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x Luan x
Eu conseguia dormir tranquilo sabendo que Elô e Maria estavam dormindo debaixo do mesmo teto que eu.
Nossa ida ao hospital eram de forma rotineira, retorno mensal ao hematologista, e a última vez que elas tiveram que dormir longe de casa foi quando fizeram a remoção do cateter, era algo simples, mas que nos preocupou bastante por causa do histórico da pequena até aqui.
Felizmente os dois primeiros meses mais críticos já haviam se passado.
Aos poucos a nossa vida estava voltando ao normal.
Fomos orientados a seguirmos nossas vidas normais, Maria Flor precisava ter a rotina de qualquer criança e que, tínhamos que nos reencontrar nessa nova fase das nossas vidas, principalmente Eloísa que era a mais afetada com tudo isso.
Como no dia quatorzes de julho estávamos ainda em tratamento, minha mãe, Bruna, Eloá e minha sogra resolveram preparar uma comemoração atrasada do primeiro aniversário da minha filha.
Não estávamos muito a par da situação, nem sabíamos quem havia sido convidado, para nós, Bruna apenas disse o horário e o local.
Ajudei Eloísa a dar banho nas crianças. Fiquei responsável por Lucca que, pela idade, fazia manhã para entrar e para sair.
— 'Vamo' cara. — suspirei me encostando no corrimão da escada.
— Espera papai, 'tá lá acabado. — Era a quinta vez que ouvia isso.
— Você vai ficar sozinho aqui em casa, não vai apagar a velinha da sua irmã e nem pular no pula-pula. — apelei.
— 'abom' papai, vamos — Veio eufórico até mim.
Sorri vitorioso e segurei suas mãos para subirmos até o quarto.
Comecei lhe dando banho, mas no final eu estava tão molhado quando ele.
Me livrei das minhas roupas, ficando apenas de cueca, e entrei embaixo d'água.
— Não é pra pular na cama — Avisei o colocando sob a mesma.
Porém era a mesma coisa que falar com as paredes.
Vesti minha cueca e a calça jeans e o chamei para se vestir. Mais uma guerra, Lucca ia para o lado oposto do meu, gargalhando, achando que eu estava brincando. No início eu não estava, mas sua risada era tão gostosa de se ouvir que foi impossível não entrar na brincadeira. — Pronto, mocinho — Suspirei. — Cuidado pra não bagunçar esse cabelo.
— Não vou papai — Se sentou comportado. — Se não, não vai ficar igual ao seu, 'né'?
— É — soltei um riso fraco.
Terminei de me vestir e me sentei para calçar os sapatos.
— Vem, deixa eu colocar seu tênis. — O puxei pelo pé, o fazendo gargalhar.
— Mas eu quero a galocha, papai. — tentou se soltar.
— a galocha não dá, filho, não está chovendo. — coloquei um par do seu tênis e ele fez menção de retirar. — Lucca, eu estou falando sério. — O repreendi. — A galocha hoje não!
Ele começou a chorar e partiu meu coração, mas não poderia voltar atrás, fora que se eu deixasse ele ir de galocha, Eloísa me mataria.

Cromossomo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora