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-Me diz porque estamos fazendo isso, mesmo?

-Porque, meu irmão, vai se casar com a Luiza.

-Tem certeza de que é melhor alternativa?

-Pietra, você não é obrigada a me acompanhar.

-Tá maluca?? E perder toda a diversão?

Atravessamos a Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro super apressadas, o sinal já piscava indicando que nosso tempo estava acabando.

Entramos no prédio na rua do Ouvidor, conforme indicado pela agência, quinto andar, respire fundo e toquei a campainha, arrumei a saia lápis preta e a blusa bege, a porta abriu, meu queixo foi no chão.

-Ammm...Desculpa, toquei por engano.

Saimos do prédio rindo tanto que foi necessário que nos apoiássemos na parede para gargalharmos um pouco mais.

-Meu Deus o que era aquilo, Maite? Tem certeza de que era o lugar certo?

-Tá aqui no email, olha o endereço. –Pietra deu uma olhada no papel entre uma fungada e uma respirada profunda para se recompor.

-Tem razão, mas tipo, impossível!

Realmente, impossível, o homem que nos atendeu usava uma cueca de elefantinho, com aquela "tromba" pendurada, ele era estranho, com uma cara de sono, barba por fazer...Sem chance!

-Vamos tomar um café antes de voltarmos para o trabalho.

-Desiste dessa loucura amiga

-Nem pensar! Não posso dar gostinho ao Rodrigo! Pietra, eu sou a irmã do noivo!

-E o Rodrigo seu ex namorado!

-Correção, meu ex namorado e padrinho do meu irmão. Não acredito que o Junior fez isso comigo.

-É....chamar seu ex e a atual pra padrinhos foi mesmo... –Pietra, fechou os dedos num círculo aberto, sim, foi um cu!

-Vamos naquele café na rua do Carmo.

-Ah não, muito longe! –odeio a preguiça dela! –Vamos aqui mesmo na livraria que dá no mesmo. Amo trabalhar no centro do Rio de janeiro, existe tanta opção pra tudo. Que...sei lá, amo!

Entramos na gigantesca livraria na rua do Ouvidor mesmo, havia uma fila de espera, nada muito grande, umas cinco pessoas na frente, Pietra fez o que sempre faz, disfarçou e foi furar fila, parando no balcão, isso me mata de vergonha.

Mas não serei hipócrita, finjo que não vejo e aceito os jeitinhos que ela dá pra tudo. Enquanto ela esperava pelo pedido, estava na cara que iria demorar um pouco, afinal às 13 horas, num dia nublado, todos os trabalhadores de bom senso estavam em busca de um café, e bom, fui zanzar um pouco, estava vendo as novidades quando me interessei por um exemplar com um tigre azul na capa, parecia promissor...lembro que pensei em comprar, mas depois...hmmm a fila do caixa estava enorme, coloquei-o de volta na prateleira e dei meia volta, alguém deu meia volta também e nos esbarramos feio!

O cara pediu desculpas, eu pedi desculpas e nos olhamos, ele sorriu, fiquei meio sem graça, caralho que gato! Olhos castanhos, nariz perfeito, eu amo nariz, afinal fica no meio da cara! Olhei para os lábios dele, foi tão rápido, mas ele me deixou ver seu sorriso, lindo. Depois disso se afastou com um livro.

Não sei o que me deu, peguei o primeiro exemplar que minha mão alcançou e fui o seguindo, disfarçando, Pietra acenava pra mim, e fiz que não com a cabeça, ele entrou na fila que havia diminuído consideravelmente, estiquei os olhos, entortei o rosto, fingi que estava procurando uma revista na prateleira que segue até o caixa e finalmente ele mudou a posição do livro e pude ver que estava para comprar Grande Sertão Veredas. Primeiro pensamento "hmmm...culto''.

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