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"Todos os garotos bons vão para o céu,
Mas os garotos maus trazem o céu até você."

— HEAVEN, Julia Michaels

P S I Q U Ê

— O quê? — Margot chiou. Nós duas estávamos sentadas na cama de casal do meu pequeno quarto, e eu observava suas caras e bocas enquanto contava o porquê de eu ter voltado com ela para o apê. Não quis abrir a boca durante o caminho. Na verdade, eu estava pensando nele, seu cheiro cítrico inebriante e sua malícia ainda frescos na minha memória. — Ele deixou você? Como alguém iria deixar uma gostosa do caralho para trás?

Eu não sabia por quê.

Mas também não contei que isso me acendeu como uma tocha.

Nós duas estávamos na nossa quitinete dividida de um prédio de três andares de tijolos vermelhos meio capenga perto do campus da UC, na mesma rua. Aquela rua era lotada de prédios universitários de três ou quatro andares, e constantemente era poluída por baseados perdidos e vidros de bebida, o que Margot, como futura bióloga, detestava.

Era um bom espaço para dois quartos, uma sala e uma cozinha — todos pequenos, mas, ainda assim, de bom tamanho. Tinha vista para... outro prédio. E para a rua poluída. Mas, para o conforto da minha colega de quarto, tinha árvores do outro lado, o que a fazia se distrair um pouco da tragédia.

Nós duas dividíamos os custos e, na verdade, fora assim que conhecera Margot Linderman: estava cansada da minha família perfeita, que atualmente morava em Peoria, a duas horas e meia de Chicago, e procurara um lugar para ficar. Havia um anúncio em um site que dizia "ótima quitinete com um quarto sobrando — e uma ótima colega de quarto para fazer companhia". Aproveitara porque achara engraçado e barato.

Então, estávamos aqui, Margot e eu, universitárias cem por cento dedicadas.

Margot, temos aula amanhã.

Ela continuava com uma expressão real de quem não entendia, sobrancelhas franzidas e tudo. Minha amiga tratou de superar e se levantou da cama com um dar de ombros. De pé e olhando diretamente nos meus olhos, os seus como fendas, ela falou:

— Nós resolvemos isso amanhã. Boa noite. Sonhe com Aristóteles. — Piscou e saiu antes que meu travesseiro a atingisse, mas escutei seus risos do outro lado, abafados pela porta agora fechada.

Idiota.

Chicago amanhecera nublada no dia seguinte, como quase sempre amanhecia

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Chicago amanhecera nublada no dia seguinte, como quase sempre amanhecia. Eu não dormira muito bem essa noite, pensando nele. Agora, olhando pela janela da sala de aula enquanto o professor do meu curso falava, minha cabeça estava em outro lugar. Talvez no céu, porque, juro por Deus, Eros era perfeito. Mesmo. Em questões físicas, é claro.

Porque eu não o conhecia.

O que me intrigava.

Eu gostaria muito de conhecê-lo.

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora