Sam levou-me à entrada do acampamento ainda não era de dia, a aurora despontava apenas ainda com uma luminosidade muito fraca, já tínhamos feito todos os planos, entre beijos e amassos, voltou atrás de mim pelo menos mais duas vezes para me beijar de cada vez com mais ímpeto, dizendo : - espera só mais uma vez - eu ria-me baixinho e deixava-o abraçar-me e beijar-me e agarrava-me a ele com mais força.
-Fazes isso mais uma vez e eu parto contigo. – já não fez, caminhou em frente sem se voltar, fiquei ali mais um pouco a admirá-lo, a ver-lhe aquela passada gigante, levando Hidalgo pelo cabresto, parecia-me que também ele não estava a gostar do afastamento, o meu coração estava cheio não podia de forma alguma desarmar, adentrei no acampamento, quase todos dormiam ainda, procurei a minha tenda entrei devagar para não assustar Imelda, que roncava um pouco alto demais, já não conseguiria dormir, aproveitei e fui até ao riacho e lavei-me o melhor que pude, amarrei o cabelo num coque. Agora era só esperar por Burgoyne ataca-lo e ganhar esta maldita batalha. Quando cheguei à tenda Imelda já estava acordada.
- ah minha querida, a luz no seu rosto indica que está feliz, está? – Imelda conhecia-me bem.
- Muito, Imelda, muito – e abracei-a – tenho medo, mas estou feliz. Quem te contou? Washington?
-Ele mesmo, com histórias pelo meio, mas lá consegui que se explicasse por fim percebi. – gargalhou. – ah e ele pediu para a levar à sua tenda assim que pudesse.
- Bem, então vamos não façamos o homem esperar. – comemos um pão com manteiga bebemos um pouco de leite e lá fomos ter com o General.
Não estava só, Gates estava com ele e Pulaski.
- Querida Sra, então esse coração está mais dasafogado? – Washington com aquela pose seca era um romântico, eu bem lhe tinha visto uma lágrima no dia do meu casamento.
- Agradeço desde já o que me permitiu, esta noite. – fiz uma pequena vénia.
- oh sra por favor, o coronel Heughan trespassava-me se não o deixasse furar as linhas do acampamento para a resgatar. – convidou-me a sentar, mas antes virei-me para o General Pulaski cumprimentei-o, beijou-me a mão solenemente.
- Os meus parabéns Sra Heughan que seja muito feliz – olhou para mim por sob os óculos – sinceramente. – sorri-lhe com carinho.
- Obrigada General. Muito obrigada. General Gates, bom dia.
- Bom dia sra, traz consigo uma luminosa evidência de felicidade. Fico a crer que o nosso Coronel terá partido nas mesmas condições, espero apenas que consiga disfarçar melhor que a senhora. Com todo o respeito. – com todo o respeito dizia ele, cá para mim era só inveja.
- Certamente que o coronel Heughan sendo o homem que já provou ser, saberá realizar a sua tarefa da melhor maneira, general. – dei-lhe um ligeiro sorriso.
- Pois eu digo isto apenas porque espero que não lhe aconteça o mesmo que a Nathan Hale. – Washington chegou-se à frente na mesa e bateu com a palma no tampo.
- Homem, que raio de assunto é esse, eu mesmo teria puxado a conversa com muito mais tacto. – passou as mãos no cabelo, e eu cheguei à frente também.
- Que aconteceu a Nathan? – perguntei
- Bem, Andreza foi descoberto e enforcado, Sam não lhe disse.?- contou Gates
- Não. Não disse – senti uma tristeza enorme por Nathan - OH! Coitado, tão novo e a sua família já avisaram?
-Mandei dois homens a avisar. Vestidos à civil, para não serem intercetados. Mas não se preocupe, Sam fez bem em não lhe contar afinal o tempo era para vocês os dois, não era para falarem de tristezas mas sim de esperança, espero que tenha dado resultado tanto para um como para outro. – Washington agarrava a minha mão entre as suas, dando pequenas palmadinhas. Senti uma vontade doida de chorar, mas engoli em seco várias vezes e tentei não falar, apenas abanei a cabeça em concordância com ele.
-Agora o mais importante – começou Gates, ainda olhei para ele em desafio, como não podia achar importante a morte de um homem tão valente como Nathan. Seria a importância que daria a cada um de nós? Era um homem intragável. – vamos falar de negócios, creio que teremos de nos manter aqui até que Burgoyne chegue. Depois do que soubemos de Arnold, temos de arriscar e acreditar.
-O que soubemos do General Arnold? Benedict, é de quem falam? O que se soube dele? Sofreu também algum revés? – olhei entre Pulaski e Washington. Mas foi Gates que respondeu.
- Estou a ver que pouco falaram, hum hum..
-Senhor general por favor, se continua nesses termos vou ter de o colocar para fora, a senhora Andreza é uma mulher de respeito e o que fez e disse ou deixou de fazer e dizer com o seu esposo, o exército continental não tem nada com isso, que fique claro que a sra Heughan é uma parte muito importante deste exército. Fique sabendo General que a farda que veste foi paga do seu dinheiro e talvez até o pequeno almoço que tomou hoje. – Gates, apesar de carrancudo virou-se para mim levantou-se e fez uma pequena vénia.
- As minhas mais sinceras desculpas senhora - e sentou-se do outro lado da mesa junto a Washington – as minhas desculpas senhores pelo meu comportamento.
- Desculpado! Andreza como lhe dizia, infelizmente Nathan foi enforcado, descoberto por um tenente e também trazia com ele documentos que o incriminavam, com o seu nome verdadeiro e como um continental. É uma pena era muito jovem, Sam ficou desolado assim como todos nós, foi ele que nos trouxe a notícia, e também nos trouxe a notícia de que ficou a conhecer o espião duplo que o reconheceu a ele.
-Reconheceu-o a ele? meu deus – levantei-me de um salto com a mão no coração – o que me quer dizer senhor? Por favor, Sam voltou para junto de Howe, ele sabe quem é Sam, Howe sabe? - Com as mãos encolhidas junto ao peito senti as lágrimas caírem-me pelo rosto.
- Calma querida não tire conclusões precipitadas, por favor acalme-se, deixe-me explicar vá lá. – sentei-me porque me pediu com tanta gentileza, e porque as minhas pernas não aguentavam o meu peso, toda eu tremia, senti umas mãos nos meu ombros, olhei para cima e vi que Pulaski se tinha chegado a mim apoiando as suas pequenas mãos e apertando levemente.
- Calma Andreza, tenha calma mas você tem razão, concordo consigo .-pela primeira vez senti o seu apoio e coloquei uma mão por cima da sua. Assenti para que Washington continuasse.
- Benedict Arnold, é o espião, reconheceu Sam claro, assim como Sam o reconheceu a ele, o homem era de confiança, assim o julgávamos, então o coronel Heughan fez um trato com ele, não se descobririam um ao outro.
- Mas você sabe, Sam contou-lhe, Benedict fará o mesmo do outro lado.
- Foi o que eu disse. – era Pulaski, que me apertava os ombros, para umas mãos tão pequenas tinha muita força.- por mim íamos buscá-lo aliás, ontem quando adentrou no acampamento tinha ficado já por aqui, mas não o Pulaski é demasiado sensível, não é? nunca tenho razão, pergunto o que foi o coronel Heughan fazer agora para lá? pergunto eu, se já está tudo encaminhado Howe partiu para Filadélfia, Nathan conseguiu mesmo assim fazer com que Burgoyne acredite que nós não estamos ainda onde estamos. Pergunto mais uma vez o que foi o coronel fazer para as trincheiras inimigas? – já gritava e alto, todos estavam embasbacados a olhar para ele, nunca lhe tinham visto uma explosão do género, mas eu estava com ele, levantei-me a agarrei-lhe o braço olhei para ele e depois para os outros à nossa frente.
- É eu também pergunto, deixaram-no vir despedir-se de mim, foi isso que fizeram? pois eu agradeço mas, eu não me quero despedir dele, eu vou atrás dele, eu vou para Filadélfia. E não pensem em impedir-me, nem por um só segundo, não mudei de lado, nunca mudarei, apenas vou atrás do meu homem, da minha vida. – saí de rompante ouvi Washington gritar
-Andreza por Deus, espere. – mas não parei, Imelda saiu atrás de mim ainda a ouvi dizer – Francamente senhores - mas nem estava a ver bem o caminho com as lágrimas que teimavam em aparecer. Foi Pulaski que me agarrou num braço.
- Vamos, eu acompanho-a. – disse resoluto. Quando cheguei a tenda já mais calma, virei-me para ele.
-General, se for comigo será considerado desertor, eu posso ir sozinha ninguém desconfiará de duas mulheres e eu sei bem tomar conta de mim.
- Eu sei que sabe, mas é mais fácil para mim adentrar nas linhas do exército se alguma coisa acontecer. E não me considerarão desertor, sabem ao que vou, nunca escondi de ninguém o que sou, deixo a cavalaria bem entregue a Greene, e vou consigo, no entanto façam o que quiserem.
- Sendo assim, Imelda arrume as suas coisas, vamos partir para Filadélfia, levamos a nossa carroça e um cavalo.
-Menina, olhe desta vez não vou consigo, vou atrasa-los na vossa busca. Eu vou ficar, guardo os seus pertences, e espero por vocês. – andava já a arranjar algumas roupas dentro de alforges e uma arma.
- Imelda, oh minha querida, está bem não te coloques em perigo, se as coisas estão como eles dizem que estão, vai tudo correr bem, mas entendes que eu deva partir, não entendes? – coloquei as minhas duas mãos em cada lado das suas bochechas – eu não demoro, voltarei por ti, se nos desencontrarmos mandarei alguém por ti. Juro. Obrigada. – ela chorava e eu também, mas precisava ir, abracei-a e dei-lhe um beijo sonoro nas faces. Já depois dos alforges arranjados, fui para trás do biombo e vesti umas calças de Sam, apertei-as com um cinto fiz-lhes umas dobras para cima, vesti uma das suas camisas mais puidas, coloquei os cabelos presos dentro do meu chapéu de abas largas e partimos, sem olhar para trás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Onde Tu Fores... Irei
FanficUma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem! Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos, ser de vez em quando irascível, teimoso... Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.Eu escolh...