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"Vou começar o que terminei,
Não preciso hesitar.
Vou tomar o controle desse tipo de situação.
Estou travada e carregada, completamente focada."

— DANGEROUS WOMAN, Ariana Grande

P S I Q U Ê

— Não, mãe, eu não estou namorando — disse para Shalley, minha mãe, pelo celular, equilibrando-o no ombro enquanto escolhia o que vestir para ir passear com Margot, embora minhas opções fossem quase todas iguais: pretas ou... pretas.

— Ugh! Jurava que esse mês você estaria com pelo menos um rolo... — Pausa. — Está? — Ela perguntou em expectativa. Às vezes me perguntava como ela não se cansava de repetir a mesma pergunta todo mês.

— Ãhn... Não.

Ouvi um murmúrio de desgosto, que ela não se dava ao trabalho de esconder.

Rapidamente, Eros me veio à cabeça. Mesmo que isso fosse trazer orgulho à minha família, queria mantê-lo só para mim... Aliás, eu podia chamar aquilo de rolo? Certamente que sim.

Um alvo estava pintado bem às suas costas, então como não?

Eu sorri comigo mesma. Ela com certeza iria pirar se soubesse que um homem daqueles estava na minha cola. Contaria para toda a família, e minhas irmãs não saberiam se acreditariam ou ficariam com inveja.

— Como estão as coisas em Peoria? — Mudei o foco da conversa. — Papai? Cassidy e Karen?

Olhava para meu guarda-roupas, tinha camisas brancas e blusas pretas.

Branco sujaria se eu resolvesse beber martínis... preto não. Peguei uma regata de cetim preta com detalhes delicados em renda. Eu não podia ver nada com renda preta que eu comprava, fosse o que custasse. Eram meu ponto fraco.

— Ah, estão ótimas. Seu pai e eu estamos atolados de trabalho por causa da imobiliária e suas irmãs, cuidando dos maridos. — Ruben e Carlos. Nomes tão feios quanto eles... Mas, o que eles não tinham de beleza, tinham de dinheiro. E era só isso que importava para os DiLaurentis.

— Como está a barriga de Cassidy? Muito grande? — Perguntei, tirando uma calça jeans gasta e folgada do outro compartimento. Em seguida, a juntei com a blusa, analisando o look.

— Enorme! — Mamãe se empolgou. Pelo menos a gravidez de Cassidy a distraía de mim e da minha solteirice. — Ela completou seis meses ontem. — Eu sabia, mas deixei ela falar. Era bom mantê-la longe da minha vida um pouco. — Ruben está todo atrapalhado... Assim como Henry ficou quando engravidei dela. Uma graça. Você deveria estar aqui para ver.

Bum! Outra conversa que eu evitava o máximo que conseguia: o fato de que eu me mudara de Peoria e os abandonara. Para fazer Filosofia. Quem em pleno século vinte e um cursava Filosofia? Pelo visto, eu.

— É, mãe... Mas eu estou em Chicago, estudando, lembra? Preciso prestar o máximo de atenção nesse começo de...

— Sei — me interrompeu. — De qualquer forma, estamos bem. Nos avise se algum pretendente aparecer! Até logo, querida.

— Até, mamãe. — E desligou.

Pelo menos ela se esforçava para fingir que ligava para mim e minha vida de filósofa em Chicago.

Meus pais me faziam uma ligação todo mês — bem, inicialmente, porque agora estava mais para mês sim, mês não — para ver se estava tudo ok. Eu não sabia se faziam porque se sentiam obrigados ou se faziam por saudade mesmo. Era difícil compreendê-los.

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora