Capítulo 14

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Não trocamos nenhuma palavra durante o caminho, na verdade, minha atenção estava no caminho. Não tinha conhecido muito da cidade desde que cheguei, apenas visto um breve trecho do aeroporto ate o apartamento, aquele caminho era diferente e estava chocada com a beleza. A arquitetura era totalmente diferente do que estava acostumada, mas era um diferente bom, seria um ótimo wallpaper para quem soubesse tirar uma boa foto.

Uma coisa terrível daquela viagem, era como o seu perfume enchia o carro. Puta merda, como o seu perfume tinha um cheiro terrivelmente gostoso. Pior que eu nem podia abrir as janelas já que o ar-condicionado funcionava. Tive que ficar ali sendo embebecida por aquele cheiro ate que chegássemos ate o local, sabia que ficaria com aquele cheiro impregnado em meu consciente. Não costumava sentir perfume masculino, mas por sorte o seu não era o mesmo do meu ex.

O meu coração apertou.

- Está tudo bem? - Ele perguntou depois de pigarrear e me olhar.

- Sim, esta.

- Por que está fazendo careta? - Ele soltou uma mão do volante e tocou na minha bochecha.

- Eu não estou fazendo careta.

- Esta, você faz isso com muita frequência na verdade.

- Deve ser força do habito.

- Parecer brava? Feia?

- Pode ser. Assim ninguém me encara demais, tipo você neste momento.

Ele começou a rir.

- Está fazendo isso errado então.

- Por que?

- Chegamos.

Ele entrou no estacionamento e encontrou uma vaga de primeira. Muito sortudo, isso seria impossível no Brasil.

O estacionamento era um espaço aberto, por sorte o gelo derreteu e sol começava a dar um ar da graça, não estava tao frio como antes e nem nevava ou chovia como os dias anteriores. Estava muito feliz por isso.

- Vamos.

- Claro, vamos.

Caminhamos para o centro de convenções que era enorme. Enorme mesmo, me perderia ali facilmente. Já seria fácil me perder, mas com um lugar daquele tamanho, era melhor eu decorar onde o carro estava por garantia e também tentei ficar mais próxima possível de Chanyeol.

- Por sorte a minha palestra será só mais tarde, podemos conhecer tudo e ver outras palestras.

- Mas e a clínica? Vai ficar sozinha o dia inteiro?

- Não preocupe com isso, consegui que uma pessoa ficasse la por mim junto com Yoora.

- Tudo bem.

Ele me parou antes de alcançarmos a porta de entrada e tirou um par de credenciadas da sua pasta e segurando uma da outra, ele ria enquanto colocava em seu pescoço e depois se aproximou mais.

- Não precisa ficar preocupada, a clínica está em boas mãos. - Ele sorriu e colocou a outra credencial em meu pescoço. - Aproveite, tem muita coisa aqui que vai cair na sua última prova.

Quando pisei no centro, o meu coração disparou. Estava cheio e tinha tanta coisa para olhar e só com aquele olhar rápido já deu vontade de ver tudo. Não tinha tempo ha perder.

Foquei para o primeiro estande e quando estava pronta para ir, Chanyeol segurou o meu braço me impedindo.

- Calma. - Ele mostrou o mapa que estava em suas mãos e sorriu. - Não vamos nos perder e eu tenho uma técnica perfeita para ver tudo antes do almoço.

E realmente, ele me levou de um ponto ao outro e não demorou tanto como demoraria se estivesse sozinha. E melhor de tudo que eu não ficava tao perdida porque com a maior paciência do mundo, ele me explicava cada detalhe, informação ou curiosidade de cada tema de estante e eu anotava tudo no meu bloco de nota sem perder uma palavra do que dizia. O melhor ainda era que ele não reclamava quando passava tempo demais paparicando os animais que estavam ali.

Estava me divertindo tanto com tanta informação nova e com a fácil explicação de Chanyeol que nem notei quando os ponteiros do relógio mudaram na velocidade da luz.

- Melhor comermos algo, falta pouco para que eu suba no palco e fazer isso de estômago vazio não vai ser bom. - Ele forçou um sorriso quando finalmente tirei a minha atenção de um documentário sobre golfinhos e o encarei.

- Ah, claro.

Encontramos a praça de alimentação com facilidade, mas estava tao lotada que não eramos os únicos em pé procurando por qualquer lugar que ficasse livre, mas era quase impossível já que muitas vezes quando uma mesa era liberada era do outro lado e alguém corria rápido demais para alcançar.

- O que vamos fazer?

- Eu cuido da mesa, vou conseguir uma antes que você perceba. - Ele riu com a minha confiança. Não queria me gabar, mas normalmente não tinha dificuldade de encontrar mesas em grandes eventos. Vantagens de ter amigos otakus que antes de me enfiar nos estudos me arrastavam para eventos.

- Posso ir comprar a comida então?

- Com toda certeza.

- Mas como vou te encontrar depois? Você é pequena demais para encontrar nessa multidão. - Eu tirei os olhos das mesas e o encarei com raiva e soquei seu braço com força. - Não esquenta, um poste como você posso ver de longe e acenar para você.

Ele ria sem parar e nem parecia se importar com o meu soco ou por chamá-lo de poste.

- Vou indo então.

- Ei, não quer saber o que vou quer?

- Eu tenho comprado comida para você nos últimos dias e nunca reclamou, creio que sei o que comprar para você. - Ele piscou e se misturou na multidão.

Eu queria xingá-lo mais uma vez, mas não poderia perder mais tempo, tinha que encontrar uma mesa logo.

Comecei a usar minha tática simples, mas que sempre funcionou. Como quem não quer nada, comecei a andar por entre as mesas notando quem estava mais próximo de terminar de come e não conversava tanto e ignorando totalmente quem falava sem parar, aqueles normalmente demoraria seculos para se levantar, afinal muitos estavam ali descansando um pouco depois de andar por muito tempo.

Quando encontrei o alvo perfeito, fiquei o mais próximo possível e assim que ameaçou se levantar notei dois rapazes também de olho, mas por sorte fui mais rapido e assim que ela se levantou e retirou o lixo da mesa eu praticamente saltei sobre a mesa. A garota que estava ali acabou se assustando e eu sorri envergonhada. Claro que pedi desculpa antes que ela finalmente fosse e sorri vitoriosa para os rapazes que me encaravam de cara feia.

- Pular em mesas em tantos eventos geek não foi tao atoa assim, menos quando se falava de mesas de plásticos. - Acabei rindo sozinha com as lembranças do passado.

Um sentimento de nostalgia e tristeza apertou o meu coração. Quando foi que abandonei aqueles momentos por livros?

Doutor Pet 》EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora