Capítulo 7

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Nunca fiquei tão feliz em ver uma clinica veterinária aberta aquela hora e naquele dia que deu vontade de beijar cada um dos funcionários, mas claro que não poderia fazer isso. Paguei o taxi e corri para a recepção, não tinha me tocado que ainda estava usando pijama quando entrei na clinica e percebi o olhar do recepcionista de cima a baixo.

- Desculpa. – Eu acabei me curvando antes de me aproximar. – Eu liguei agora pouco.

- Qual é o nome, por favor.

- Helena Souza.

- E o do animal?

- Amy, é uma furoa. – Ele ouviu desconfiado pela bolinha de pelo dentro do meu casaco e voltou a anotar.

- O Dr. Byun já vai te atender.

- Obrigada.

Mal tive tempo de me sentar quando o nome de Amy foi chamado, eu apertei ela mais em meu corpo e me tremia nervosa com medo do que ela poderia ter, esperava que não fosse nada demais.

Quando entrei na sala, um rapaz muito jovem e muito bonito se levantou da mesa, ele vestia o seu jaleco elegantemente, os seus cabelos ruivos (tingidos, claro), mas era incrível como aquela dor caia bem com o seu tom de pele, estavam penteados de forma que a sua franja cobriam a sua testa de uma forma charmosa, era impossível não encara-lo, principalmente surgiu um sorriso em seus lábios.

- O que temos aqui? O que nossa amiguinha tem? – Eu tive que piscar algumas vezes para voltar para a terra e sair do seu feitiço. Coloquei Amy que estava mole na mesa enquanto ele começava a escutar os batimentos dela.

- Bom, ela está febril, com hiporexia, hipodipsia, normoquezia e normouria, ela já é castrada, nunca teve cria e as vacinas estão em dia. – Acabei falando rápido demais e falando demais enquanto eu olhava nervosa para Amy. Quando o percebi me olhava rindo.

- Creio que estou conversando com uma profissional.

- Na verdade, ainda não, falta um ano para terminar a minha faculdade. – Acabei soltando um sorriso envergonhada quando percebi o seu olhar.

- Cuidar do próprio animal pode ser difícil, não é?

- Demais.

- Fica tranquila, vou cuidar bem dela.

- Muito obrigada.

Observei em silencio enquanto ele examinava Amy de cima a baixo tentando descobrir o motivo de ela estar dessa forma.

- Como você sabe, ela esta bem desidratada e como não está comendo, eu vou ter que deixa-la em observação e no soro, não notei nada de grave fisicamente, mas acho melhor que ela fique aqui só por garantir.

Eu não sabia o que pensar, nunca tinha ficado tanto tempo longe de Amy, na verdade, eu nunca tinha dormido sem que ela tivesse junto comigo no quarto e naquela noite ela ficaria ali, se não tivesse que ficasse mais.

- Tudo bem. – Engoli seco.

- Pode ficar aqui até pegar no sono se quiser, como está tão vazio e não temos nenhum outro paciente, creio que não será um problema você ficar um pouco com ela, afinal aposto que ela vai sentir mais a sua falta do que você dela.

- Eu duvido. – Acabei sorrindo. – Mas obrigada.

Ele me guiou até a área de internação e apenas observei enquanto ele colocava o soro nela e como ele teve tanta facilidade para achar a veia. Na primeira ele acertou o que me surpreendeu sendo que nem mesmo os meus professores mais experientes tinham dificuldade quando o assunto era Amy e mais incrível ainda era vê-la se comportando tão bem, não sabia dizer se ela estava sobre o feitiço do doutor ou ela realmente tinha gostado dele ou estava doente demais para fazer escândalo. Depois de coloca-la deitada dentro da gaiola, ele ajustei os cabelos que tinham se soltado conforme ele se movimentada e tive que desviar o olhar para ele não achar que o estava encarando demais.

- Ela vai ficar bem em breve, pode ficar aqui o tempo que for preciso.

- Muito obrigada.

- Não precisa agradecer. – Ele puxou uma cadeira para mais perto das gaiolas e indicou para que eu sentasse. – Vou voltar para o meu consultório, qualquer coisa, pode me chamar.

- Está bem.

Fiquei ali em silencio segurando a minúscula pata de Amy, ela demorou um pouco para dormir já que estava incomodada com o soro, então tive que distrai-la até que pegasse no sono e eu estava quase dormindo com ela. Não quis acorda-la então me despedi em silencio e passei no consultório para falar com doutor Byun.

Com apenas uma batida, ele respondeu de primeira.

- Pode entrar.

- Com licença, doutor Byun, eu só queria saber.

- Pode me chamar de Baekhyun, não precisa ser tão formal, eu não me importo.

- Hm... doutor Baekhyun, quando eu posso retornar para vê-la?

- Você deixou o seu numero, certo? Eu te ligo para te avisar. Como é natal, eu acho que ela ficara um pouco mais um dia.

- Desculpa ocupa-lo nessa data, eu realmente não esperava que ela fosse ficar tão mal justo hoje.

- É por isso ficamos abertos nessas datas para aqueles animais que ficam doentes inesperadamente e os donos não para onde correr.

- Isso é incrível. Muito obrigada novamente. – Me curvei em agradecimento e antes de sair da sala, tive que olha-lo uma ultima vez.

Estava difícil encontrar carro aquela hora, o sol estava começando a nascer e ninguém estava disponível, era obvio, ainda tinha tido sorte de alguém estar para ter nos levado até ali e agora não sabia como voltar para casa. O frio estava congelando ate as pontas dos meus dedos dos pés. Tive que flexiona-los para não congelar mais. O meu casaco pesado não era mais tão útil assim.

Tentei procurar algum outro transporte, por sorte em breve os ônibus voltariam a circulação então até lá poderia procurar qual caminho voltaria para casa. Duvidava que ia conseguir dormir sem o barulho de Amy pulando de um lado para outro ou tentando abrir a gaiola, mas ia ter que dar um jeito já que ela estava sendo cuidado e seria por pouco tempo.

Respirei fundo três e vezes e sussurrei apenas para mim:

- Ela vai voltar para casa. – De algum jeito estranho confiava em Baekhyun, principalmente quando falava de Amy. Era como confiar minha vida. 

Doutor Pet 》EXOOnde histórias criam vida. Descubra agora