Capítulo 13

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POV Sabina Hidalgo

— Você está melhor? — a voz rouca e suave surgiu atrás de mim. — Trouxe isso pra você colocar no seu pulso. — ele me entregou um copo de gelo. Eu não tinha coragem nem de encara-lo.

— Obrigada. — disse num sussurro, pegando o copo que ele estendia na minha direção. Coloquei o gelo no vermelho que Noah tinha deixado no meu braço. — Olha, me desculpa ter pensado tudo aquilo de você, eu só.... não sei. 

— Não precisamos falar disso agora. — ele disse provavelmente vendo meu desconforto. Ficamos em silêncio por alguns minutos. Eu estava com vergonha. 

— Então... Você é piloto de rachas? — perguntei tentando quebrar o clima pesado. 

— Basicamente. — ele disse pegando uma latinha de Dietcoke e dois copos. Ele não estava afim de papo. 

— O que era aquilo no envelope?— perguntei curiosa quando ele me entregou um dos copos. 

— Bom, cocaína que não era. — ele disse sarcástico, e me senti culpada por ter acusado ele disso. Acabei ficando sem graça. — Era só o dinheiro do prêmio. Antes de você chegar me batendo, eu tinha acabado de correr e ganhei. 

— Noah, me desculpa, ok? Pepe me contou coisas que... 

— Sabina! — exclamou — Pepe é um mentiroso manipulador, e eu tentei te avisar sobre ele várias vezes! — exclamou exasperado levantando o tom de voz. Ele percebeu que tinha levantando o tom, e respirou fundo. Ficamos em silêncio por alguns segundos. 

— Ei! Hina nos contou sobre o que Pepe disse. — Josh disse se aproximando. — Saby, eu sempre te disse que ele não era uma boa companhia. 

— É, agora eu sei. — disse. Ouvi Noah bufar do meu lado. 

— Vão ficar pra festa? — Noah me perguntou. — Joalin ainda vai correr. Josh já correu, mas ficou em segundo lugar. 

Olhei pros lados e vi Shivani, Hina e Joalin dançando numa pista improvisada, Sofya e Any numa conversa animada. Eu não queria ficar, não depois de tudo isso. 

— Eu posso te levar pra casa se quiser. — ele disse como se tivesse lido minhas expressões. Eu não queria ficar, então apenas acenei com a cabeça. — Me espera aqui, vou falar com as meninas que estamos indo. 

— Olha, Sabina — Josh chamou minha atenção com a voz tranquila — Noah não gosta que duvidem dele, ainda mais que o acusem injustamente.  — suspirou defendendo o irmão — Ele é um ser humano maravilhoso, é só você dar uma chance. — Ele me olhou sincero, me deu um abraço e foi embora. Suspirei pesado. Josh também tinha direito de ficar chateado comigo, mas não ficou. 

Eu não estava muito confortável de ir no mesmo carro com Noah, estava claro que ele estava chateado ou sei lá. E por mais que eu estivesse errada, algumas coisas ainda não faziam sentido. 

— Vamos. — ele disse quando voltou. 

Fomos caminhando em silêncio pro carro preto estacionado ao lado do meu. Abri a porta do carona e me sentei. Nunca tinha entrado no carro dele, e ficar na presença de Noah me deixava nervosa e intimidada. 

Ele deu partida no carro. Algumas coisas martelavam na minha cabeça. 

— Sabina, sua perna está me irritando. — Noah disse quase num tom grosseiro. Olhei pra minha perna e vi que não parava de balançar. 

— Desculpe. — Murmurei. 

Continuei pensando em tudo, quer dizer, aquela corrida de rachas talvez não prove nada. Noah ainda tinha sido pego em flagrante pela polícia e todo aquele dinheiro debaixo da cama não poderia ser apenas de corrida, era muito dinheiro. 

— Tá bom, eu não aguento mais. — ele disse sem paciência, encostando o carro na esquina de nossas casas. — O que foi? — perguntou me olhando. Ele definitivamente estava irritado. 

