O ajudante do meu professor • Hemmings EDITANDO

Aula de reforço?

Belinda POV

Assim que a minha tentativa fracassada de jogar futebol acabou, o professor pede para falar com ele depois da aula.

Ok, eu sei. Definitivamente, educação física não é o meu maior forte. Eu juro que não sei como passei nessa matéria ano passado, ou melhor, em todos os anos anteriores.

Limpo o suor em minha testa e suspiro cansada. Eu não aguentava mais essa matéria. Não aguentava mais esse professor! Por que ele não podia simplesmente passar um trabalho escrito como todos os professores de educação física normais? Na escola do meu irmãozinho, quem não quer fazer a aula prática, apenas faz um trabalho escrito e pronto.

Mas claro que com o professor carecudo é diferente. Segundo o mesmo, a prática é muito importante.

O sinal bate e todos saem da quadra, porém, eu permaneço no mesmo lugar.

- Não vem, Belly? - Cristal pergunta.

- Não, o professor quer falar comigo. - digo e faço uma careta em desgosto.

- Ah não. - ela murmura com pena. Eu bufo. - Te espero na sala. Vai dar tudo certo! - me incentiva e eu sorrio irônica. Nós duas, ou melhor, a escola inteira, sabia que não ia dar nada certo. - Por favor, vê se não mate nosso professor. - arregala os olhos, mas logo em seguida ri divertida e vira as costa, caminhando até a saída.

- Vou tentar. - murmuro entre os dentes.

O professor carecudo, sim apenas eu o chamo assim, caminha em minha direção.

Ele não gosta de mim porque eu sou a única que tem coragem de o enfrentar. Bom, é recíproco! Eu o acho um convencido que faz de tudo para me ferrar.

- Então, Belinda. - quebra o silêncio e a minha respiração fica presa. Agora era o meu fim. - Aqui estamos. - indica com a cabeça para sentarmos na arquibancada e eu o sigo.

- O que queria falar comigo? - pergunto assim que nós sentamos e reviro os olhos.

- Belinda, agora o assunto é sério. - diz firme e eu engulo em seco. - Você não vai conseguir passar de ano se continuar assim na educação física! - arregalo os olhos quando ouço suas palavras tão diretas.

- O que? - digo indignada, minhas narinas inflamando. - Você é o professor, devia me ensinar! - protesto.

Eu sei que eu sou péssima em esportes, mas eu não achei que ele fosse me reprovar! Ele sempre me passou, mesmo que fosse na média. Mas ele sempre o fez!

- Eu tento. - diz irônico e eu sorrio da mesma forma.

- Claro que tenta. - bufo.

Encaro a quadra em minha frente. Eu estava tão chateada. Não podia reprovar, precisava passar para Havard. Isso não é nada bom.

- Não pode simplesmente passar um trabalho escrito de como o esporte é importante? - volto a dizer, sugerindo esperançosa.

Claro que eu sabia que ele não iria ceder. Claro.

- Você sabe que não! - seu tom parecia cansado. - Já tivemos essa conversa trinta zilhões de vezes, Belinda. - passa as mãos pela sua careca. É, ele estava de saco cheio.

- Mas eu não sei o que fazer. - franzo a testa. - Eu não tenho culpa de ser péssima. Não nasci com esse tom. - mordo os lábios nervosa.

- O problema é que você não nem tenta! - diz o óbvio. Abro a boca indignada pronta para protestar, mas ele continua. - Eu ensino, ensino e ensino, mas você parece sempre estar no mundo da Lua!

- Eu não vejo como a culpa é minha nisso tudo? - me irrito. - Veja bem, tentei jogar futebol hoje! - grunho.

- Você nem ao menos tentou chegar perto da bola. - diz igualmente irritado. - Apenas ficou correndo para lá e para cá. Não é isso que eu quero!

Ótimo, já estávamos discutindo.

- E o que você quer? - digo entre os dentes, minhas mãos fecharam em punho de tão irritada que eu estava.

- Quero que participe! - diz o óbvio. - Quero que realmente tente. - pausa. - Na educação física, eu sei que pode ser complicado porque não necessariamente o indivíduo tem boas habilidades para jogar, porém, é necessário o trabalho em equipe, a cooperação, a tentativa! - volta a dizer com seu discurso orgulhoso. - E eu não vejo você fazendo nada disso, sendo que é isso que eu avalio. - encaro minha mãos. - A pessoa que evoluiu de alguma forma. Que tentou! - escuto-o dizer.

- Olha, professor. - começo baixinho ainda encarando as mãos em meu colo. - O que você acha que eu deva fazer? - cedo enfim.

Não tenho escolha. Precisava passar nessa matéria.

- Esse é o seu último ano. - diz. - Logo já vai se formar e nunca mais nos veremos. - o encaro imediatamente e o vejo sorrir aliviado. Filho da puta. - E como eu não quero ter que te aturar ano que vem, vou te ajudar. - seu tom era convencido e eu reviro os olhos.

Claro que é por isso que ele veio falar comigo e quer me ajudar. Ele não quer me ver mais aqui nesta escola. Eu sabia que pelo fato de eu o confrontar, ele tem medo de ano que vem, se eu repetir, continuar o desafiando. Mas é óbvio que eu não quero repetir de ano e nem ferrando vou continuar a aturá-lo, então, vou aceitar a sua ajuda.

- E o que o senhor propõe? - digo, enfatizando a palavra "senhor".

Ele respira fundo.

- Aula de reforço de educação física.

- Isso existe? - franzo a testa em horror.

- Claro que sim.

- E quando começamos? - pergunto totalmente desanimada.

Passar mais tempo com o professor que eu não suporto? Isso sim era o pior castigo do mundo. O cara era um pé no saco.

Ele gargalha divertido

- Nós não. - sorri vitorioso. - Você!

- Eu? - pergunto confusa. - Vou aprender sozinha? Sem ninguém para me ajudar? Então, não é aula de reforço, seu careca. - meu tom é sarcástica e vejo-o cerrar os olhos em desgosto.

- E você acha mesmo que vou te aturar tanto tempo assim? - encolho os ombros. - Ah, mas nem morto! - exclama. - Um antigo aluno meu que está se formando na faculdade para ser professor de educação física e vai te dar as aulas de reforço. Ele é realmente muito bom.

- Nossa, professor! - bato palmas. - Jogando os seus problemas para os outros. Que exemplo! - digo ironicamente.

- Ele precisa de experiência para dar aula, Belinda. - me olha irritado. - Vai ser ótimo para ele e para mim que não vai precisar conviver com você tanto tempo.

- E quando começo? - pergunto curiosa.

- Vai ser toda terça e quinta depois das aulas. - arregalo os olhos. - Ah, é bom que você já vai estar aquecida para a aula de reforço. - sorri maldoso. - Ah, começando pela terça de amanhã.

Ele já tinha pensado em tudo.

- E aonde vai ser?

- Nessa quadra mesmo. Por favor, não se atrase. - avisa em um tom sério. - O meu ex aluno vai estar te esperando. - ele se levanta e eu faço o mesmo, assentindo.

Que droga! Vou ter que aturar isso por um bom tempo. Ainda faltam meses para o ano letivo acabar