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x Eloísa x
Hipoglicemia. Minha filha teve uma hipoglicemia e por minha causa.
— Amor, a culpa não é sua — Luan repetiu pela milésima vez.
Eu só posso estar vivendo um pesadelo.
Por horas, mantive minha atenção fixa na janela aberta. Vi as estrelas, assim como vi o sol nascer.
Escutei minha mãe conversar com as enfermeiras e as informações obtidas eram sempre as mesmas, Maria Flor estavam em observação.
Meu coração estava apertado, eu sentia que algo estava acontecendo e ninguém queria nos dizer.
Foram mais vinte e quatro horas, somando quarenta e oito, nesse maldito hospital. Diferente da vez que tive Lucca, Maria Flor não passou todo tempo comigo, ela precisou de oxigênio, devido ao problema diagnosticado ainda quando eu a esperava.
Penteei meus cabelos com cuidado e olhava a porta. Era hora de ir para casa.
Luan passou pela mesma, cabisbaixo.
— Cadê nossa filha? — perguntei.
Luan respirou fundo e coçou a nuca.
Algo aconteceu, eu tenho certeza.
Engoli o nó que se formou em minha garganta e coloquei a escova de cabelos sob minha bolsa.
— Luan? — Perguntei novamente.
— A Maria vai ter que ficar, amor — Ele foi cauteloso.
Me encostei na cama e deixei que meu choro saísse.
Minha filha. Minha bonequinha.
Eu devo ter feito algo muito ruim para Deus, porque não consigo entender todo esse sofrimento em poucos dias de vida.
— Eu vou ficar — murmurei enquanto passava o dorso da mão pelo nariz.
— imaginei — Meu esposo murmurou. — Ellen disse que ia fazer o possível para nos mantermos confortáveis aqui. —  Assenti rapidamente.
Luan veio até mim e abraçou meu corpo. Escondi meu rosto na curva do seu pescoço e deixei que as lágrimas saíssem mais uma vez.
É terrível essa sensação de impotência, mais terrível foi quando cheguei em casa, só para tomar um banho e logo voltar para o hospital, e não a vi no quartinho que Luan e eu preparamos com tanto carinho.
Eu a queria aqui, junto da gente.

Cromossomo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora