XLII

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Abraçada a Sam, não conseguia colocar os meus pensamentos em ordem tinha tantas questões, como é que ele estava aqui comigo, quando Patrick minutos antes me tinha falado que ele não viria tão cedo quanto isso.
- Sam como? Como?. - deu-me um pequeno beijo na testa e encaminhamo-nos para o sofá agarrados como lapas.
- ah.... Vem aqui... Bem, não aguentei... o meu pai antes de vir... falámos , entendes.? - estava como que meio confuso, enredando-se nas palavras e nos gestos. - Bem o que ele me disse foi que, se arrependeu muito tarde das suas ações perante a minha mãe, que nunca teve a coragem de admitir o quanto a amava, não perante ele, mas perante os outros a sociedade em geral, que não teve coragem para amá-la como ela merecia, e sabe que foi isso que fez com que ela morresse de tristeza. Que se arrependeu de ver uma mulher cherokee de força e garra, diminuir anos após anos perante os seus olhos , a cada visita que lhe fazia sentia-a cada vez menos radiosa, e sabia que era por causa dele mas, nunca teve a coragem de assumir um lugar no mundo com ela. Pensei muito sobre isso, porque eu assisti a esse declínio da minha mãe, e eu não quero o mesmo para nós. - levantou-se e foi até à janela de costas para mim - ele nunca teve coragem para a amar. - levantei-me e abracei-o por trás.
-Sam, nem eu sou a tua mãe nem tu és o teu pai, eu não vou definhar por tu escolheres seres quem és, porque sei que vais tentar sempre voltar para mim. - voltou-se devagar agarrou-me pela cintura e olhou fundo nos meus olhos.
- Não Andreza, eu é que não quero ser a minha mãe, nem que tu sejas o meu pai. Eu é que se não estiver perto de ti, eu é que entristeço, eu é que definho. Eu sou o cherokee aqui, e como a minha mãe se eu não tiver a coragem para te amar.... Eu é que morro sem ti! - meu deus, o que me está a tentar dizer?
- Não entendo Sam, não estou a perceber. - disse-lhe, com as minhas mãos no seu peito, sentia o ribombar do seu coração nas minhas palmas, a bater no ritmo descompensado do meu. - que fizeste?
-O melhor para mim, para nós, julgo, não quero chegar ao fim da minha vida e um dia sentar-me com o meu filho ou filha e dizer-lhe que amei mais que a própria vida mas não lutei pela continuidade desse amor, e não ver nem mesmo nessa altura que esse amor era tudo o que fazia sentido para mim, não quero arrependimentos, não quero pensar que não vivi em pleno as coisas boas da vida, estou farto de estar só, tornei-me egoísta? Provavelmente, mas não quero mais viver sem ti ao meu lado sem assistir a tudo, ao crescimento dos meus filhos, a ver-te envelhecer ao meu lado, fazer amor contigo sempre que queira e tu me aceites, só isso me fará feliz e o resto? Tudo à nossa volta vai girar, vai continuar, como a roda de uma engrenagem, tudo se vai movimentando, já dei o meu contributo, posso-o dar de outras formas, quero como tu abolir a escravatura, quero como tu a liberdade dos meus semelhantes, quero mexer na terra, quero cavalgar de pura alegria e não só para movimentar uma guerra, quero criar uma vida, educar um homem ou uma mulher, e só perto deles e de ti o conseguirei fazer. O meu pai, nunca me abandonou, foi sempre um amigo, mas eu também quero ser um pai presente, eu mais que ninguém sei o quanto isso faz falta enquanto crescemos. Percebes? - agarrou as minhas mãos e beijou-as nunca deixando de perscrutar o meu rosto.
-Sim - de lágrimas nos olhos e deveras emocionada pelas suas palavras - sim Sam, meu marido meu companheiro, meu guerreiro de lindos cabelos com tranças. - sentiu-o rir-se.
-Hum essa é nova..
- Não, não é - beijei-lhe os lábios - foi assim que te descrevi da primeira vez que te vi, o meu guerreiro de lindos cabelos com tranças, apaixonei-me por ti da primeira vez que te vi a quereres agarrar a Imelda que estrebuchava nos teus braços, amo-te tanto Sam, sei que vamos ter uma vida boa. - passei os meus braços pelo seu pescoço para o chegar mais a mim. - ficas, é isso que me estás a querer dizer, ficas comigo em Monticello, sem arrependimentos?
-Sim, para sempre sem arrependimentos. Ficarei contigo se alguma vez Washington me chamar irei mas vou voltar para aqui sempre, porque é aqui o meu lar, contigo. - beijamo-nos selando promessas. Com a respiração alterada e entre beijos ainda lhe disse:
-Mas... Sam, onde tu fores.... Irei!
-Eu sei, meu amor eu sei.- E ficamos assim no limbo do tempo, sem pressas sabendo que iríamos caminhar sempre lado a lado como companheiros de vida como amantes de coragem.

Fim❤️❤️

Onde Tu Fores... IreiOnde histórias criam vida. Descubra agora