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x Eloísa x

Passei boa parte do procedimento na capela do Hospital, acompanhada da minha mãe.

Meu choro era compulsivo e eu pedia, em voz alta, que Deus não permitisse que acontecesse algo com a minha pequena. Ela é muito novinha para estar exposta a tantos riscos.

— Eu 'tô' cansada, mãe. Cansada. — Passei as mãos pelo meu pescoço de maneira desesperada. — Quero que isso acabe logo, que eu acorde desse sonho ruim e que estejamos em casa, esperando Luan chegar de viagem e me contar tudo que aconteceu durante o final de semana na estrada.

— Vai passar, Elô, confia em Deus. — Seu olhar era de pena.

— Como confiar no cara que está fazendo isso com a minha filha, minha família, mãe? — Fechei meus olhos e não me importei com os soluços que saiam pela minha boca. — O que eu fiz pra merecer isso?

— Perdoai, Senhor, porque ela não sabe o que diz. —Ouvi minha murmurar e não contestei.

Eu me sentia fora de mim.

Sai daquele lugar e me sentei no chão frio do corredor. Abracei meus joelhos e encostei mina cabeça neles. Fechei meus olhos e mordi com força meus lábios inferior. Senti o gosto de ferro e a ardência, mas não me incomodei.

Talvez se eu me ferisse aliviaria um pouco.

— Mamãe!!!

Levantei minha cabeça e procurei por aquela voz inconfundível. Os bracinhos do meu homenzinho rodeou meu pescoço e eu me ajeitei para pudesse o abraçar melhor.

— Abraço de urso! — Exclamou empolgado. — Eu 'tavo' vou saudade.

O apertei mais contra mim e chorei baixinho, para não atrair sua atenção.

Eu sou uma péssima mãe.

— Ele estava chorando muito, Lolô. — Funguei e olhei minha cunhada. — Espero que não tenha problema traze-lo.

— Obrigada. — Minha voz soou rouca.

— Cade o papai? — Lucca se soltou dos meus braços e me olhou. — Por que você 'tá' chorando, mamãe? — Passou suas mãozinhas pelas minhas bochechas.

— Não é nada, meu amor. — O puxei para mim novamente.

Cromossomo do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora