/ CAPÍTULO 7 /

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CAP. 7:

A televisão é desligada.

Sinto o medo se alastrando na sala. Daniela é a primeira a falar, ela parece desesperada:

- Meus Deus, o que vamos fazer??? Vamos ser mortos! - Minha amiga que estava sendo bem forte para encarar tudo isso, agora começa a perder as esperanças.

- Não, a gente pode tentar se proteger, basta sermos rápidos - Fala Marcela - Todos devem ficar aqui no bunker, vamos pegar o máximo de comida e água possível. É possível sobreviver aqui por alguns dias e não esqueçam que aqui tem um banheiro.

Então começamos um plano para o ataque da FRM, os adultos vão ficar com as armas caso algum terrorista invada o local e vão fechar todas as janelas e portas do colégio, para que pensem que não há ninguém.

Eles já sabem.

Nós estamos juntando é levando o máximo de comida e água para o bunker.

Gabriel está deitado, passa a metade do dia dormindo, sua febre está baixando aos poucos.

***

O bunker está lotado.

Já são 23:00 da noite e o único rastro que ouvimos dos terroristas são barulhos de tiros e bombas vindo de longe. Sinto lágrimas em meus olhos, quero minha vida normal de volta, sinto saudades dos meus pais e de Giovana, minha irmã de 8 anos. Sinto falta de poder rir e ir para todos os lugares. Será que o resto da minha vida será como está sendo nesses últimos 3 meses.
Quero parar de pensar nisso, acabo pegando no sono, assim como praticamente todos que estão no abrigo. Adormecemos, silêncio paira sobre a sala.

***

- O que foi isso? - Acordo com um barulho de dentro do colégio. Olho para a porta, ela está entreaberta. Alguém saiu.

Tento acordar Isa - Acorda... Isa... - Ela nem se mexe.

Vou em direção a Marcos - Marcos, a porta está aberta. - Ele pisca os olhos e senta.

- Como assim?

- Olha - Aponto para porta - Alguém saiu.

- Vamos ver - Ele levanta e eu o sigo, tentando ser silenciosos para não despertar ninguém.

Nos subimos as escadas e vamos para o pátio, ele nunca esteve tão silencioso. Lembro de quando brinquei aqui, por muitos anos, agora... Nada.

Estou atrás de Marcos que está com os olhos alarmados, com a mão no bolso segurando a arma.

- Não Ana! - Vemos Murilo gritando com a irmã, Ana Carla. Ela está tremendo e chorando.

- Eu não aguento mais, eu quero sair daqui! POR FAVOR! Me deixe em paz! - Ela corre em direção a porta e para.

- Ana Carla! Não há nada lá fora, nada! Fique aqui dentro. - Marcos fala quase gritando.

Eu estou paralisada, não penso em nada, meu corpo quer agir e parar Ana, sei que se ela sair não viverá, eu a conheço por tantos anos... Mas, minha mente me diz para ficar parada.

Então, fico.

Ana Carla abre a porta.

Dois olhos atravessam todos nós, nos observam por segundos.

Terroristas.

Eles levantam a mão apanhada com uma arma preta, capaz de mudar tudo, acabar com sentimentos.

Um. Tiro. Dois terroristas. Uma vítima.

Ana Carla está morta. A bala foi certeira na cabeça. Sangue.

Os dois homens entram, armas apontadas para nossas cabeças. - NO CHÃO!

Ninguém obedece, corro.

Sinto uma mão grande segurando meus braços, com muita força, sou forçada a parar. - ME SOLTA!

Um tiro.

Fecho meus olhos com muita força, espero a dor mas ela não vem.

Marcos atira no outro homem.
O barulho do gatilho chama a atenção de todos que estavam no abrigo e quando percebo meus colegas e os funcionários estão no pátio e eles me encontram nas mãos do terrorista com o cano de uma arma na minha barriga.

- Solta ela agora!!! - Grita Ágata.

- Eu quero que todos vocês se entreguem para a FRM ou a amiguinha de vocês morre. Um passo, um tiro.

Percebo que as pessoas querem fazer algo mas não podem. Ou irei morrer.

Como um raio, Gabriel aparece e joga uma faca na coxa de trás do terrorista, o homem cai no chão e me solta com um grito.

Eu corro para Isa e Marcos atira no homem. - Voltem para o bunker! Eu e os adultos vamos ver o que fazer com os corpos.

Todos vamos para o abrigo, eu abraço Isa e todos perguntam como eu estou. Conto o que aconteceu com Ana Carla, e então percebo que todos estão chocados ou chorando.

Tento assimilar tudo que aconteceu nessa noite. Ana Carla é morta, membros da FRM invadem o colégio, sou feita de refém e Gabriel me salva, mesmo ainda com um ferimento ele me salva...

De novo.

CONFINADOS - 1Onde histórias criam vida. Descubra agora