Saraus, Bailes e Casamentos

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Se é a razão que faz o homem, é o sentimento que conduz".
-Rousseau

Annabeth Collins

Chaterlley Hill,Brighton,1837

     Annabeth e Victoria chegaram há poucas horas em Chaterlley Hill, o imenso casarão no qual viviam as irmãs Bridget e Marli, bem como Charlotte Collins, única filha de Bridget.

   Já Eloise percorreu um longo caminho de Oxfordshire até o local, assim como Claire, que viera de Cambridge.

     Às vésperas dos bailes e saraus, as primas costumavam se reunir em alguma propriedade Collins para se arrumarem juntas e receberem dicas de como facilitar o cortejo, como parecer mais atraente aos olhares masculinos e como manter a compostura. E nisso, Marli Collins Williamson era especialista. Bridget não estava presente, fora até a França visitar o pai, o poderoso e temido Benedict Collins, o patriarca da família.

-Arrumar um marido não é uma tarefa de imensas complicações, meninas. -Discursava a Viscondessa de Chaterlley, tia das garotas à mesa.

    Ela fora casada há vinte anos atrás, porém seu marido morreu dois anos após o casamento ao cair de um cavalo. Ela manteve seu título de Viscondessa e continuou vivendo em Brighton. Desde então, o seu passatempo favorito era educar as sobrinhas mais novas a respeito de boas maneiras, técnicas de charme, sedução, etiqueta, costura e até como sorrir para um cavalheiro durante um baile. As primas Collins já dominavam a maioria das técnicas.

-Sendo assim, por quê ainda não está casada novamente? -Charlotte Collins alfinetou enquanto passava geleia em seu brioche.

     Eloise e Annabeth tiveram que se segurar para não contrariar as regras de etiqueta e rirem na mesa. Victoria comia cerejas e Clara tomava o seu chá da tarde. Em resposta à Charlotte, Marli apenas franziu a boca em reprovação.

-Querem mais chá? -Perguntou.

    Annabeth não se conteve e riu durante alguns segundos.

-Não, obrigada. -Claire Collins Montmorency respondeu, gentil e suave. -Recebeu notícias da Residência Woods? -Perguntou.

     O baile da Lady Whistleton, Georgiana, ocorreria na Residência Woods, a uma distância mediana de Brighton. A carruagem demorava um quarto de hora para chegar ao seu destino, o que era muito tempo para Annabeth.

-Não. Creio que amanhã chegará alguma carta. -Respondeu, franzindo os lábios. Então virou-se para a garota que permanecia calada. -Annabeth querida, qual coração pretende arrebatar neste baile? Lembro-me bem de quando conheci o meu marido. Ah, bons tempos foram aqueles! Hoje resta-me apenas essa casa vazia e assombrada. -Disse, amargurada.

-Em verdade, não tenho grandes ambições. -Respondeu. -Não costumo ir a bailes para encontrar um possível pretendente.

    Victoria resolveu entrar no meio:

-Como ela quer se casar sendo que mal sai da Northumbria? -Disse para Charlotte.

-Victoria! -Repreendeu Claire.

-Eu já disse que não pretendo me casar! -Annabeth revoltou-se.

-Como não? -Marli pôs-se a rir. -Não há propósito algum para a mulher que não possui família, querida. É necessário que entenda logo, daqui a pouco estará velha demais para encontrar alguém e acabará solteirona como eu.

-E por qual motivo não há espaço para a mulher senão o núcleo familiar? -Eloise retrucou, audaz. -Nós mulheres somos tão capazes quanto os homens! Quem será o próximo monarca inglês, devo lembrar-lhe disso Madrinha? Uma mulher!

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