VII

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Passei a manhã com os criados e escravos, juntei-os todos no estábulo e tentei fazer-lhes ver o meu ponto de vista em relação ao tratamento dado a cada um e à forma como eu queria que ajudassem na fazenda, disse-lhes que estava de acordo com os ideias da revolução e que para que a fazenda continuasse precisaria de pessoal que acreditasse no mesmo que eu, seria dado a cada família um pedaço de terra para que a cultivassem para o seu próprio sustento, esse seria por enquanto o seu pagamento, por trabalharem na casa e nas terras que pertenceriam sempre à plantação, haveria uma parte que seria para o auto sustento da fazenda de preferência com a plantação de mais tabaco, as ferramentas necessárias ao cultivo e as sementes seriam para todos, se alguém não concordasse podia ir embora agora.


- E nós, menina? Também? - perguntou um sr. negro que estava sentado num dos últimos bancos.


- Joseph, é assim que se chama não é? - perguntei-lhe.


- Sim, menina.


-Então, Joseph, sim os senhores também terão o mesmo direito que os trabalhadores brancos, aqui não haverá distinções, seja negro, branco, índio ou mesmo as mulheres, todos terão direito ao mesmo - ao ver algumas cabeças de olhos arregalados olhando entre si - como já disse quem não concordar saia agora, não vou admitir inconsideraçoes a ninguém. Concordam? - sustive a minha respiração, não sabia se seria um bom plano mas era com certeza uma inovação em todos os sentidos, e se todos colaborassem seria muito bom, deixei-os pensar e um dos homens brancos levantou-se e olhando ao redor, falou: - eu falo por mim e pela minha família senhorita, nós vamos aceitar, parece-me um bom plano para o momento que estamos a viver, será uma boa coisa, todos teremos algo e ao mesmo tempo a plantação não perde nada. Concordamos não é? - e todos concordaram com ele, abanando a cabeça, murmurando uns sins, de uns para outros. Notei que em certos olhares havia o receio principalmente nos negros, era natural nunca tinham sido chamados a nada nem nunca lhes ofereceram nada em troca do seu trabalho, sentia-me no mesmo barco que eles, a navegar direcionada por outros sem bem ter a certeza onde o meu barco iria atacar e se atracaria em segurança, olhei para onde estava Joseph, e ele susteve o meu olhar com um ligeiro sorriso nos lábios, sorri-lhe de volta e tomei coragem para enfrentar os homens em minha casa. Emaranhada nos meus pensamentos deixei o pessoal e subi até à casa, a meio do caminho, notei que Pulaski estava encostado a uma árvore com um rosto triste, devagar não o querendo assustar, - Bom dia mais uma vez, General - o homem deu um pulinho e de imediato se agarrou ao coração largando a bengala com que sempre andava, - oh desculpe, não queria de forma alguma assusta-lo , por favor perdoe-me.


-Oh não, estava aqui a pensar com os meus botões, - agarrou novamente na bengala batendo com ela na perna num movimento ritmado - estava aqui a pensar que deve ser um incómodo muito grande para si senhorita ter tanto homem junto dentro da mesma casa, pela minha parte peço perdão, reparei que não ficou muito satisfeita com a situação.


- General, não está muito longe do que sinto, mas não por a casa estar cheia, apenas porque não me informaram antes, o General Washington e o Coronel Heughan tiveram muito tempo para isso. - agarrei no meu chapéu para me abanar, estava muito calor.


- Sim provavelmente a srta já deve ter tido muito tempo para conversar com eles, não? - agarrou-me no cotovelo para subirmos o caminho até casa.


-Sim claro, cheguei à três dias e ontem o coronel Heughan passou uma parte do dia comigo, mostrando-me a plantação e nunca tocou no assunto.


-ah sim? Passaram o dia juntos e ele não disse nada, que mal pergunte senhorita do que falaram? - virei-me para ele, parei, levantei a minha sobrancelha.


-Como senhor? - questionei-o


-Se passaram tanto tempo juntos e não falaram de coisas importantes, do que falaram? o coronel Heughan tem sempre tanto assunto sobre a revolução, um acérrimo defensor dos ideais da liberdade, sempre com tantas teorias, não falaram sobre a vinda de Lá Fayette de quem tanto Heughan gosta, está sempre junto a ele quando estão os dois na mesma sala. - olhei para o homenzinho franzino ao meu lado, parecia que o homem estava enciumado com as amizades de Sam, inclusive comigo.


-Ora senhor de tudo, falamos de tudo sobre a plantação, eu contei dos meus planos de organização e o coronel Heughan simplesmente me ajudou a rever alguns pontos da minha ideia, sim, foi disso praticamente que falamos. É... bem, vai desculpar-me mas vou pelas traseiras da casa tenho que falar com as cozinheiras, se me permite. - baixei a cabeça numa mesura e afastei-me, olhei para trás uma única vez junto à esquina da casa e vi como o general Pulaski bateu numa árvore com a bengala com toda a força, credo, o que lhe teria dito, teria de alertar Sam para este homem, parecia violento.


Na cozinha estava a sra Osmond que pelo que percebi sempre foi cozinheira na casa, mesmo no tempo dos anteriores donos, olhava-me sempre de soslaio, resolvi pra mim mesma, até antes de chegar que não queria saber o que tinha acontecido à família, provavelmente teriam sido ingleses mergulhados em alcatrão e penas e enviados forçosamente para Inglaterra, neste período era o pão nosso de cada dia da nobreza, o que eu achava muito bem, quer dizer não havia necessidade de ou seria demasiado no meu ponto de vista encharcarem as pessoas com alcatrão deveria ser uma coisa dolorosa, mas enviá-los para Inglaterra achava muito bem, quando se quer plantar algo de novo deve-se limpar muito bem o terreno da última sementeira, era o que deveria acontecer aqui na América, por isso concordava com a deportação, naturalmente a sra Osmond deveria ter sido dedicada à anterior família e via em mim não a sua nova patroa mas uma intrusa, bom pior para ela, eu não tinha intenção nenhuma de voltar atrás, tinha vindo para ficar.


-Senhora Osmond como estão os preparativos para o almoço, tudo encaminhado? Precisa de ajuda?


-Claro que não menina, e com certeza não sua. - Nem olhou para mim.


-Ora porquê? Não me julga capaz de cortar umas batatas ou arranjar uma galinha? - e sorri-lhe, não queria que ela sentisse que lhe estava a diminuir a posição. - pois se pensa isso, está enganada, nunca matei nenhuma, mas não deve ser difícil julgo.


-Pois menina, pagaria para ver, principalmente para a apanhar, mas não, fique descansada o seu trabalho é organizar e o meu é preparar a comida deste batalhão e falando em batalhão como faço, já agora, para arranjar comida para o que aí vem?


-Sim, uma verdadeira preocupação, mas o General Washington disse-me que os regimentos de cada General trarão mantimentos, assim agradecia-lhe senhora Osmond, que verificasse tudo e que utilizasse o que pudesse, para o pessoal da casa, ao que parece os regimentos mantém-se a eles próprios, espero bem que venham muitas carroças carregadas, mas o que precisar senhora Osmond combine com Imelda ela sabe o que fazer, tenho algum dinheiro combine com ela talvez precisem de enviar alguém à cidade arranjar mais mantimentos ou animais. Imelda é de minha inteira confiança, combine com ela sim? Vou arranjar-me para o almoço por enquanto somos só nós e o General Pulaski. - assentiu e de imediato começou a gritar ordens para as moças e moços que tinha a seu encargo. Saí da cozinha a pensar que naquele território quanto menos pisasse melhor, Imelda que tomasse conta daquela parte da casa


Onde Tu Fores... IreiOnde histórias criam vida. Descubra agora