Entretanto em Villey Forge
Thomas Paine era uma ótima distração, um homem culto, calmo e observador, discutíamos sobre um dos livros que ele iria lançar, eu dizia-lhe sobre como o envolvimento das mulheres na revolução se encontrava velado nos seus escritos, dizia-lhe que se ele não deixasse para a posteridade algo sobre o assunto, ninguém mais o faria, era necessário que alguém alertasse os restantes sobre nós mulheres, assim como sobre a situação dos negros, agora era a altura própria para se falar sobre isso.
-Sra Andreza, prometo-lhe que o próximo livro será unicamente dedicado a tais causas, que a bem da verdade você tem razão e é este o momento, acredito que as palavras têm tanto peso quanto as espadas, senão mais daqui para a frente.
- Isso não é dizer muito? Os homens que estão em risco na frente da batalha, não concordarão consigo. E eu também não vejo como pode ser uma coisa sem a outra.- Fiquei triste, lembrei-me do meu amor de quem nada sabia.
-Entendo Sra, as minhas desculpas, não quero de forma alguma tirar o mérito de tantos guerreiros que dão as suas vidas nesta guerra, fiz com que se entristecesse – pegou-me na mão, desculpe-me Sra. está a pensar no seu esposo certamente.
Retirei a minha mão da sua – Sim, estou sempre a pensar nele, Sam é um dos homens valentes que daria a sua vida por esta causa, e mesmo assim sei que ele com certeza não diria que as espadas valem mais que uma pena, diria que tudo vale a pena se a causa é justa que uma complementa a outra, isso é o que ele diria, assim como eu.
-Andreza – era Patrick Heughan, que nunca via com bons olhos a Thomas, já me tinha alertado que o homem andava sempre atrás de mim com olhos de carneiro mal morto, na altura fez-me rir e disse-lhe que não se preocupasse que Thomas poderia fazer os olhos que quisesse, os meus só viam a seu filho, o meu querido Sam. – Boa tarde senhor – disse com uma reverência a Thomas – será que me dá um minuto para falar com a minha nora, a sós, por favor? – Thomas encolhia-se de cada vez que Patrick lhe falava, Patrick era um homem grande assim como seu filho e apesar de ter já uma idade avançada, ainda se mantinha erecto e isso juntamente com um olhar semicerrado mantinha o respeito e Thomas sentia-se acoado.
- Claro senhor, com sua licença Andreza.
- Toda, Thomas. – fazendo uma pequena vénia, pousou o livro que tinha na mão em cima da mesa e saiu.
-Esse homem Andreza, se Sam aqui estivesse não permitiria tais aproximações. – olhou para mim com um ar de que se pudesse também ele faria o mesmo.
-Sam saberia perfeitamente o que fazer ou dizer em relação a Thomas e acredito sinceramente que não seria essa a sua reação, ele tem plena confiança no meu amor por ele, Patrick. – falei-lhe um pouco mais alto do que pretendia.
- Ahhh… peço desculpa Andreza os meus nervos estão nos píncaros estou totalmente descontrolado, há notícias de Sam. – e agarrou-me a mão levando-me para me sentar junto a ele na poltrona.
- Sim? Pois era por aí que deveria ter começado Patrick, bem, diga-me então. – perscrutei pelo seu rosto se a tristeza e a dor estariam ali impressas mais do que o normal. Não estavam e o meu coração acalmou-se. – diga-me Patrick, por favor.
- Gates viu Sam. A primeira batalha foi perdida, mas já seguiram as recomendações para Nathan que foi ter com o General Burgoyne para o atrasar e daqui a uma semana dar-se-á a segunda batalha, enquanto Nathan tudo fará para atrasar Burgoyne Sam tudo fará para que Howes não espere por Burgoyne. Washington partirá amanhã para Saratoga e LA Fayette para Vermont cercar Burgoyne, La Fayette está confiante que Sam e Nathan conseguirão essa façanha, convenceu até a França de que a vitória vai ser conseguida, e que o seu apoio será decisivo nas próximas batalhas a seguir, França virá e nós vamos sair vitoriosos, não são boas notícias minha querida? – o meu raciocínio tinha parado momentos atrás quando Patrick disse “Gates viu Sam”.
-Gates falou com ele? Ele estava bem? Perguntou por mim? – sabia que deveria dar importância ao resto das suas palavras, mas só queria saber de Sam neste momento nada mais importava.
- Pelas palavras de Gates, na sua missiva disse que o coronel Heughan se encontra de boa saúde e que envia os seus cumprimentos em especial com carinho para sua esposa. – sorriu-me- está bem assim? Foram exactamente estas as palavras de Gates, mais feliz?
-Desculpe-me Patrick mas a saúde e o bem estar do seu filho é que me dá alento para o resto. – senti um abraço apertado.
- Também a mim querida, também a mim mas também é bom saber do resto, é sinal de que tudo vai correr bem. Washington parte amanhã de madrugada, eu vou também, queria saber Andreza se nos quer acompanhar já é tempo de deixar Valley Forge e sei que dará uma boa ajuda no que for preciso a este exército, portanto seria bom irmos com eles, que me diz? – levantei-me de um salto como se a poltrona me tivesse ejectado.
- Claro.. Patrick meu Deus, vou falar com Imelda – olhei-o de frente - ela vai – não admitia mais conversas—nós vamos sim, e Betsy? -levantou-se colocando as mãos por trás das costas.
- Betsy, está na casa dela. Ela vai querer ficar. Tem a sua gente, vai ficar como antes. Vá arrumar as suas coisas eu mesmo falarei com Washington. – e fui atrás de Imelda, tinha o coração na garganta, sabia que poderia não ver Sam mas estaria mais perto dele só isso já era uma sensação tão boa, que subi as escadas com um sorriso no rosto. Thomas descia.
-Já sabe as novidades então? Também vai Andreza? – havia ali um misto de alegria com qualquer coisa que não precisava de entender neste momento então não lhe dei muito valor.
- Claro que irei, vou tratar de tudo, até já Thomas. Com a sua licença.
-Toda senhora. – pareceu-me que tinha feito uma leve tentativa de agarrar a minha mão e que desistira, não vou dar valor, não, a minha alegria estava estampada no rosto e era só por Sam, para Sam.
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Onde Tu Fores... Irei
FanfictionUma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem! Pode ter os maiores defeitos, atrasar-se para os compromissos, ser de vez em quando irascível, teimoso... Qualquer coisa é admitida, menos que não ame com coragem.Eu escolh...