Capítulo 63

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Na noite da véspera de Natal, a casa foi decorada pela primeira vez e cozinhei estreando o fogão, praticamente nunca cozinhava, mas aquela noite não tinha como evitar, não era só eu que comeria.

Não estava me sentindo muito no clima de comemorar a data, agora não me remetia coisas boas. No meu primeiro natal aqui eu passei a noite chorando agarrada em uma blusa que infelizmente carregava o cheiro de Chanyeol.

Estava terminando de colocar a mesa quando Eduardo chegou exatamente na hora que disse que chegaria.

- Trouxe o peru. - Ele ergueu a forma que mesmo coberta por papel alumínio perfumava o ambiente.

- Se o sabor for tao bom quanto o cheiro...

- Pode confiar que será.

Mal esperamos a meia-noite para comer. Quando os fogos começaram já bebiam o champanhe.

- Você está bem? - Eduardo me fez despertar dos meus pensamentos.

- Sim, claro.

- Você está muito pensativa ultimamente.

- Não fui sempre assim?

- Agora piorou. - Ele riu e se levantou. - Aconteceu alguma coisa? Quer conversar?

Eu apenas o observei enquanto andava pela sala olhando a minha pilha de livro.

- Não, está tudo bem mesmo. Só estou pensando quando Nala dará a luz. - Eduardo gargalhou.

- Já sei, você quer dar os nomes né? Deixa eu adivinhar... Kopa, Kion e Kiara?

Comecei a rir.

- Claro que não, talvez só Kiara.

- Eu sabia. - Ele me encarou rindo. - Caramba, não acredito que você tem esse livro. Você tem noção como ele é raro?

Eduardo ergueu o livro e quando percebi que livro era, corri e tirei das suas maos.

- Sim, eu sei.

- Nossa, desculpa. - Ele ergueu os braços em defensiva.

- Tudo bem, é que esse livro nem era para estar aqui. - Coloquei o livro o mais longe possível dele.

- Tao misteriosa. - Eduardo se aproximou rindo. - Sempre gostei disso em você.

- Ok, eu acho melhor você ir embora, já passou da hora.

- Uau, vai me expulsar assim?

- Sim, seu nível de álcool está subindo rápido demais e não vai conseguir dirigir de volta para casa. - Tirei o copo de sua mão e comecei empurrá-lo para porta.

- Você não quer ficar comigo por causa daquele coreano cheio de si, né?

O meu sangue ferveu e tive que respirar fundo.

- Eu não quero ficar com você porque eu não quero, simples.

- Você ainda ama aquele mané, né?

- Eduardo, sério isso?

- Eu trouxe você para cá, deveria me agradecer. - Ele deu um passo em minha direção e eu me afastei.

- Já agradeci quando você falou a primeira vez. Agora vá embora, AGORA!

- Se não o ama mais, por usa esse colar o tempo todo? - Eduardo se aproximou rápido demais agarrando o meu colar e puxando com força.

- Se você quebrar o meu colar, eu quebro a sua cara.

Eduardo me olhou desafiando e puxou com força, machucando o meu pescoço e quebrando o colar. Ele atirou o relicário no chão e eu só podia olhar para a única coisa que eu tinha de Chanyeol ainda.

Eu explodi.

- Você é um merda! Vá embora ou eu chamo a polícia, ou qualquer pessoa, essas paredes são finas e meus vizinhos curiosos demais.

- Tanto faz. - Ele bufou e chutou a mesinha de centro e foi embora.

Eu cai no sofá tremendo. Tinha sorte que Eduardo não tinha coragem de matar uma barata ou a coisa poderia ser feia.

Respirei fundo tentando controlar minha tremedeira e quando estava mais calma, peguei o colar do chão e tentei concentrar sem sucesso. Chorei pela primeira vez em um ano.

- Eu odeio o natal! - Exclamei sozinha.

Larguei tudo do jeito que estava e tranquei a casa toda duas vezes por segurança.

O livro que Chanyeol havia me dado estava em cima do balcão da cozinha e acabei levando comigo para o quarto. Não me lembrava de ter pedido para Jiwoo trazer e de estar entre as minhas coisas do apartamento.

Em um sentimento de nostalgia enquanto procurava formas de consertar o estrago que Eduardo fez, folheei as palavras vendo as minhas marcações exageradas. Quando levantei o livro para ver uma anotação antiga, um pequeno pacote caiu dele.

Um bilhete escrito em coreano estava dentro dele.

Helena, não sei quando você encontrará isso. Talvez nunca, talvez outra pessoa encontre já que provavelmente não queira nada de mim, mas se um dia chegar em você, eu quero dizer que sinto muito. Não era como eu queria que as coisas fossem. Eu errei , eu sei. Nao tiro a sua razao de não querer me ver e nem a sua amiga, mas se um dia tiver com o coração aberto, quero explicar as coisas.

Bem, o seu presente de natal está ai, era para ser uma surpresa. Eu menti sim, no Japao eu a encontrei, mas com isso eu percebi como era você que amava e queria ficar sempre e lá mesmo comprei esperando que dissesse sim. Espero que um dia consiga me perdoar. Fique com você, não serei capaz de dar para outra pessoa.

De todo coração, seu Chanyeol.

Chorar era tudo o que eu conseguia fazer agora. A última linha tinha muita dificuldade para ler e para ter certeza do que tinha lido, li mais uma vez. Abri o envelope mais uma vez até encontrar uma aliança prateada com um diamante enorme. Ele ia me pedir em casamento? Era isso?

O meu corpo estava arrepiado e gelado. A aliança cabia perfeitamente em meu dedo.

Se era isso por que ele estava com ela naquele dia?

Fiz algo que tinha me controlado por muito tempo, liguei para o seu número, tremendo ansiosa para que ele atendesse logo, mas estava desligado indo direto para caixa postal.

A sua última visualização em todos os lugares era dois anos atrás.

Engoli seco, teria acontecido algo com ele?

Não, não poderia.

Queria ligar para Yoora, mas não tinha mais o seu numero e ela não parecia muito ativa. 

Doutor Pet 》EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora