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O celular tocou, Mônica o atendeu sorrindo e logo o passou para mim. (postar a partir daqui)

Era a Maite.

— Fala minha irmã. Bom dia.

— Bom dia, Pietra, tá pensando em fazer o que neste lindo feriado?

— Caminhar na praia, depois dar uma passada na loja...

— Por falar em loja, vem lanchar comigo... e traga uma cesta de bolinhos de chuva recheados.

— Recheados variados?

— Menos de banana!

— Menos do seu preferido, certo... enjoou deles?

— Enjoei sim.

— Tá legal, nos vemos lá pelas dezesseis horas. Maite comia tanto os bolinhos recheados de banana caramelada que nos últimos dias era um prejuízo quando ela colocava os pés na loja! Ainda que o marido dela fosse meu sócio, não dava pra ignorar o fato de que comia o tempo todo sem pagar... Ah minha Nossa... Estava pegando o pão durismo de Ricardo...

Passeamos na praia, Mônica e eu, almoçamos no quiosque e só então fomos para a loja no shopping, esse era definitivamente o lado ruim do comércio, não tinha jeito de fechar pra descanso... todo dia marcávamos ponto por lá, mas 265 no fundo não reclamava, qualquer coisa era melhor que trabalhar onde May e eu trabalhávamos.

— Mônica, faz um favor pra mim? Dá uma conferida no livro estoque e compara com o que tem de fato.

— Claro, tudo bem. E você o que vai fazer?

— Livro caixa, vou conversar com o gerente... — naquele instante avistei uma cobra serpenteando na direção da loja — ...Oh Deus... — Senhor daí me paciência, foi o que pedi em meu íntimo.

Mônica se virou e soltou um suspiro demorado, depois se retirou.

— Boa tarde, Pietra

— Boa tarde, Letícia. Em que posso ser útil?

— Faz tanto tempo que a gente não se fala, estava aqui com meu namorado e te vi passar... a loja é sua?

— É.

Hmm... Legal... e a Maite? Tudo bem com ela?

— Tudo bem com ela, comigo, com a Mônica, o William, tio Bento, Junior, Luiza, tia Ana, Alex, tudo bem com todo mundo. — sei que fui agressiva naquele momento, mas depois da trepada furada da manhã... paciência era o que eu não tinha!

— Desculpa eu... só pensei em te cumprimentar... saber como estão todos...

— Já que estamos falando da saúde de todos, e o Rodrigo...notícias dele?

— Nos falamos um tempo depois do casamento, ele estava se sentindo muito sozinho, Junior não queria mais nem olhar pra ele... Mas foram só alguns telefonemas...

— E seu namorado, quem é?

— Ah o Wagner, ele é professor da academia onde estou fazendo dança... Estiquei os olhos na direção em que Letícia olhava, e que coisa mais horrorosa era aquele homem? Parecia um monstro de tanto músculo e pelo jeito 266 com que ele olhava para as meninas ao redor... Letícia devia ser a mais corna das namoradas... A justiça tarda mais não falha.

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Quando May abriu o portão para me receber, percebi na hora que tinha alguma coisa diferente acontecendo, ela estava com um sorriso tosco, fazia tempo que não a via com aquela cara, desde... desde a primeira vez que transou com o William.

— Trouxe meus bolinhos?

— É lógico e boa tarde pra você também, que mania de não falar direito comigo.

— E Mônica?

— Ficou na loja, resolvendo umas coisas pra mim... Você não vai acreditar quem perguntou por você?

— Quem? Se disser ninguém vou bater em você.

— Quase isso... Letícia.

Maite parou nos degraus antes de abrir a porta da sala e me olhou desconfiada.

— Sério?

— A vaca deve estar com a cabeça pesada de tanto chifre! Arrumou um bombadão, parece um corneto, cara esquisito com pernas finas e um nariz... ele me lembrou... — não aguentei, com a lembrança do rosto do homem e cai na gargalhada — ele tinha a cara do Popeye!

— Cruzes, que horror. Ah, foda-se. E meus bolinhos?

— Aqui.

Adorava a casa deles, tudo era tão clarinho e havia tantas plantas e claridade...

— Cadê o fedorento?

— Conseguimos mandá-lo pro banho e tosa. Sente-se, vamos conversar um pouco.

— Sim, sabia que tinha alguma coisa pra me contar.

— Tenho um convite pra fazer, na verdade William e eu temos.

— Por falar nele, cadê o bonitão?

— Está no quarto, conversando com a nonna... Ah! Olha ele vindo!

William se aproximou e nos abraçamos, ele sorria tão feliz, então ficou ao lado de minha melhor amiga e seguravam as mãos.

— Falou com a nonna? — Maite perguntou baixinho, parecia tensa.

— Tudo certo. — respondeu com um sorriso ainda mais aberto.

— Hoje é o dia das ligações internacionais... Ricardo ligou hoje e.... — eu até contaria, mas William estava olhando curioso e achei melhor preservar o Ric, acho mesmo que o bonitão não deixaria de sacaneá-lo na primeira oportunidade — deixa pra lá... Mas fala, o que vocês querem?

— Lembra do meu aniversário de 31 anos?

— Inesquecível! Ficamos um tempo no banheiro...

— Lembra do que conversamos um pouco de ir embora?

— Ah não vou lembrar.... Refresque a minha memória, mas antes refresque a minha garganta, por favor, cerveja?

— Temos. — Maite serviu a bebida em uma taça e a deslizou suavemente para mim.

— Não vão me acompanhar?

— Não estou com vontade.

Olhei para Maite esperando sua resposta, ela sorriu e uma de suas sobrancelhas arqueou levemente.

— Gestantes não devem ingerir bebida alcoólica.

O Mundo parou.

Então um grito enorme explodiu de mim e logo dela!

Você será a madrinha! ...seria a madrinha com muito orgulho, meus olhos marejaram e os dela também.

Já conseguia me ver ensinando tudo o que realmente valia a pena ser ensinado para aquela criança...

Suspirei. Sorri de lado.

Às vezes acho que a Maite não pensa muito bem em suas decisões.

Aluga-se um noivoOnde histórias criam vida. Descubra agora