— Eu só... — não queria fazer um interrogatório com Noah. Eu não tinha esse direito. 

— Fala logo, Sabina. — disse sem paciência. 

— Tem algumas coisas que ainda não fazem sentido. — disse com medo de sua reação. Olhei pra ele, e ele estava esperando que eu continuasse. — O que então aconteceu com Britt? 

— Pepe aconteceu com Britt! — ele disse exasperado, passando a mão no rosto. 

— Me conta a história, Noah. — pedi. Ele suspirou e começou. 

— Sabina, Pepe armou para que a mãe da Britt achasse que Britt estava envolvida com drogas. — Noah parecia não querer prolongar o assunto. 

— Mas por que? Britt e Pepe eram namorados. 

— Não, claro que não! Foi isso que aquele babaca te contou? — quase gritou indignado. Ele ficou vermelho, e eu sabia que era de raiva. — Pepe era apaixonado por Britt, mas Britt não gostava dele! Eles tinham ficado uma vez, mas Britt não queria nada com ele, então Pepe começou a achar que Britt não gostava dele porque gostava de mim. 

— E por isso ele armou tudo isso? Ele disse que era culpa sua e que você ainda deu um soco nele. 

— E dei. Pepe andava muito estranho e agia como se fosse dono de Britt. Descobri que ele tinha feito tudo isso e que Britt foi forçada a ir pro reformatório sem nem ao menos poder se explicar, então eu fui até a escola no dia seguinte e soquei a cara dele. Esse maldito acabou com a vida da minha melhor amiga. 

Os dedos de Noah estavam brancos pressionando o volante com força. Ele não me olhava e sua mandíbula estava travada. Tudo o que ele dizia parecia extremamente sincero e doloroso. De repente a culpa tomou conta de mim. Eu não sabia o que dizer, quer dizer, Pepe poderia ter me enganado direitinho. 

— Uma coisa ainda não faz sentido. — eu disse depois de alguns minutos absorvendo em silêncio o que ele tinha dito. — Por que você foi preso em flagrante? — ele virou o rosto pra mim quase que automaticamente com os olhos intimidadores e expressão fechada. 

— Como você sabe disso? Não me diga que foi Pepe, nem ele sabe disso. — Merda! Eu não deveria ter aberto a boca. Noah estava com uma expressão assassina no rosto. — Você invadiu meu quarto? — ele afirmou mais do que perguntou — Sabina, você invadiu a porra do meu quarto? — repetiu a pergunta quase gritando e segurando meu rosto para encara-lo. 

Seu tom estava começando a me assustar. Eu não sabia o que fazer, então apenas assenti com a cabeça. 

— QUE DROGA, SABINA! — ele explodiu — Você poderia ter me perguntado tudo isso, eu iria te responder! Não precisa entrar na porra do meu quarto e tirar suas próprias do conclusões! Você não é nenhuma Sherlock Holmes! Eu fui preso em flagrante sim, mas não pela merda que você está pensando. Eu fui pego disputando racha, que acredite se quiser, não é muito legal aos olhos da lei. — Ele ficou ofegante tentando controlar a irritação. Eu estava intacta no banco, assustada. — Quer saber? Eu não te devo explicações. 

Não consegui falar nada depois que Noah deu partida no carro. Eu ainda estava assustada do modo como ele falou, e estava me sentindo culpada. 

Ele estacionou na frente da minha casa. Eu deveria falar alguma coisa, mas ele não parecia querer que eu fizesse isso. Me virei pra sair do carro, mas a porta estava trancada. 

— Sabe a pior parte disso tudo? — Ele me perguntou de repente. – Eu queria me aproximar de você. Perguntei pra Any o porquê de você me odiar tanto, ela me disse que você guardava rancor de mim por causa daquele laço de cabelo seu que eu destruí sem querer quando éramos crianças. — ele disse jogando o objeto, no meu colo, com raiva. — Pode ir.

Meus olhos se encheram de água e, com o laço na mão, saí do carro.

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