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"Você é indescoberto.
Eu quero ver o resto de você.
Eu não posso chegar perto de você."

— UNDISCOVERED, Laura Welsh

P S I Q U Ê

Meu corpo todo se aliviou quando Eros saiu.

Ou apenas... parou de ficar tenso.

Um suspiro escapou por dentre meus lábios.

Eu já havia desistido da ideia de que nos encontraríamos de novo, mesmo fazendo apenas uma semana que tínhamos nos encontrado naquele bar no centro de Chicago. Afinal, eu não tinha seu número... ainda. Abri a mão e encarei o número escrito ali, em algarismos elegantes, enquanto seu cheiro ainda preenchia minhas narinas.

Apertei os livros contra meu peito e fui até Margot antes que a mesma viesse até mim.

— A-mi-ga! — Ela deu um gritinho de empolgação, o que foi repreendido pela bibliotecária. — Ele veio na UC só pra te ver? — Sussurrou, mesmo que agora estivéssemos a um passo da saída.

Sorri, desviando o olhar do dela.

— Ele estava por perto. — Dei de ombros.

— Você é uma sortuda do caralho. Você tem quase que literalmente o homem mais gato do mundo ao seu encalce. — Ela suspirou, desviando o olhar para o céu ainda nublado. — O que ele te disse lá dentro?

Senti minha pele queimar ao lembrar do que aconteceu lá dentro.

— Que quer que eu mostre Chicago a ele.

Ela parou de súbito, no meio de um dos corredores externos da universidade.

— E o que você disse?

Sabia que Margot ia me matar.

E ela também sabia.

— Que eu ia pensar.

Margot ficou estática, talvez em estado de choque.

— Você tem noção de que você praticamente recusou uma boa foda? Você tá precisando foder, amiga. E, cá entre nós, ele parece foder muito bem.

Lancei um sorriso a ela, e comecei a caminhar de novo, ao passo que ela me acompanhou.

— Você não fode desde o início do ano, o que é deprimente. — Continuou seu discurso de sempre. — Tenho quase certeza de que ainda não superou o Kurt, depois de um ano.

Suspirei.

— Não quero falar sobre isso.

— Você descobriu o sobrenome dele? — Ela voltou ao assunto inicial.

As árvores do campus sacudiram. Os jornais diziam que a previsão para hoje era de chuva. Eu quase podia sentir as gotas de chuva, mesmo elas ainda estando lá em cima, em meio às nuvens.

Fiz que não com a cabeça.

— Mas... — Estendi a mão no ar para ela, o que a fez pegá-la de imediato e analisá-la.

Dei risada.

— Você é uma caçadora, Psiquê. — Ela deu uma risada nasalar, subindo e descendo as sobrancelhas e finalmente soltando a minha mão. — Falando em presas... Eu vou sair com Justin hoje, tudo bem por você?

O que significava uma quitinete inteira para mim e uma boa foda para ela.

— Tá, tudo bem.

Ela tinha razão sobre minha vida sexual: era deprimente.

Mas tinha quase certeza que Eros não queria só um mísero tour pela cidade, ele só podia estar tirando uma com a minha cara. A palma da minha mão riscada por caneta parecia coçar. Era perigoso eu estar com aquele número, podendo fazer o que eu quisesse.

Quando cheguei na quitinete, adicionei um novo contato ao meu celular e fui direto para o banho. A tinta da caneta começou a sair da palma da minha mão. E todos os lugares do meu corpo pareceram ferver em protesto.

Talvez não só por isso, mas por também lembrarem de hoje mais cedo.

Toquei nos mesmos lugares onde ele tinha tocado.

Na minha cintura, na minha mão, no meu pescoço — bem, esse último só fora atingido drasticamente, quando ele sussurrara coisas que me fariam ceder a tudo que ele pedisse.

Ergui a cabeça para o jato de água do pequeno chuveiro. Só tínhamos um banheiro na quitinete, o qual era tenso de dividir com Margot. Ela passava horas se preparando para passar a noite com mais um cara.

Suspirei, a água escorrendo livremente pelo meu corpo.

Desejei dormir bem naquela noite.

Não o fazia desde dezoito de setembro.

...

n/a:
gente, esses capítulos com ponto são complementares ao inicial, tipo, o 03.1 é complementar ao 3, então por isso eles são geralmente pequenos

não se esqueçam de comentar e votar sempre, me ajuda muito ❤️❤️

(tenho capítulo pra alimentar vcs durante 2 meses!!)

Eros: Um amor proibidoOnde histórias criam vida. Descubra agora