CONFINADOS - 1

/ CAPÍTULO 11 /

O rosto de Theo está vermelho, vejo as expressões dos outros, alguns estão espantados, alguns sorrindo e eu sinto orgulho de mim mesma.

- Voltem a fazer o que estavam fazendo - Marcos anuncia e todos saem.

- Laura, o que foi aquilo? - Diz Isa que estava ao lado do Jimmi.

- Foi um impulso... Quando percebi minha mão já estava na cara dele.

Eles riem.

- Confesso que gostei de ver aquilo - Admite Jimmi.

***

Voltamos para o bunker onde a polícia avisou que irão passar outro anúncio da FRM, cansei disso, me sinto exausta.

Cerca 20 terroristas com máscaras e armas gigantes nos braços aparecem na TV.

- Destruímos tudo, todos os supermercados e lojas se tornaram cinzas. Nós sabemos que ainda existem rebeldes a solta, e se eles não querem se render, que morram de fome. Não teremos piedade com ninguém. - Um dos homens fala e logo em seguida aparecem imagens das pessoas sendo maltratadas e trabalhando pesado. Todos estão sofrendo, chorando... É horrível ver essa gente sofrendo, enquanto eu estou bem e "segura" dentro do colégio, tem gente morrendo por comida.

Fico revolta - Nos temos que sair daqui! - Grito - Não aguento mais ver pessoas morrerem, temos que ajudar essas pessoas! Não estamos fazendo nada! Eles não vão parar - Começo a chorar desesperadamente. Ninguém diz nada, apensas me observam. Eu saio do bunker correndo.

Vou em direção para a quadra, quero ficar sozinha, quero ir embora, quero ver minha família.
Estou sentada na arquibancada, lágrimas escorrem pelo meu rosto e tudo o que aconteceu desde o ataque passa pela minha cabeça ...

- Laura! Laura! - Escuto alguém me chamando, é Gabriel. Ele vai até a minha direção com uma expressão de preocupado.

- Gabriel, por favor me deixa sozinha - Mas ele continua lá - eu não aguento mais, fico pensando se não seria mais fácil se render de uma vez.

- Ei, olha para mim - Ele levanta meu rosto e segura minha mão - Vamos conseguir superar tudo isso, vamos ser fortes, vamos lutar e vamos vencer. Juntos.

- Não sei se vou aguentar - Mais lágrimas saem pelos meus olhos e delicadamente ele as seca com seus polegares.

- Você é a garota mais forte que eu conheço... E a mais linda. - Diz ele tentando me fazer sorrir.

Meu Deus, eu nunca senti algo tão intenso... Eu não entendo meu coração.

Com suas mãos em meu rosto, me aproximo, ele olha para minha boca e eu para a sua.

Eu o beijo.

Logo no início ele é pego de surpresa, mas então nossos lábios vão se harmonizando e tudo se tornando a melhor sensação de todas.

Gabriel é carinhoso, mas encantador... Meu corpo nunca sentiu o que estou sentindo agora. Não consigo explicar, só não quero sair de perto dele nunca mais.
Ficamos juntos por um tempo e em certo momento percebo que ele está sério e pensativo.

- O que foi? - Pergunto.

- Laura, me promete que independente do que aconteça você não vai se colocar em perigo. Já perdi minha família, não quero mais perder alguém que eu gosto.

- Foi por isso que você se arriscou várias vezes né?

Ele assente e eu digo:

- Eu prometo, mas só se você prometer o mesmo.

Nós dois concordamos e ficamos juntos sem se tocar nem falar, eu olhando para ele e ele olhando para mim, felizes.

Não percebo o tempo passar, escutamos um barulho muito alto vindo da janela da arquibancada.

Um tijolo vindo rapidamente do alto, a janela que já não mais existia trazia a claridade de lá fora... O tijolo bate no chão e se estilhaça ficando só um papel com um laço.

- Eu vou ver, fique aqui. - Gabriel diz segurando minha mão.

Ele vai em direção ao papel rodeado de tijolo e vidro. Ele pega o papel e o lê. Ele traz o papel para mim. Eu leio.

"Sabemos que vocês estão escondidos na escola, vocês estão na nossa mira"