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Soube que o amava, mesmo sem conhece-lo, apenas chamando-o pelo, o que talvez fosse, seu primeiro nome. Eu amava o William, sendo ele michê ou um motorista de Kombi que faz frete ou motorista do carro da tapioca, sei lá, no fundo começava a me acostumar com a ideia de amar um homem apenas por amar. Amar o que ele representa na minha vida, não o que faz, amar sem esperar que me amasse, amar o carinho que tinha por mim, me negando em acreditar que ele estava sendo assim pois comprei esse carinho. Minha mente dava voltas e voltas e sempre parava no mesmo ponto, a incerteza de que toda aquela dedicação não era fruto daqueles dezoito mil Reais, nem tampouco por culpa dos bens que possuía. Vendo seu rosto sobre o meu, seus olhos amendoados que me percorriam a alma, precisava me agarrar a um fio de esperança sequer de que aquele homem que estava sendo perfeito, era perfeito pra mim.

As carícias de William sempre tão cheias de amor, de desejo e cumplicidade, regadas por uma dedicação que me encantava profundamente. Era um amante incrível, e um homem extremamente misterioso, um cara que me é capaz de fazer revirar os olhos com algumas palavras ao pé do ouvido e no mesmo instante, desaparecia, como a névoa densa, prenuncio de um dia ensolarado. Contudo, não esperava por um dia de sol, eu queria a névoa e isso me assustou absurdamente. Senti-lo escorregando para dentro de mim novamente, enquanto suas mãos seguravam meu corpo, mantendo-me o mais junto dele possível, procurando decifrar meus desejos, meus pensamentos, meu querer, ainda que jamais pudesse fazê-lo, pois o que queria era ele, e ele estava ali.

Meus devaneios e elucubrações me foram arrancados com um som baixinho que saiu de seus lábios, e outro e outro, William não estava mais me olhando, estava sentindo. Seus olhos fechados, seus lábios entreabertos e ele gemia a cada vez que me estocava. Comprimi o abdome sempre que ele tirava um pouco, sabia que isso faria toda a minha musculatura interna aperta-lo e soltei quando entrou mais fundo, seguidas vezes que ele precisou parar. Apoiou os braços ao lado do meu corpo e me levantou um tanto, nos virando e quando me vi por cima de William, foi minha vez de fechar os olhos, meus joelhos sobre a cama, ao lado de seus quadris, precisaria me concentrar nas estocadas para que não me machucasse, e assim foi, uma e outra vez, até que não pude mais suportar e me entreguei apenas às sensações, apenas ao William. Meus seios eram tocados tão gentilmente, depois passou as mãos para meus quadris e deslizou até segurar minha bunda, forçando meu corpo a uma entrega segundo o ritmo dele, me conduzindo a ele, e continuei apertando meu ventre ao máximo de minhas forças sem ao menos pensar. Até que aquela sensação conhecida surgiu, entre um gemido e uma respiração acelerada. Não consegui me manter sentada e desabei em seu peito enquanto ele continuou seguindo naquele ritmo com suas mãos em minha bunda, lançando meu corpo para cima e para baixo, mais três ou quatro vezes e pude sentir seus dedos se fechando em minha carne, puxando meu corpo para junto dele e meus ouvidos receberam o som de seu clímax. E estávamos nós, exaustos, de um gozo intenso, a cabeça sem assimilar nada mais complexo que um simples "muito bom". William acarinhava minhas costas enquanto eu relaxava um pouco em seu peito.

E ficamos ouvindo o inspirar e expirar do outro em busca de uma calmaria momentânea.

— Agora sou eu quem quer mais... — a voz de William me tocou com intensidade e paixão.

— Também quero mais. Me dá mais meio minuto... — ainda estava ofegante ao lhe responder.

— Não está cansada? — Acho que não vou me cansar tão cedo...

Palavras dúbias vindas de um coração dividido entre a dúvida e a esperança. Os momentos que passei com William se alternavam entre o sexo apaixonado, até um pouco violento e o toque sutil de um amor tranquilo. E era quase dia claro quando nos abraçamos, os olhos pesados e o sono veio.

~~*~~*~~

— May... — ouvi a voz do William tão distante e ouvi mais algumas vezes.

Senti sua respiração em minha orelha, e uma mordida leve que me fez sorrir, um braço forte que me puxava de encontro ao seu corpo, um nariz perfeito inspirando o aroma dos meus cabelos, roçando meu pescoço e nuca. Falou-me com o hálito mentolado, sussurrando um bom dia, morena. Esfreguei os olhos para me acostumar com a luz do sol que invadia o chalé.

— Esquecemos de fechar o quebra luz... — constatei me sentando na cama. Me virei e William me olhava com o rosto apoiado na mão, um sorriso idiota na cara que nem quis saber o motivo, me levantei ainda nua e fui para o banheiro, joguei água no rosto e vi meu reflexo, entendi o motivo do sorriso, meu cabelo parecia um ninho de passarinho e meus olhos estavam borrados de rímel. Filho da mãe. Quando saí do banheiro William estava ao telefone, levantou os olhos em minha direção e sorriu entre um aham e mais outro.

— ... Eu sei, não tem problema, nos falamos quando eu voltar... Tchau.

Passei por ele já vestida com meu biquíni.

— Perdemos o café da manhã, são onze horas... — levei minhas mãos à boca fazendo cara de "Oh", num deboche que o fez sorrir.

— Fala sério, William... Ele fechou um dos olhos, apertando-o em uma careta.

— Tem razão, por um instante esqueci que aqui você é a dona Maite.

— Sim, sim... Vamos? — vesti um vestido quase transparente, apertando meus cabelos para tomarem volume nas pontas.

O telefone de William tocou mais uma vez, ficou me olhando... esperando que eu dissesse alguma coisa, mas coloquei os óculos escuros, e saí.

Ele veio logo atrás, mantendo uma pequena distância que não me impedia em nada de ouvi-lo falar em italiano, obviamente que não entendi nada! Ele falava tão rápido, as palavras tropeçavam em meus ouvidos num tanto de erres e tes.

Parecia um tanto irritado e isso dava pra sentir em seu tom de voz, entretanto falou pausadamente sua última frase antes de desligar.

— ... e cosa si aspettano da me? — "e o que eles esperam de mim?" Foi o que disse! Seriam seus novos parceiros?

Será que depois daqui já havia a quem atender?

Merda! Ele vai me deixar!

Por mais vontade... não iria perguntar nada, ele disse que quando voltássemos me contaria, tentei manter a ansiedade sob controle, era mais um dia de espera apenas...

Ah! Mais que Diabo estava pensando? E o homem do restaurante? Precisava escapar até a entrada de Penedo!

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