Capítulo 2

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MANDY

Quanto tempo elas sumiram? Um ano? Talvez. Não sei ao certo, mas...

Escuto um barulho alto vindo do andar de baixo.
Seguro o livro que está em minha mãos com firmeza e escuto alguém subindo as escadas, então posso ver sua sombra chegando cada vez mais perto da minha porta.
Fecho os olhos, me posicionou atrás da porta, ergo minhas mãos e bato o livro com firmeza na parede de músculos.
Quando abro os olhos o que vejo é um homem loiro que me encara com sua cara de mal.

- O-Opa, errei.

Mas agora eu acerto!

Acerto o livro na sua testa e ele cai durinho no chão.

- Aí, meu Deus! Eu matei um homem!

Corro com o livro na mão para a cozinha, pego um pano e o molho na pia.
Volto para cima e quando vejo ele não está mais lá, mas de repente sou puxada para cima por duas mãos enormes.

- Deus do céu! Como você está acordado?

- Não pode me ferir tão fácilmente.

- Você acabou de ser acertado por um livro pesado com mais de seiscentas páginas!

- Isso não vai me impedir de cumprir os meus objetos.

Ele anda pelo corredor comigo nos braços, desce as escadas e abre a porta.

- É mesmo? - Tento me mexer, mas não consigo. - E quais seriam os seus "objetivos"?

- Levar você comigo e acasalar.

- A-Acasalar? - Gaguejo.

- Está com problemas de audição, mini-humana?

Ele me coloca no chão.

- Mini!? Olha lá como fala comigo!

Dou um soco no seu peito e sinto como se tivesse socado uma parede de tijolos.

- Ai, ai, parece que eu acabei de socar uma...

Suas mãos vão para as minhas bochechas, viram o meu rosto e ele observa o meu ouvido.

- Não parece ser nada, mas vou te levar a uma ruthie* para ter certeza.

- Certeza de que?

- De que não está com problemas de audição.

- Você é um completo maluco!

- Sou? Por que eu seria?

- Acasalar!? Acasalar!? Por um acaso eu tenho cara de animal?

- Animal?

- Olha só quem realmente tem problema de audição. - Debocho.

Sinto ele colocar algo em meu braço, me fazendo ficar dormente.

[...]

Algo cutuca minha bochecha e ao me dar conta de toda a situação me levanto rapidamente.

- Eu vou chutar a sua bunda, seu alien ogro! Devolva Abbi e Betty! Não me desafie ou vou usar golpes de karate contra você!

Ele dá uma risada grossa que me faz arrepiar até a ponta dos pés.
Me viro e dou de cara com o mesmo alien de antes, mas agora reparo nele.
É enorme e alto, está sem camisa, cheio de músculos, cabelos loiros, olhos azuis, com uma cicatriz abaixo do olho esquerdo e um sorriso brincalhão nos lábios.

- Chute-me se puder. - Ele continua rindo da minha cara.

Me jogo na parede mais próxima para ficar o mais longe possível dele.

- Não me devore, sou uma carne muito, muito mal passada! - Fecho os olhos.

- Te devorar? - Ele para de rir e sorri com malícia. - Acho que adoraria fazer isso, pequena humana.

- Meu nome é Mandy!

- Mandy. - Ele testa o meu nome em sua boca.

- Vai me devorar e jogar o que sobrar para os lobos?

- Não sei o que são, mas eu não te jogaria para ele. Mas ainda estou pensando na ideia de te devorar.

Ele caminha à passos lentos até mim.

- Não me devore!

Fecho os olhos com força, então sinto sua mão no meu pescoço e prendo a respiração.

- Guert! Guert!

Alguém entra correndo na sala, ele rosna e eu tremo até os ossos de medo.

Onde eu fui amarrar o meu burrinho?

- Sim?

- Temos uma nova missão, é a guerra.

- Certo, estarei na sala de comando em breve.

- Sim, Guert.

O mesmo se afasta e a porta se fecha.
Então, ele segura meus pulsos e me prende a uma das paredes de metal com algo parecido com algemas, mas de eletricidade.

- Eu vou chutar sua bunda, pode ter certeza disso!

Ele ri como se eu fosse um animal de estimação bravo por não conseguir pegar seu próprio rabo.

- Eu não estou brincando! Na hora que eu te pegar, eu vou arrancar esse seu nariz bonitinho do rosto! Ouviu bem!?

- Não achei que tivesse tanta coragem. - Ele debocha.

- Ha ha. Você está falando de uma amiga muito preocupada aqui. Devolva logo Abbi e Betty!

- Não faço ideia de quem são essas.

- Claro que faz!

Algo apita alto e ele aperta em um tipo de relógio moderno no seu pulso.

- Certo, estou indo.

Ele volta a olhar para mim.

- Volto logo.

- Não precisa voltar!

Ele sai rindo da sala.

- Espera, volta sim! Eu ainda estou presa aqui!

[...]

Apoio minha cabeça na parede e sinto minhas mãos ficarem dormentes por estarem na mesma posição por horas.
Dou um grito quando a porta se abre, me surpreendendo.
Viro o rosto para encontrar o olhar preocupado daquele alien.
Ele se aproxima de mim e eu me encolho, ele segura minhas mãos e me solta com cuidado e aperta minhas mãos com cuidado.

- Sinto muito, o que eu fiz foi muito imprudente.

- Admitindo seu erro? Estou muito surpresa.

Ele permanece de cabeça baixa enquanto me ajuda a levantar.

- Posso te ajudar a encontrar suas amigas, mas...

- Mas...?

Seus olhos me encaram de uma maneira intensa, tão intensa que me faz sentir coisas estranhas no meu interior.

- Eu quero você.

Ruthie = Médica.

Tudo pode ser um pouco "diferente" nesse livro pois o assunto abordado é diferente, mas ainda teremos os mesmos personagens de antes, além dos novos.

Alien de Vhartan - Trilogia EspaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora