Capítulo 6

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25 de dezembro.

Estava nevando tanto que tive que vestir botas para conseguir sair, queria colocar uns pregos na sola para conseguir caminha melhor, mas não seria uma boa ideia, então caminhei em passos lentos e cuidadosos para o supermercado. O lugar estava um caos, eu não era a única que tinha deixado para comprar comida de ultima hora.

Peguei meu carrinho e comecei a encher com todas as besteiras possíveis, claro, peguei comida saudável para equilibrar, não era como se minha mãe estivesse ali para investigar se estava comendo bem, mas a minha consciência falava mais alto. Então enchi o meu carrinho com comida o suficiente para a noite de natal e ano novo. Seria uma semana tediosa, ainda mais com Amy estando tão chateada nos últimos dias, me perguntava se era porque tínhamos nos mudado e ela não era nenhum pouco a favor de mudanças. Acabei pegando algumas carnes só para agradar para ver se ela se animava um pouco, mas me surpreendi com os valores dali, tudo era tão caro. Esperava que Amy realmente apreciasse o meu presente.

Passei a manhã toda na fila do mercado, mas era bom já que se fosse ao Brasil e especificamente na minha cidade teria ficado até a noite ali.

Voltei para o apartamento com as mãos cheias e agradeci a Deus por não ter levado nenhum tombo aquele dia. Deixei as sacolas na mesa e guardei as coisas em seus devidos lugares. Amy ficou solta, mas não quis passear muito, fico encolhida dentro da touca da minha jaqueta enquanto preparava a nossa refeição para noite. Não esperaria dar meia noite, pretendia já estar dormindo nesse horário.

Depois de almoçar e deixar o peru assar no forno, coloquei um filme na tv enquanto montava a arvore de natal no meio da sala, não que eu gostava muito do natal, mas era tranquilizar encher uma arvore de ornamentos de acordo com a sua criatividade. Por vídeo chamada, eu conversava com os meus pais que mesmo com o horário, eles montaram a nossa arvore em casa, eles queriam saber do meu trabalho, mas naqueles primeiros dias não tinha acontecido nada de especial e não queria contar que eu estava ali para ser recepcionista. Claro que depois de desligar a ligação com eles, eu me enrolei na coberta, me joguei no sofá e fiquei chorando por áudio para minha prima.

- Ele é bonito? – Ela perguntou aleatoriamente ignorando tudo o que estava falando até aquele momento. Eu tive que revirar os olhos com aquela pergunta.

- Isso é relevante em alguma coisa?

- É claro, meu amor. Então, ele é bonito?

- Eu não acho. – Escutei a risada dela e acabei rindo também. – Sério, ele é normal, tanto faz, isso não importa. Ele não me atrai.

- Ok, me manda uma foto dele.

- E onde eu iria conseguir uma foto dele?

- Sei lá, você não tem o contato dele?

- Não.

- Nada devagar. Ele é ao menos solteiro, não é? Se ele é novo do jeito que você está falando, você poderia... – Nem esperei o áudio terminar.

- Ele está noivo.

- Merda!

- Vamos focar no meu problema agora? Arrumar um marido é o ultimo item da minha lista.

- Sua lista é grande demais, Heleninha. E além do mais, eu quero ir no seu casamento ainda jovem.

- Besta.

- Sério, é compreensivo que você esteja começando tudo de novo, você é novata ai, como eles vão saber que você é capaz logo de primeira? Tem que ganhar confiança.

- Ele tem o meu currículo, devia saber do que sou capaz.

- De novo, você era a melhor aqui no Brasil, as coisas são diferentes ai, você terá que se tornar a melhor ai e você sabe que é capaz.

- Obrigada. – Ela bocejou no áudio e eu acabei sorrindo. – Desculpa te ocupar essa hora.

- Não se preocupe, qualquer coisa me ligue. Te amo.

Às vezes conversar por alguns minutos com a Carol já me deixava um pouco mais animada, ela era doida, mas eu amava isso.

Pela janela aberta observei o céu escurecer, a rua estava movimentada e era possível ouvir os vizinhos já animados para a festa daquela noite. O meu peru pronto há muito tempo cheirava na cozinha e meu estomago roncou, não demoraria mais para comer e depois quem sabe conseguir dormir. Enchi o meu prato com tudo que tinha preparado e deixei os meus doces de sobremesa ao lado, fiz um pequeno prato com carne apenas para Amy que ficou apenas me encarando enquanto comia e sem tocar em próprio prato.

- Você está bem, Amy? – Acariciei a sua cabeça e pela primeira vez ela não me mordeu querendo brincar. – Você está doente?

Ignorando-me totalmente, ela se enfiou atrás da almofada e ficou ali o tempo todo até que eu terminasse de comer. Fiquei realmente impressionada como eu tinha conseguido preparar algo tão gostoso, tive que repetir pelo menos mais uma vez até me preparar para me deitar.

- Amy. – A furoa albina correu pelo corredor e saltou para minha cama e se aninhou em minhas pernas. Ela não estava nada, nada bem. Achei que talvez estivesse sofrendo com a mudança assim como eu, mas ela não devia estar daquele jeito e tão quente como estava. – Eu vou cuidar de você.

Com os equipamentos que tinha no apartamento consegui fazer os primeiros procedimentos, mas não adiantaria muito, eu precisaria estar em uma clinica para saber direito o que ela tinha. Precisava descobrir e logo, me xinguei muito ao lembrar que tinha devolvido as chaves para Yoo já que não iria para a clinica nos próximos dias, se tivesse com elas poderia correr para lá para examinar direito, mas como eu tinha sorte, teria que me virar.

Corri para uma farmácia mais próxima e comprei alguns medicamentos para controlar a febre da Amy até que encontrasse alguma clinica aberta. Não tinha o numero do Dr. Park ou Yoo para pedir qualquer ajuda, então teria que correr para outro lugar, mas qualquer outro lugar não estaria aberto naquele momento.

Enquanto todos festejavam do lado de fora, eu estava abraçada com Amy que estava pendurava em meu pescoço toda molinha, o remédio logo faria efeito e um primeiro estava resolvido por enquanto, era o que achava até vê-la vomitando a pouca refeição que teve aquele dia. Tive que limpar tudo enquanto ela dormia e aproveitei para procurar na internet clinicas mais próxima e com o numero de telefone disponível. Claro que nenhuma atendia não naquela noite. Todos estavam festejando enquanto eu estava surtando com a minha melhor amiga doente.

Uma ultima clinica, muito longe dali estava aberta, foi impossível não suspirar de alivio em saber que alguém poderia estar disponível e quando confirmei por ligação que estavam abertos, corri com Amy em meus braços, entramos no primeiro taxi disponível e partimos para o outro lado da cidade. 

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