Capítulo 35 - Morrer

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Havia sangue por toda minha barriga, Gregório estava jogado em cima de mim, pressionando meu corpo.

Jonathan ainda gritava, e quando me viu, arregalou os olhos. Ele puxou Gregório de cima de mim, e ele ainda gemia, Gregório ainda estava vivo.

- Meu Deus, você está bem? - Jonathan se ajoelhou do meu lado. - Esse sangue não é seu, é?

Tocou minha barriga, procurando por ferimentos. Mas não havia nada.

Eu afastei as mãos dele.

- Não me toque. - Sussurrei.

Ele me olhou como se tivesse levado um tapa. E em seguida, olhou para onde tinha colocado Gregório.

Ele estava sangrando, com uma faca no peito. O sangue era dele.

Quando ele se jogou em cima de mim, involuntariamente a faca que eu havia pegado, entrou no peito dele, mesmo antes dele tentar me machucar.

Jonathan se aproximou do tio.

Por um momento os dois ficarem se entre-olhando, mais e mais sangue corria do peito do Gregório.

Até que ele disse:

- Eu .. Sinto.. Sinto muito.. - Disse com certa dificuldade. - Esp.. Espero que.. Um.. Um dia.. Poss.. Possa me.. Perdoar.. - Disse ele, surpreendendo á mim e ao Jonathan. - Não.. Não.. Não conte nada, ao.. Aos meus filhos.. Po.. Por .. Por favor! - E então, ele morreu.

Eu estava sentada, observando tudo. Eu queria muito correr até o Jonathan e abraça-lo, dizer que tudo ficaria bem. Mas, não o fiz.

Ele tinha me deixado, me deixado sozinha. E isso eu não podia simplesmente esquecer, por mais que eu quisesse.

Para a minha surpresa Jonathan se virou para mim. Sentando ao meu lado.

- Ele morreu.

- Eu percebi. - Disse grossa. - Eu o matei.

- Não se culpe. Não foi a sua culpa. - Ele me olhou.

- Eu não me culpo. Não estou arrependida de ter matado ele.

- Não está? - Ele disse surpreso.

- Ele matou seus pais, e iria me matar. - Falei. - Foi pura defesa!

- Não sei se devia, mas me sinto mal pela morte dele. - Agora ele estava olhando para o corpo do Gregório.

- Isso é normal. Ele é seu tio, você viveu com ele, tinha que sentir algum afeto. - Tentei ser o mais neutra possível.

Jonathan tocou o meu pescoço, onde tinha uma pequeno corte.

- Está doendo? - Indagou.

- Não. - Respondi e me afastei.

Ele por sua vez, me puxou para perto dele, contornando os braços pela minha cintura, me impedindo de fugir.

- Samantha, por favor, pare de fugir de mim.

- Jonathan me deixa.. - Coloquei a mão em seu peito tentando empurrá-lo.

- Me deixa explicar.. Por favor.. - Eu tentei empurrá-lo com mais força. - Não se afaste de mim.

Aquilo tudo me cortava o coração.

Eu queria abraça-lo, beijá-lo. Mas, meu orgulho não me deixava.

- Você não tem que explicar nada. - Falei.

- Tenho sim.. Você pensa que eu deixei você.. - Ele respondeu.

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