Capítulo 27

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POV Sabina Hidalgo

— N, vai demorar muito pra chegar? — perguntei impaciente. 

Estávamos no carro dele, e ele finalmente iria me ensinar a dirigir, depois de dois dias me enrolando. 

— Já estamos chegando, Srta. impaciente. — ele disse com o olhar focado na estrada. 

Já estávamos há quase duas horas nesse carro. 

— Por que estamos indo tão longe? — perguntei agoniada. Eu só queria aprender a dirigir, não viajar pra outro estado! 

— Pra não colocar a vida das pessoas em risco?!
— Ele disse como se fosse óbvio, me deixando ofendida. Dei logo um tapa no braço dele. — OUTCH! — ele gritou, massageando a área atingida. 

Ele dirigiu por mais alguns minutos, o que pareceu uma eternidade, quando finalmente paramos em um tipo de estacionamento gigante ao ar livre, mas estava vazio. 

Na verdade não vi uma alma viva desde que estávamos no meio do caminho. 

— Que lugar é esse? — perguntei. Ainda estávamos dentro do carro e Noah tinha desligado o som. 

— Esse é o lugar onde todos os Urreas começaram a aprender a dirigir. – ele disse orgulhoso. Só os Urreas, uh? Isso merece uma provocação. 

— Mas eu só serei uma Urrea quando me casar com um Urrea. 

— E você não vai casar comigo? — ele perguntou divertido, me dando um sorrisinho antes de sair do carro. Acabei sorrindo junto. Quem dera. 

Era claro que era uma brincadeira, mas pensar na possibilidade de casar com Noah fazia meu coração pular. 

— Quem sabe. — respondi, sem sair do carro, ouvindo sua risada gostosa. 

— Agora vá para o banco de motorista. — ele mandou, abrindo a porta do meu lado.

Levantei, dando a volta no carro e me sentei no lugar dele, ele já estava sentado no meu lugar. Era estranhamente engraçado Noah Urrea no banco do carona, mas me mantive séria. 

— Tá, estou pronta, o que eu tenho que fazer? — disse animada. 

— Primeiro de tudo e extremamente importante, já que é você que está dirigindo, colocar o cinto. — revirei os olhos, colocando o cinto. 

Eu não iria bater com o carro ou coisa do tipo. Esse lugar nem tinha paredes, onde diabos eu iria bater?! 

— Por que diabos seu carro tem dois tipos de cinto? — perguntei curiosa, sempre quis perguntar isso. 

— Esse é o cinto normal. — ele disse me mostrando. — E esse é o cinto de corrida. Tenho que usar quando vou disputar. Ordens do Krystian. 

— É tipo cinto de carrinho de bate bate de parques de diversões. — comentei animada. 

— Jesus! Só coloca logo o cinto. — Noah pediu ignorando minha palhaçada. Chato! 

— Pronto, já coloquei. 

— Espera aí. — ele disse, se virando para o banco de trás tentando alcançar alguma coisa, e colocou um capacete de motoqueiro na cabeça.
— Agora sim! 

— Fala sério! — minha voz saiu indignada. Precisava disso tudo? 

Ele soltou uma gargalhada me fazendo revirar os olhos mais uma vez. Babaca. 

— Tá vamos lá. Você sabe o que são embreagem, freio e marcha? — ele perguntou. 

— Sei, são esses pedais de bicicleta que tem aqui embaixo. — respondi orgulhosa da minha resposta. 

— Jesus! — ele exclamou exasperado, negando com a cabeça, passando a mão no rosto. — Isso, são os pedais de bicicleta, mas você tem que saber como funciona cada um. 

— Não posso simplesmente dirigir? — perguntei como se fosse óbvio. 

— Sabina! Dirigir um carro de verdade não é como pilotar um carrinho de kart. — ele disse sério, e começou a me explicar tudo sobre os pedais de bicicleta, freios de mão e trocas de marchas. 

(...) 

