XXXVIII

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Não eram muitos kms de distância e deste lado a sul as coisas estavam mais serenas, demorámos 20 dias em viagem e porque de vez em quando fazíamos pequenas paragens. Entretanto íamos decidindo o que fazer. Sam teria que voltar a Filadélfia para apoiar o exército continental mais uma vez e eu estando grávida não poderia ir com ele de forma alguma só por isso já me sentia sem ânimo, já tínhamos enviado recado a Imelda através de um batedor para que se encontrasse comigo em Monticello, seriam dias solitários sem Sam, mas não havia outra forma até que tudo se resolvesse.
- Vai ser difícil para nós durante uns tempos, mas prometo chegar a tempo do parto, vou estar lá contigo mesmo que Washington precise de mim, não te vou deixar só, antes de ti nada para mim era prioritário a não ser a revolução, sinto que não é mais assim, mas foram compromissos que tomei antes de te conhecer e sou um homem de honra, não vou faltar à minha palavra, quem seria eu se o fizesse, concordas? – colocou Hidalgo ao meu lado e puxou-me a mão entrelaçando os seus dedos nos meus. Apertei com emoção.
- Sim, eu percebo. Não gosto, mas percebo, eu faria o mesmo Sam, quem somos nós nestes tempos se não mantivermos a nossa palavra, não é?  E o nosso filho vai esperar por ti e eu também todos os dias da minha vida. Também vou andar entretida, vou-me dedicar a Monticello, de corpo e alma e vou-me deitar cansada para não pensar na tua falta. – olhei em frente, não querendo que ele visse os meus olhos rasos de água. Ele puxou as rédeas de Hidalgo saltou para o chão de um pulo e parou o meu cavalo. Agarrando a minha cintura, tirou-me da sela e imediatamente me abraçou forte, embalando-me nos seus braços.
-Promete-me que vais sentir a minha falta. – acariciava-me os cabelos retirando os ganchos um a um e guardando-os nos seus bolsos, ao mesmo tempo que me dava pequenos beijos nas faces, levantei o rosto para ele depositando o meu queixo na cova do seu peito.
- Ah, era apenas para ires mais descansado, achas que vai ser como te disse? Só não vou morrer de saudade porque tenho comigo um pedaço de ti, sei que para ti vai ser mais difícil, mas beija-me e leva-me na tua alma, dentro do teu coração, guarda-me com carinho, sou tua, serei sempre tua. – e selamos a promessa com um beijo apaixonado demorado, agarrando-nos um ao outro querendo imprimir as nossas palmas no corpo de cada um, éramos um só, não havia espaços entre nós, fundíamo-nos um no outro, levou-me até uma árvore meio escondida e mesmo ali de pé entre a vegetação e os cavalos possuiu-me, sem preliminares maiores que os nossos beijos aflitos, sentia a casca rugosa nas minhas costas, mas o prazer que me dava era tanto e a vontade de ficar para sempre colada a ele era maior que nada mais me importava. – Amo-te, Sam, amo-te muito.
Chegámos a Monticello a meio de uma manhã gelada, eu tiritava com frio, assim que nos apeamos Imelda saía de casa de braços no ar, a minha doce Imelda, abraçou-me, beijou-me com tanta efusidade que eu só ria.
-Querida, minha querida que saudades tamanhas, nunca nos tínhamos separado tanto tempo. – voltou-se para Sam ainda abraçada a mim – senhor como está? Melhor? Grande susto que nos pregou, só quando aquele homenzinho nos alcançou e contou que estava livre de perigo, só aí descansamos a nossa mente. Venham, vá venham para dentro, está tanto frio.
- Vou levar os cavalos já volto, leve Andreza para dentro e aqueça-a ela tem novidades para si, vai adorar. – Sam estava com um sorriso largo e Imelda olhou de um para outro de sobrancelha em riste.
-Sim? Que novidades?
-Vamos para dentro Imelda já lhe conto mas antes tenho de aquecer, que de tanto frio tenho a língua entorpecida.
- Sim, sim desculpe querida vamos – e agarrada a mim lá fomos para dentro. – antes de mais vou-lhe preparar um banho bem quente, vá andando  para o quarto que eu vou preparar tudo. Ah antes de mais, deixe-me dizer que quem me acompanhou na viagem foi Thomas, o homem não deixou mais ninguém vir comigo que queria porque queria voltar a vê-la, eu tenho cá para mim que o homem não sabe onde se está a meter mas o sr. Mete-o na linha mais depressa do que ele pensa, vá suba minha querida que eu já lá vou.
Thomas? Bem mais uma dor de cabeça, pode ser que Sam não dê valor à simpatia exagerada que ele sente por mim. Entrei no quarto que estava limpo e arejado, também já sentia saudades dos confortos de uma casa, olhei para a cama fofa ali bem à minha frente, só me apetecia deitar, mas tinha que tirar a poeira da estrada primeiro e lá me fui despindo, entretanto o quarto era uma azáfama de mulheres deixando o necessário para o meu banho e cumprimentavam-me conforme iam entrando, quando Imelda entrou já estava deitada na banheira de água quente e de olhos fechados.
- Meu Deus, menina! – gritou ela. Abri os olhos e assustei-me salpicando água para fora da banheira.
-Cristo que foi Imelda? – olhei para ela que estava agarrada à  boca de lágrimas nos olhos arregalados – que foi? Queimaste-te? O que foi?
-Menina, a sua barriga????- Deixou cair os braços e ajoelhou-se ao fundo da banheira. – a menina está de esperanças? – ah era isso, coloquei as mãos a volta do meu filho e sorri-lhe.
- Pois é, Imelda vou ter um bebé, estou tão feliz um pequeno ser, meu e de Sam. – chegou-se a mim e não se importando por molhar as mangas do seu vestido acariciou-me a barriga.
-Santo Deus, que felicidade a minha menina vai ter um bebé.
-o seu neto, ou neta Imelda. – disse-lhe de lágrimas nos olhos – vai ser avó.
-oh santo Cristo, que feliz, que feliz que estou. – e abraçou-me dando-me vários beijos na cabeça.
-Ah, já estou a ver que já sabe da novidade – era Sam que entrava no quarto – e então gostou? – Imelda levantou-se de um salto e correu a abraçá-lo, Sam retesou-se e deixou-a abraçá-lo, e rindo abraçou-a também, levantou-a no ar rodopiando com ela no quarto. Eu ria e chorava ao mesmo tempo também queria entrar no abraço mas estava nua. Sam depositou Imelda no chão beijou-lhe as faces. – estamos muito felizes, todos, mas agora também precisava de um banho se pedir para me arranjarem uma água quente , ficarei ainda mais feliz – riu-se e Imelda num ápice dizendo que sim, sim, claro que sim, ainda meio atordoada lá saiu do quarto para os preparativos do banho do senhor deixando-nos a sós. Sam chegou até mim e pegando no sabonete foi lavando todo o meu corpo, o quarto estava aquecido com um lume forte na lareira, colocou-me de pé e colocou-se de joelhos à  minha frente agarrando a minha barriga, beijou-a pôr diversas vezes, dizendo - olá pequenino ser, sou eu o teu papá.

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