XII

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Quando acordei de manhã, já o sol raiava, olhei para o lado e Sam já não estava ali, uma flor jazia na almofada onde ainda se via a marca da sua cabeça, agarrei nela inspirando o seu cheiro, estava feliz tão feliz, apesar dos momentos tormentosos que iríamos ter, estávamos juntos, era tudo o que eu queria. Lavei-me e vesti-me, um vestido simples, arranjei os cabelos numa trança e coloquei-lhe a flor que tinha deixado para mim olhei-me no espelho ,  desci, estava faminta.
Passei pelas cozinhas, fui cordialmente cumprimentada, pela sra Osmond, e pelas restantes moças, havia ali mulheres dos regimentos  todas numa azáfama, cumprimentei-as, mas logo saí, com uma certa culpa, mas estava desejando ver Sam, entrei na sala de refeições e ali estava ele, glorioso, com o sol a tocar-lhe os cabelos senti-me invejosa como eu queria ser aqueles raios de sol, ele logo abriu um grande sorriso para mim, levantou-se indo ao meu encontro,  colocou um beijo nos meus lábios e deu-me o braço para o acompanhar, enrubesci, olhei para a mesa e vi como o General Pulaski , fixou o olhar em nós, surpreendido mas não mais que os outros três, Washington, LA Fayete e o Sr Heughan , que não parecia nada surpreendido estava com um sorriso nos lábios, esperavam de pé que me sentasse.
-Senhores, bom dia – cumprimentei sentando-me, Sam sentou-se ao meu lado. – Estou faminta, continuem por favor.
-Senhorita Andreza, está linda como sempre, mas hoje está particularmente radiosa – comentou Lá Fayete, sempre galante.
- Oh obrigada, General - E baixei os olhos para a travessa de pãezinhos à minha frente.
- Sim de facto hoje está particularmente bonita – Pulaski concentrou o seu olhar em mim, - até enfeitou o cabelo minha cara.
-oh, uma florzinha que encontrei—e passei a minha mão sobre a trança – para alegrar o dia. – e sorri-lhe.
- Senhorita – Washington  chamou a minha atenção – gostaria de lhe agradecer por todo o trabalho e gastos que teve connosco, mas temos de continuar caminho, amanhã sairemos de sua propriedade, vamos para Filadélfia, onde vamos realizar o 2°congresso, vamos fazer valer a nossa Declaração de Direitos, e pedir a suspensão das “Leis intoleráveis”, exigir que suprimam as limitações impostas pelos britânicos ao nosso comércio e indústria, assim como destes impostos abusivos, vamos levantar a voz dos continentais e dizer que não nos curvamos diante da coroa inglesa. – todos bateram na mesa em forma de aplauso – quero agradecer por tudo e que num futuro próximo nos possamos vir a encontrar.
-Hum, hum – pigarreou Sam – General, Andreza virá connosco, quer dizer comigo. – voltou-se para mim – será  assim querida Andreza?
- Santo Deus homem, quer que a senhorita nos acompanhe, que deixe o resguardo do seu lar, para acompanhar o regimento da milícia, não estou a perceber, porque faria a senhorita uma coisa assim. – indagou Washington totalmente perplexo.
- Credo General, por vezes penso que você não é o homem inteligente que parece ser – disse-lhe Pulaski, com ar gozão – não vê nada do que se passa na frente do seu nariz.
-Pois que quer o senhor que eu veja, General, não estou a entender. – e olhava tanto para uns como para outros como que pedindo explicações. Mas foi Sam quem tomou a palavra para esclarecer a situação.
-General, levo Andreza comigo, pois espero que assim que chegue a Filadélfia me dê a honra de ser nosso padrinho de casamento. – enquanto o olhar abismado do General Washington se fixava em mim e Sam, alternadamente, o meu coração batia desalmadamente e parecia que ia saltar do peito, sentia que deveria  dizer algo, mas estava deveras emocionada, eu iria com Sam com ou sem casamento já nada nos separava, mas ouvi-lo da boca dele. Olhei para ele, que se levantou e se prostrou de joelhos diante de mim.
-Sei que provavelmente não será a melhor altura Andreza, mas quem melhor para testemunhar o meu pedido que os melhores generais continentais, que eu conheço e o meu próprio pai – sorrindo olhou para todos  pegando-me na mão beijou-a e ainda de joelhos à minha frente perguntou? – Andreza,  meu amor, queres casar comigo?
- Oh, Oh  Sam meu Deus, sim, sim, mil vezes sim – puxei-o pelas orelhas e beijei-o ali na frente de todos, senti as suas mãos envolverem-me a cintura, apertando-me.
- Bem, bem muitos parabéns, filho,… filho, Andreza… parabéns. – o sr. Heughan chamava por nós, que a custo lá nos separámos, olhando com cara de sonho um para o outro, Sam pegou-me no queixo e ainda me deu mais um leve beijo – Sam, não te esqueceste de nada?
-Claro, a minha cabeça, sim Andreza, dá-me a tua mão. – muito delicadamente pegou-me nos dedos e colocou-me um lindo anel no  dedo anelar da minha mão esquerda  com uma bonita pedra azul envolto em pequenos diamantes, um anel de noivado, quando dei por mim foi quando senti as lágrimas que desciam pelo rosto, lágrimas de felicidade, beijou a minha mão junto ao anel. Levantei-me e trazendo-o comigo, disse-lhe
-Tu és o meu coração, onde fores irei, onde parares pararei, aceito ser a tua mulher, a tua companheira para todo o sempre. – e agarrei-me ao seu pescoço chorando.
- Minha querida, não chores meu bem - enquanto me dizia palavras de carinho encostou os seus lábios no meu pescoço dando-me beijos ao de leve, - Pronto, está tudo bem, assim os senhores vão pensar que te obriguei a aceitar o meu pedido de casamento.
-CASAMENTO? – e ouviu-se um estatelar de loiça e travessas no chão, Imelda. – QUEM VAI CASAR? – Larguei Sam e dirigi-me a ela.

Onde Tu Fores... IreiOnde histórias criam vida. Descubra agora