— Repete tudo o que eu te ensinei. — respirei fundo antes de falar. 

— Ligar o carro, pisar na embreagem, colocar 1º, soltar o freio de mão, colocar o pé no acelerador sem tirar o pé da embreagem, acelerar devagar tirando aos poucos o pé na embreagem até o carro sair.

— Muito bem, agora faz tudo isso que te ensinei. — ele disse, ainda com aquele capacete ridículo. Sério que ele ia ficar com aquilo? 

Coloquei a primeira marcha, pisando na embreagem, soltei o freio de mão, que era duro feito pedra, e pisei devagar no acelerador esperando o carro sair. 

— NÃO ESTÁ SAINDO! Por que o carro não está acelerando, N? — perguntei desesperada. 

O que eu fiz de errado? Eu tinha feito igualzinho como ele disse! 

— Sabina. — ele disse tranquilamente — Você não ligou o carro. 

— Ah! — Sabia que tinha esquecido algo! 

Liguei o carro na mesma hora, ele deu um tranco pra frente e morreu. Vi a expressão de Noah mudar pra dor, como se eu tivesse matado o bebê Dodge dele. Na verdade eu tinha. 

— Coloca o carro em ponto morto, sempre pisando na embreagem pra trocar de marcha. — ele disse com a voz quase chorosa. Fiz o que ele mandou. — Agora liga o carro, pisa na embreagem, coloca em primeira. — continuei seguindo suas instruções. — Solta o freio de mão. Agora você vai acelerar um pouquinho, escuta o barulho do carro. — continuei seguindo o que ele falava — Isso muito bem. Agora aos poucos você vai tirando o pé da embreagem, bem devagar, e acelerando ao mesmo tempo. — fiz o que ele disse, mas o carro morreu pela segunda vez. Ele suspirou pesado — Vamos lá, de novo. 

Ele estava com o coração na mão, por causa do carro dele. 

(...) 

Já era a sexta vez que eu tentava sair com o carro e ele morria. Noah estava quase chorando quando finalmente na sétima vez eu consegui fazer ele arrancar sem morrer. 

— AH! EU CONSEGUI! N, EU CONSEGUI! — gritei animada pulando no banco enquanto o carro continuava a andar. 

— Sabina, se concentra, pelo amor de Deus! Joga a segunda, mas pisa na embreagem. — eu estava arrasando! Coloquei na segunda marcha sentindo o carro ganhar mais força. — Devagar! Quando chegar no final, quero que faça uma curva para direita, ok? — assenti pra ele, esperando chegar no final para virar. 

Fiz a curva tão lentamente que o carro quase morreu. Quase. 

— E agora? Como para esse troço? — perguntei já me desesperando. E se eu não conseguisse parar sem bater? Meu deus, me ajuda! 

— Calma, você não pode ficar desesperada. Vai pisando no freio ao poucos, quando sentir que o carro está quase parando pisa na embreagem, joga em ponto morto e puxa o freio de mão. Entendeu? — ele perguntou me fazendo assentir. Não parecia tão difícil. — Certo, quero que pare ali, naquela listra de terra no chão. — ele apontou. 

Fui desacelerando o carro tão devagar que quase passei da listra, tive que mudar logo a marcha e freiar bruscamente pra ficar nela. 

— Viu? Não foi difícil? Só não precisa pisar com tanta força no freio! Ainda bem que eu estou de capacete. — ele me provocou. 

— Você tá com inveja que eu serei uma motorista melhor que você. — provoquei de volta, fazendo ele rir. 

— Tá, vamos de novo. Sai com o carro. — ele mandou. 

Concentrei minha atenção no carro. Coloquei a marcha, pisei no freio, puxei o freio de mão e acelerei, mas alguma coisa saiu errado. 

— SABINA! VOCÊ ESTÁ DANDO RÉ! — Noah gritou me assustando, me fazendo tirar os dois pés dos pedais, e o carro morrer. Merda.

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