Capítulo 48

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- Já disse isso a ela?

- Não com essas palavras, mas eu penso toda vez se devo dizer, eu sei que uma hora ela pode ir embora.

- É difícil ter que deixar alguém que amamos ir embora né?

- Muito.

Eu não podia ouvir mais, ate porque meu pai levantou e serviu mais um pouco de café para Chanyeol, subi correndo antes que um deles me visse.

Fechei a porta e com o coração acelerado tentei me acalmar, respirar fundo e devagar. Chanyeol me amava? Ele realmente me amava?

Senti o meu rosto úmido ao percebi que olhava para o coração riscado no mapa em meu guarda-roupa.

Eu amava ele também?

Aquilo ficou girando em minha cabeça e girando, girando, girando que eu acabei arrancando tudo do meu mural. Era um choque. Em dez anos, aquele mural nunca tinha ficado tao vazio, sem nem um bilhete escrito Sidney trezentas vezes. Eu estava tao confusa que só consegui dormir quando o sol raiava do lado de fora e meu celular despertou.

Era sábado já e minha formatura era aquela noite, mas como poderia ficar calma? Quando consegui levantar da cama fiquei me perguntando se tinha sido um sonho, mas ao ver os papéis no lixo percebi que não era.

- Bom dia, mãe.

- Boa tarde, mocinha. Você não marcou as 15 horas no salão? Vamos chegar atrasadas.

- É tao tarde assim? - Tirei uma banana da fruteira e descasquei. Estava morrendo de fome. - Eu nem experimentei o meu vestido ainda.

- Agora não tem mais tempo, vai tomar um banho para sairmos logo.

- Onde esta Chanyeol e o pai?

- Eu queria saber também, eles saíram bem cedo.

- Estranho. Muito estranho.

- Não acho, conversei muito com o seu pai ontem, ele estava tenso demais, mas dei um jeito. - Ela riu baixinho e beijou o meu rosto.

- Não sei porque tenso, quando Eduardo vinha em casa ele ate nos ignorava.

- Você não o olhava como olha para o seu chefe.

- Eu olho normal, que nem olho para vocês.

- Vai se arrumar, conversamos sobre isso depois.

Tinha reservado o melhor dia no melhor salão da minha cidade. Quase um dia da noiva, só tirava que eu não era noiva. Minha mãe participou junto comigo e nunca fui tao mima na vida, ate massagem fizeram em mim. Não poderia estar tao relaxada.

- Então – o cabeleireiro secava o meu cabelo para começar o penteado. Minha mãe estava na cadeira logo ao meu lado passando pelo mesmo processo.

- O que?

- Não vai me contar mesmo?

- Mãe!

- Eu sempre estive ansiosa pelo dia que você viria conversar comigo sobre garotos, mas parece que esse dia nunca chega.

- É estranho falar isso com a minha própria mãe.

- Helena, você já veio conversar sobre drogas, o que não poderia falar comigo? Já conversamos sobre tudo.

- Eu sei.

- Você ate aceitou quando falamos sobre sexo, por que falar sobre sentimentos pode ser difícil entre a gente?

- Porque eu não sei o que a senhora quer que eu diga.

- O que você sente. Você gosta do Chanyeol, não é?

- Não sei, a senhora sabe que eu nunca fui gostar de alguém, gostar desse jeito.

- Faz sentido porque você não ficou nem um pouco chateada quando terminou com Eduardo, mas por que ficou com ele então?

- Nem eu sei na verdade, eu achava que podia gostar dele, mas estava enganada.

- E?

- Como eu sei se eu gosto de alguém? Ou mesmo amo? Quer dizer, eu sei o que é gostar de uma pessoa sem ser romanticamente ou amar meus pais ou os animais, mas amar uma outra pessoa.

Minha mãe respirou fundo e balançou a cabeça indignada.

- Eu sabia que você não ligava para romances, mas não sabia que ia tao longe.

- Desculpa. - Abaixei a cabeça envergonhada.

- Por que? Não precisa se desculpar, filha. - Minha mãe segurou a minha mão e riu. - Lembro-me quando você era pequena, você sempre dizia que se casaria com um príncipe encantado, se fosse o príncipe da Branca de Neve era melhor ainda. Acho que você levou seu julgamento fosse demais que nenhum garoto lhe atraiu.

- Eu não me lembro disso.

- Você se esqueceu de muita coisa para se focar nos seus estudos. Só que você brigava com a sua prima pelo tal de Diego de uma novela ai.

- Amor platônico não conta, se for assim sou apaixonada pelo Frank Netter.

- Quem?

- Esquece.

- De qualquer jeito, você o trouxe para o dia mais importante da sua vida, eu sei que tem algo mais. Você gosta dele, pode me falar.

- Talvez. Como vou saber?

- Faça uma lista, eu fiz uma quando conheci o seu pai.

- Lista?

- Listei todas as coisas que mais amava, quando o seu pai chegou no topo dessa lista, eu sabia que eu o amava e finalmente o aceitei. Foi a melhor coisa da minha vida, não me arrependo da minha escolha.

- Mas eu sei que a senhora deixou muitas coisas para trás, tipo a chance de trabalhar com a sua irma em Portugal. Não era o seu sonho?

- Meu sonho era ser feliz, e eu sou feliz com o seu pai e você.

- Só não deixa ser tarde demais para assumir o seu sentimento, Helena. As vezes pode ser tarde demais. 

Doutor Pet 》EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora