Capítulo 11

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MANDY

Sinto minha mão levar uma fisgada, como se fosse um choque elétrico.
Sento na cama macia e olho para minhas mãos e me deparo com linhas azuis nos meus pulsos que subiam até os meus dedos.

Os acontecimentos passados voltam na minha memória.
Os raios de luz, a gritaria, Vhant com uma expressão séria, a luz atravessando o vidro e vindo na minha direção, então tudo se apagando e suas vozes distantes.

Levo um choque ainda pior e grito de dor, sendo amparada pelas mãos de Vhant que me seguram, mas ao sentir suas mãos sobre mim é como se meu corpo o estivesse rejeitando, fazendo-o ser jogado contra a parede de metal do outro quarto.

- Vhant!

Corro na sua direção e quando vou tocá-la paro.

Eu não posso tocá-lo.

Me afasto bruscamente e sinto lágrimas descerem pelas minhas bochechas.

- Vhant? Consegue se levantar?

Me mantenho afastada enquanto o encaro preocupada.

- O que eu fiz?

Vhant se apoia na parede e se levanta.

- Tskin*! Eu tinha me esquecido disso.

- Você está bem?

- Eu estou bem...

Ele sorri de maneira forçada e resmunga de dor.

- Essa já é a segunda vez.

- Segunda?

- Esquece, estou bem.

- Eu não posso te tocar? Por quê isso?

Olho para minha mãos novamente e as linhas azuis pulsam, emitindo uma luz fraca.

- Parece que está tentando te proteger.

- Me proteger ou proteger a casca?

- Casca?

- Esquece, isso deve ser filme demais. - Dou uma risada forçada e me levanto.

[...]

- Daqui a pouco você quebra uma costela. - Tshila diz seriamente para Vhant.

- Já disse que estou bem, cuide de sua própria bunda.

- Vhant. - Chamo sua atenção.

Ele apenas se cala, sem questionar.

- Use essas luvas por enquanto. - Tshila coloca duas luvas felpudas e grandes nas mãos dele.

Vhant desce da maca e se aproxima de mim, pegando em minha mão.

- Vou encaixar por enquanto, não quero que veja isso.

- Isso? Se refere as linhas?

- Exato.

- Eu estou bem.

Bem despedaçada.

- Sei que está. - Diz ironicamente.

- Escute aqui...!

De repente, Vhant coloca suas mãos nas minhas bochechas e me faz encará-lo.

- Eu vou cuidar de você.

Então ele se senta do meu lado e enfaixa meu pulso e minha mão.

- Muito apertado?

- Não, tudo bem.

Não sentir seu toque tanto quanto antes me afeta de uma maneira que eu não poderia imaginar que afetaria.

- Você se sente culpado? - Sussurro.

Ele para de enfaixar minha mão e abaixa ainda mais sua cabeça.

- Vhant! - Escuto a voz irritante de Kisar a minha frente.

A encaro e ela me encara com ódio.

Falta apenas sair faíscas dos nossos olhos.

- Acalme-se, Mandy.

Vhant me puxa para a realidade, mas sua expressão me parece surpresa.

- O que?

- Seus olhos.

- O que tem?

- Mudaram de cor.

- Ha, isso só acontece com você! - Sorrio de maneira descontraída.

- Escute, estou falando sério.

- Como mudaram de cor?

- Não sei.

- Isso deve ser uma das reações a luz.

Me viro para Kisar.

- Você continua aqui?

- Não está vendo? A luz por acaso afetou sua visão?

Desço da maca e fico o mais próxima possível de seu rosto.

- Sabe que aquela coisa toda pode ser útil?

- "Aquela coisa toda"?

Levanto minha mão, mas Vhant a segura e me puxa para trás.

- Não se rebaixe ao mesmo nível que ela.

Tem razão. Se bem que ela merece.

- Quem você pensa que é para me ignorar!?

Ela rosna, se aproximando com uma expressão de raiva.
Quando sinto sua mão no meu ombro uma faísca passa por todo o meu corpo e a última coisa que vejo é Vhant tentando me segurar.

Sinto tapinhas no meu rosto.

- Acorde, Mandy. Acorde.

Abro os olhos com dificuldade e encontro com a cara angustiada de Vhant.

- Essa merda toda tá parecendo uma novela mexicana. - Murmuro.

- Essa não é a hora para fazer piadas.

- Dá um tempo, ogro.

Olho para os lados e estamos no seu quarto novamente.

- O que aconteceu?

- Parece que quando você sente raiva o choque fica pior, Kisar está na enfermaria e muito machucada.

- Ela virou churrasco pelo menos?

- Mandy!

- Qual é?

- Precisamos tirar isso de você.

- Oh, diga-me como. - Minha voz faz com que minha frase soe como uma ironia.

Deito minha cabeça na cama novamente e fecho os olhos, respirando fundo.

- Mas será que isso só acontece comigo!?

Sinto sua mão enluvada no meu ombro.

- Será que aquilo de colocar os pés na terra funcionaria agora? Porque eu estou disposta a nadar na terra se esse for o caso.

Vhant ri e isso faz com que leves choques cutuquem todo o meu corpo.

- Faça isso de novo!

Me sento rapidamente e seguro suas mãos.

- Isso o que?

- Ria.

- Que?

- Eu senti algo, quero ter certeza.

Ele volta a rir, mas de maneira forçada e nada acontece.

- Isso foi forçado pra caramba.

- O que sentiu?

- Alguns coisi...quinhos.

- Coisiquinhos?

- Nossa, parece que tá surdo.

Tskin: Significa "porra".

Será que esses choques serão de grande ajuda, além de torrar as inimigas? 😂🤔

Alien de Vhartan - Trilogia EspaçoOnde histórias criam vida. Descubra agora