Acabei separando apenas o que eu levaria. Não queria levar tanta coisa, separei o que Jiwoo poderia doar e coloquei em três malas o que realmente queria. Muita coisa ficaria para trás.
Das coisas que estava no apartamento de Jiwoo, poucas coisas foram trazidas, apenas enfiei tudo que veio de lá na última hora na mala. O meu voo seria de madrugada então não tive muito tempo para fazer muita coisa. Enquanto preparava as últimas coisas, Jiwoo e Junmyeon levou Amy para uma clínica diferente para conseguir ser liberada para viagem. E quando o sol começou a se por, tudo estava pronto.
Para a minha despedida, Jiwoo me levou para jantar em um restaurante que por não sentir tanta fome não aproveitei tanto a comida. Para compensar a minha falta de fome, sequei duas garrafas de vinhos, queria fazer o mesmo com as garrafas de soju, mas Jiwoo não deixou já que eu viajaria em poucas horas.
- Encha a cara quando chegar lá e estiver segura no seu hotel.
- Tá bom, tá bom. - Resmunguei enquanto terminava de tomar o líquido estranho que ela tinha me dado para aliviar minha embriaguez.
- Não devia ir tao cedo. Eu vou sentir a sua falta. - Ela me abraçou choramingando.
- Eu também. - disse fungando e a abraçando de volta. - De verdade, você foi a melhor amiga de toda a minha vida.
- Não vá, por favor.
- Eu volto para o seu casamento com Junmyeon. - Ela se afastou e rindo limpou suas lágrimas. - E quando o meu filho nascer também, quero que o ensine a falar todos os idiomas que você fala.
Rindo nos abraçamos novamente.
Voltamos para o apartamento e Junmyeon ainda não tinha retornado do trabalho, não queria ir embora sem agradecê-lo antes, mas infelizmente teria que fazer isso.
- Nao quer mesmo que eu vá com você? - Jiwoo perguntou quando me ajudava a colocar as malas no táxi.
- Certeza. Vá descansar, eu abusei demais de vocês. Agradeça Junmyeon por mim, por favor.
- Se mudar de ideia pode me ligar que vou te buscar, não importa que horas seja.
- Muito obrigada. Por tudo, Jiwoo. - Eu abracei por longos minutos e quando a soltei, não quis olhar em seu rosto, não poderia chorar mais que já estava.
Durante todo o caminho para o aeroporto absorvi cada detalhe da paisagem. Lembrava daquele trajeto quando cheguei e só queria ir embora o mais rápido possível e agora que estava indo, não parecia certo.
Por que Chanyeol tinha que estragar tudo?
Ou foi eu que estraguei? Demorei demais para expressar tudo o que sentia? Era tao difícil esperar só mais um pouco?
Nunca saberei o que aconteceria se tivesse esperado.
Talvez meu destino não fosse ficar aqui e sim seguir os meus planos antigos.
Pisar no avião foi mais torturante do que achei que seria.
🐾
Um ano se passou com dificuldade.
Nos primeiros meses foi impossível dormir. A cama de solteiro era grande demais, espaçosa demais. Sentia as minhas costas frias e o silêncio era perturbador. Durante o dia, cada lugar que olhava era estranho e sempre que falava, a minha voz não parecia natural com aquele idioma que estudei tanto.
Alguma coisa faltava, a última peça do quebra-cabeça me fazia sentir perdida.
Algumas vezes me pegava acessando as redes sociais ou ligando o meu número antigo, não sabia o que eu queria ver ali, mas me decepcionava sempre que não encontrava nada novo.
Muitas vezes eu dormia embalada em lágrimas.
Eu o amava mais do que imaginava e a saudade estava me matando mais do que ele tinha feito.
Nos últimos meses daquele ano, só foi um pouco melhor porque comecei a pegar mais turnos que eu poderia aguentar e o zoológico era tao grande que não tinha mais margem para chorar quando ia dormir por estar tao cansada.
No segundo ano estava começando a melhorar, não chorava mais e conseguia pegar mais no sono com facilidade. Amy também estava começando a se adaptar melhor. No verão, durante minhas férias, recebi a visita dos meus pais e praticamente todos os dias íamos para a praia. Consegui enrolar eles e não precisar contar tudo o que tinha acontecido, por sorte eles ainda me viam como a filha fria para o amor e não questionaram mais.
Foi transferida para o meu setor que Karina e Eduardo trabalhavam, era incrível que até do outro lado do mundo eu teria que conviver com ambos. Só deixei todo aquele ressentimento que sentia quando descobri que quem convenceu o chefe de me contratar foi o próprio Eduardo, com isso passamos a conviver em um ambiente mais tranquilo, até ele terminar com Karina e começar a torrar a minha paciência.
- Helena, poderíamos sair no natal, o que acha? - Eduardo dizia enquanto me ajudava a cuidar da leoa prenha.
- Eu prefiro ficar sozinha, sabe.
- Poxa, eu estarei sozinha e você também, podemos fazer companhia um para o outro.
- Não estarei sozinha, Amy estará lá. Já virou meio que uma tradição para nós duas.
- Podemos fazer a ceia na sua casa então, ou você pode ir para a minha.
- Eduardo, sério que vai insistir mesmo? Você terminou com a Karina não faz muito tempo.
- Exatamente, enquanto ela está lá com as amigas dela, eu estou sozinho. É a primeira vez que fico assim aqui.
- Bem-vindo ao clube.
- Foi assim que se sentiu na Coreia?
- Um pouco pior.
- Podemos jantar só como amigos, se preferir. Eu sei que não tenho mais chances com você de qualquer jeito.
- Que bom que sabe disso.
- Enfim, véspera na sua casa ou na minha?
Respirei fundo e beijei a cabeça da leoa que tinha crescido tanto desde a minha chegada e agora seria mãe.
- Na minha.
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Doutor Pet 》EXO
FanfictionEu desenhei e pintei o meu futuro, diversas vezes quando me formei no ensino médio. Sabia o que eu queria ser e onde queria estar em dez anos. Planejei por muito tempo e comecei a viver por aquele sonho, nada e nem ninguém me desviaria dele... Ou er...