Fodendo por toda a casa

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Povo Regina Mills.

"Bebendo vinho, quebrando as taça. Fudendo por toda casa. Se eu divido o maço, eu te amo desgraça. Te amo desgraça."


Mais uma tarde quente do mês de setembro. Mais uma tarde em que vou culpar o calor pela a minha preguiça, e, sinceramente, não estarei mentindo. De todas as estações do ano, o verão é a minha predileta, é tipo o amor, sinto falta quando está longe e pânico quando ameaça chegar perto. Complicado, eu sei, por isso, não levaremos em consideração o que acabei de dizer. Trinta minutos já se passaram. Se a minha irmã estivesse aqui estaria gritando para que eu saísse logo do banho, ela costuma dizer que eu demoro uma eternidade embaixo do chuveiro e não tem como discordar de um fato concreto.

Zelena e eu somos um caso sério, uma relação de amor e ódio, entre tapas e beijos. As brigas sempre foram frequentes, embora não fossem graves. Ela é a mais velha, a mais estudiosa, a mais esforçada, a menina de ouro que cuidou da irmã mais nova desde a sua adoção. Não há muito o que reclamar, nós somos uma boa dupla. Quando vamos juntos para as festas apostamos para ver quem fica com mais mulheres. Ela tem o seu charme e os olhos azuis, mas eu tenho uma lábia boa e um olhar sedutor, pelo menos é o que dizem. Como pode ver, normalmente eu ganho.

Depois de um banho gelado, nada melhor do que cervejas e baseados. Sorvetes cremosos também se enquadram na categoria "nada melhor". Hoje é sabado, o único dia da semana em que posso ficar jogada no sofá assistindo "Os Simpsons" e vadiando sem me preocupar com a rotina cansativa do escritório ou com qualquer outra coisa. Às vezes eu troco os desenhos animados por livros entediantes. Ser adulto é uma tarefa um pouco chata resumida em contas, músicas bregas e corações partidos. Digamos que nos últimos tempos eu venho sendo muito adulta e eu acho que prefiro não pensar muito nisso, sinto a minha cabeça doer e isso cansa.

Talvez eu devesse ser um pouco mais responsável e fazer algo a mais da minha vida além de reclamar das segundas-feiras e fumar maconha aos sábados, mas o que posso fazer se a vida não passa disso? Ah, eu já estava me esquecendo, também tem os domingos, o dia em que acordo cedo para ir a missa e agradecer por existir mulheres no mundo e eu ter o dom de convencê-las a passar a noite comigo.

"Fudendo no banheiro do bar
Embriagados, gritando que a cidade é nossa
Fudendo no banheiro do bar
Embriagados, gritando que a cidade é nossa."


Se os meus coroas, vulgo, os meus pais, me escutam falando desta forma eu estaria deserdada. Eles não são fanáticos, mas não deixam de ser religiosos, diferente de mim, que não sei nem no que acredito. Quer dizer, eu até sei, mas tenho medo de me entregar e acabar girando as vinte uma horas das sextas-feiras.

Pelo visto esse baseado é do bom. Que brisa louca essa a minha, só pensamentos desconexos. Acabo rindo ao escutar o barulho da porta se abrindo. Eu acho que estou muito chapada. Zelena foi viajar ontem pela manhã e os meus pais não programaram nenhuma visita. Decido não me preocupar, continuo largada e de olhos fechados como se não houvesse um amanhã.

- Eu estou triste e quero conversar. Porra, porquê dói tanto uma traição? - a sua voz estava melancólica, arrisco dizer que ela havia chorado por horas.

Agora está explicado do porquê não terem interfonado e alguém ter acesso fácil ao meu apartamento. Ruby é uma doida, muito linda, também costumo chamá-la de melhor amiga, os porteiros costumam se referir a ela como "minha mina", eles dizem "mulher", mas acho formal demais e eu já me cansei de explicar a eles que não é bem assim e que ela é só... a deixa para lá, não vem ao caso.

Girassóis de Van GoghOnde histórias criam vida. Descubra agora