Capítulo 12

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Finalmente estava conseguindo a amolecer mais, Chanyeol. Em vez de ficar entediada na recepção, estava fazendo muito mais naqueles dias do que desde que tinha chego naquele lugar.

- Olá, Nun. Como está hoje? - O Bichon Frisé balançava o rabo animado quando entrei na sala de internação. Fazia alguns dias desde que ele chegou aqui com uma grave desidratação, mas agora parecia bem melhor. - Ansioso para ver o veterinário mais mal humorado do mundo? - Sussurrei para o cãozinho para que ninguém pudesse escutar, enquanto o pegava no colo para levar até o consultório. Quando o segurei em meu colo, ele repousou sua cabeça em meu ombro e ficou quietinho.

- Como ele está? Parece muito melhor.

- Com certeza, está. Parece bem mais animado.

Percebi o sorriso que se formou nos seus lábios e uma pontada se fez em meu coração. Uma covinha ganhou forma na sua bochecha esquerda dando um charme lindo. Eu não tinha notado muito, já que ele não costumava sorrir muito. Não para os seres humanos, mas talvez fosse por ficar tanto tempo fora que não tinha o notado em ação.

- Você já completou sua carga horaria de eventos? - Ele começou a falar do nada me pegando de surpresa. - Segura ele pra mim enquanto recolho o sangue dele, por favor.

- Na verdade, eu já ultrapassei. Tenho horas para três alunos se precisassem.

- Ah. - Ele respirou fundo e falou algumas palavras de conforto para Nun antes de enfiar a agulha.

- Por que?

- Está distante ainda, mas daqui um mês vai ter um grande evento de veterinário e bom, vou palestrar la e queria que alguém da clínica fosse comigo.

- Mas, e a Yoora?

- No dia que ela entender metade do que eu falo em termos médicos como você, talvez eu a leve. - Ele estava rindo quando olhou para mim. Ele estava rindo e rindo para mim. Foi impossível não rir junto com ele.

- Não a culpo, quem faz a irma formada em jornalismo trabalhar em uma clínica veterinária, o que você esperava?

- Não tive muita escolha.

- Bom, estou aqui, posso te ajudar.

Eu percebi que ele dizer algo, mas ele arrependeu e sorriu.

- Ela já está querendo fugir daqui, se ouvir você falando isso ai mesmo que ela vai.

- Não pode deixar isso acontecer. O que será de mim sem ela aqui?

- Não sabia que eram tao amigas assim. - Não era bem por isso, era porque não aguentaria ficar com ele ali sozinha, mas claro que não ia contar isso para ele.

- Ah, por ai.

- De qualquer forma, vai querer ir comigo? Se não quiser, tudo bem, eu peço para Yoora ir comigo.

- Não, vai ser legal. Talvez precise completar horas para uma quarta pessoa. - Por algum motivo não queria que ele fosse sozinho, se ele fosse fazer uma palestra seria bom que alguém próximo fosse e entendesse um pouco.

- Está bem. - Ele sorriu e voltou a se concentrar em Nun e eu também.

- O QUE? - Quase fiquei surta quando Yoora gritou ao meu lado.

- Está tao surpresa assim?

- Eu acho que estou sonhando. Voce não tem ideia como estava querendo fugir desse evento. Se eu não entendo o que ele esta falando, imagina um lugar toda de pessoas falando nada com nada.

- Nao é tao complicado assim.

- Helena, você estuda isso ha anos, eu sei o que sei porque já estou aqui ha mais de dois anos, era esperado que eu soubesse alguma coisa.

- Uau, dois anos?

- Depois que o noivado dele deu ruim, bom, não podia deixa-lo sozinho.

- Noivado?

- Prefiro nem entrar no assunto aqui dentro, se ele me ouvir falando um a dessa historia, ele vai ficar meses emburrado.

- Mais? Estou acostumada já. - Eu acabei rindo e Yoora me acompanhou.

- Ele não tao mal humorado como você pensa, ele só está em um momento dificil, mas não esquenta com isso. Uma hora ele vai ser mais legal com você.

Talvez ele estivesse começando a ser. Se antes ele não queria que eu encostasse em nada e ficasse presa naquele balcao e agora estava me chamando para um evento, talvez estivesse ganhando mais a sua confiança.

- Vai sair para comer agora?

- Preciso, não quero o seu irmão me dando mais um sermão por ter vindo mais um dia sem comer.

- Faz bem. Trouxe algo?

- Infelizmente não, mas vou procurar algo pelas ruas.

- Vai lá então, antes que a comida acabe logo.

- Pode deixar, obrigada.

Acenei para Yoora e corri para o meu armário para pegar minha carteira e guardar o meu jaleco, meu estômago roncou alto antes que eu chegasse na porta e por sorte não tinha ninguém por perto.

- Helena, espera. Não vá ainda.

- O que foi? Chegou algum caso grave? Chanyeol precisa de mim? - Eu me preparei para correr quando ela segurou o meu braço enquanto ria.

- Não, calma, mas é bom saber que está em alerta.

- O que foi então? - Tive que controlar a minha respiração na tentativa de acalmar o meu coração e a adrenalina em meu sangue diminuir.

- Nao precisa sair. Acabaram de entregar algo para você e pelo cheiro que vem do pacote, deve ser delicioso.

- O que? Mas eu não pedi nada.

- Certeza? Mas está no seu nome.

- Muito estranho, tenho certeza que eu não pedi nada.

- Bom, mesmo que não tenha, devia aproveitar.

- E se tiver envenenado? - Perguntei baixinho quando me aproximei do pacote de um restaurante de ali perto. Realmente, o cheiro que vinha dali era delicioso, se meu estomago estava roncando, agora estava roncando e doendo.

- Por que envenenariam a sua comida? Parece estar bem lacrado. - Ela verificou e confirmou. - É, está bem lacrado. Nao seja boba, coma. - Ela entregou o pacote para mim e começou a me empurrar para sala.

- Mas...

- Mas nada, anda.

Sabia que ela era mais teimosa que eu, então com aquele pacote enorme, quente e cheiro em meus braços caminhei de volta para a sala onde guardava minhas coisas. A mesa que nunca tinha sido usada desde que tinha chego seria usada pela primeira vez.

Quando abri a embalagem não quis nem saber exatamente o que estava comendo, apenas comi ate que não restasse nada. Odiei o fato de estar tanta fome e não saborear a comida direito, só sabia que era muito boa, boa demais.

Ao retornar ao consultório de Chanyeol para ajudar em mais uma consulta de rotina, um gatinho nada gentil que estava querendo atacar todo mundo. Enquanto eu tentava pegar o gato que pulava de um lado para outro e Chanyeol corria para trancar qualquer lugar que ele podia se esconder. Um pacote dentro do lixo atraiu a minha atenção. Esperei terminar a consulta para fazer qualquer pergunta.

- Chanyeol.

- Sim?

- Você que comprou o meu almoço?

- Sim.

- Claro que... - Eu apontei para o lixo e ele riu. - Não se preocupe, eu desconto do seu vale-alimentação. - Ele saiu da sala me deixando de queixo caído. Quem ele era pra decidir o que eu comeria e ainda descontar do meu vale? Eu suspirei e bati na minha cabeça, a comida era tao gostosa que eu apenas devia agradecer a ele.

Doutor Pet 》EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora