margot! — ralhei. — Você não cansa de me encher o saco?

Ela fez careta.

— Desculpa atrapalhar sua leitura, Senhora Culta.

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora