POV Sabina Hidalgo
Estava encostada no nosso carro, no estacionamento da escola, junto com minhas irmãs e os Urreas esperando Any e So, quando Pepe se aproximou.
— Oi. — ele cumprimentou sem jeito.
— Oi! — Shivani e Hina cumprimentaram simpáticas.
Nenhum dos Urreas respondeu. Estavam todos de cara fechada.
— Então, Saby, podemos ir agora? Eu sei que seria só mais tarde, mas achei legal irmos agora. — ele perguntou sem graça.
— Claro! — respondi sorrindo.
— Pode deixar que eu levo ela pra casa em segurança. — Pepe disse à minhas irmãs que assentiram simpáticas. Ouvi Noah bufar debochado assim que ouviu a frase.
Puxei Pepe pela mão e fomos caminhando até seu carro. Senti o olhar de Noah me queimar e me virei pra encarar aquelas orbes verdes, fodidamente sexys, que estava num tom escuro. Se pudesse matar com o olhar, Noah já teria me matado.
Voltei a olhar pra frente, segurando na mão de Pepe e fomos caminhando até seu carro.
O caminho até a sorveteria foi tranquilo. Pepe tinha ligado o rádio em uma estação qualquer e as vezes até cantarolava a música que estava tocando, enquanto eu o admirava.
Pepe era lindo, mas minha mente martelava pra saber qual era o motivo dele e Noah se odiarem tanto.
— Você quer sorvete do que? — ele perguntou assim que chegamos à sorveteria.
— Morango com chocolate. É meu favorito. — expliquei sentando na mesa.
— Então acho que vou provar seu favorito hoje. — ele disse sorrindo.
Pepe era do tipo perfeito. Abria a porta do carro, empurrava a cadeira, nunca me deixava pagar quando saíamos e outras coisas fofas que reparei nele nesse tempo todo em que estávamos saindo. Nunca um garoto me tratou tão bem quanto ele me trata.
Sorri observando ele pegar nossos pedidos. Algumas vezes ele olhava pra trás e sorria pra mim, me fazendo sorrir mais largo ainda.
Desde o nosso primeiro encontro, duas semanas atrás, nos encontrávamos praticamente todos os dias. Ele foi muito gentil e fez questão de me mostrar toda a cidade. Era fácil gostar dele, e aos poucos eu me encantava.
— Aqui está o seu. — disse me entregando um potinho de sorvete, quando voltou pra mesa. — Eu não sabia qual calda você iria querer então eu trouxe todas. — ele disse sorrindo sem graça.
Isso era tão fofo.
— Está perfeito. — achei graça do seu nervosismo.
— Eu gosto de te impressionar. — disse tocando minha mão e sorrimos um para o outro.
Ficamos a maior parte do tempo conversando sobre coisas aleatórias como sempre fazíamos, mas minha mente me pressionava pra perguntar o que havia acontecido entre ele e Noah.
— Então... — comecei — Qual o problema de verdade entre você e Noah Urrea? — não consegui ser discreta.
— Oh! — ele disse surpreso — Você notou. — suspirou pesado abaixando a cabeça e eu assenti. — Certo, vou te contar. Mas quero que isso sirva de exemplo pra você ficar longe daquele garoto. — eu assenti confusa. Eu não sabia que era tão sério.
— O que houve?
— No ano passado eu namorava uma garota chamada Britt. Eu a amava e sabia que ela me amava também. Tínhamos feito planos juntos do tipo ir pra mesma faculdade, dividir um apartamento e começarmos uma vida juntos. Só precisávamos esperar até o fim do ensino médio e ficaríamos juntos pra sempre, mas nesse meio tempo Britt e Noah se tornaram amigos e as coisas começaram a ficar... estranhas.
– Estranhas como? — incentivei ele a continuar, segurando sua mão. Ele parecia querer chorar e isso estava partindo meu coração.
— Britt começou a ficar agressiva e aparecer bêbada na minha casa de madrugada. Ela saia pra festas com o Noah e voltada pela manhã. Não ligava mais pra nada, começou a tirar notas ruins e ainda aparecia chapada na escola. Aquilo me assustou. Urrea sempre teve fama de que se metia com esse tipo de coisa, mas Britt não era assim, eu sabia que isso era tudo culpa do Noah. — dava pra sentir a dor e a raiva na voz dele. Ele apertava minha mão enquanto algumas lágrimas rolavam por sua bochecha.
— Continua. — pedi tentando passar força pra ele.
— Um dia eu segui Britt e Noah até uma dessas festas. — ele continuou — Vi Britt entregar dinheiro pra Noah e em troca ele deu um pacotinho com um pó branco. Acho que você pode imaginar o que era. — ele riu debochado enquanto as lágrimas raivosas caiam. — Eu fiquei destruído. Minha namorada tinha tanta vida, era uma pessoa tão feliz e Noah a transformou num tipo monstro viciado, magro e com olheiras profundas. — ele limpou as lágrimas do rosto com ódio. — No dia seguinte eu fui falar com Noah. Fui pedir para que ele parasse, que deixasse Britt em paz, mas Noah estava descontrolado, como se estivesse drogado, e me deu um soco no nariz. No mesmo dia minha ex sogra achou os saquinhos de pó nas coisas Britt.
— Minha nossa! E o que aconteceu com Britt? — perguntei em choque.
— A mãe dela a mandou para um reformatório. — disse suspirando triste. — Sinto falta dela. De quem ela era. — admitiu.
Eu não sabia o que dizer.
— Saby. — ele disse chegando mais perto e se aproximando do meu rosto. — Eu não quero cometer o mesmo erro que cometi com Britt, com você. Eu sei que pode parecer impulsivo mas eu realmente gosto de você, e só quero seu bem. Me deixa proteger e cuidar de você? Eu quero muito que você seja minha namorada. — ele pediu me fazendo arregalar os olhos sem reação.
(...)
Depois do repentino pedido de namoro, eu tinha dito ao Pepe que iria pensar. Quero dizer, nos conhecíamos há duas semanas, foi tudo muito rápido.
Pepe me deixou em casa dizendo que iria esperar ansioso pela minha resposta amanhã na escola.
Pepe podia ser a pessoa perfeita pra mim, mas eu não estava pronta pra aceitar um pedido daquele, não depois de toda aquela história, que ainda estava me assustando.
O dia terminou com um monte de perguntas das minhas irmãs sobre o meu encontro, como sempre faziam quando eu voltava com Pepe. Elas gostavam do garoto e surtaram quando contei do pedido de namoro.
Não demorou muito pra dar a hora de ir pra cama. Tomei um banho e fui direto pro quarto.
Já eram quase duas da manhã e eu não conseguia dormir pensando no que Pepe havia contado. Pensei em contar pra Hina, mas Pepe me fez prometer que não contaria pra ninguém e eu cumpriria essa promessa por ele.
Fiquei pensando em tudo o que Pepe passou com Britt, e no quanto deve ter sido difícil. Mas parecia que algo não batia nessa história, quer dizer, se Noah vende ou vendia drogas como é que nunca nem notamos? Ou como nunca ninguém notou? Será que Joalin, Josh e Sofya sabiam disso? Será que eles o ajudavam?
Ouvi o barulho conhecido dos carros dos Urreas e fui olhar pela janela. Vi o portão da casa da frente abrindo e dois carros saindo por ele. Era óbvio que um era o de Noah e o outro era o de Josh, mas onde diabos eles estavam indo essa hora?
Vi um vulto passando pelo portão e correndo pro lado do carona do carro de Josh. Era Joalin? São duas da manhã! Onde eles estavam indo a essa hora?
De qualquer jeito, era tudo um pouco suspeito. Eles pareciam não querer serem vistos, já que os faróis estavam desligados. O carro do Noah saiu na frente e os dois seguiram pela rua até sumir de vista.
Deitei na cama desconfiada do que tinha acabado de ver. Será que eles estavam indo...?! Deuses. Essa história estava começando a me assustar.
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Street Racer {Urridalgo version}
AksiA fama dos Urreas sempre deu o que falar em Miami. Sempre unidos e com as típicas jaquetas de couro e óculos escuros, todos conheciam aqueles quatro. De dia eram alunos normais cursando o final do ensino médio. De noite, através dos volantes, disput...