Dama de Companhia

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"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis." -Drummond de Andrade

Victoria Collins

North Castle, 1837

      Quatro dias após o retorno de Brighton, Camila já estava a par de tudo o que ocorrera no baile da Lady Whistleton. Victoria mal se continha de tanta felicidade após receber uma carta do Sr. Drummond ao seu irmão Axel, pedindo autorização para ir até a propriedade de North Castle no dia seguinte.

      É claro que tal sugestão foi recebida com toda a alegria pelos moradores de North Castle. Camila  enfatizava a Victoria como deveria agir quando Otávio Drummond chegasse e passava praticamente o tempo todo agarrada à sua irmã, fato que provocava bastante risada em Axel e George.

-Onde está Annie? -Indagou Victoria. Não tinha passado despercebido por ela que a irmã tinha se isolado da família desde que chegaram de Chaterlley Hill.

    Não comparecia às refeições matinais, durante os almoços e ceias ela mantinha-se calada e se esquivava de quaisquer dinâmicas em família, indo direto aos seus aposentos.

-Não faço a menor ideia. -Respondeu Axel. -Mas tenho quase certeza que a vi tomando café na cozinha às oito.

-Deve estar na Campina. -George menosprezou o assunto. -Podemos voltar a falar do baile?

   Victoria achava que George estava bastante empolgado com a ideia do baile ali na Northumbria em homenagem á chegada do irmão mais novo de Eton, ao passo que Axel implorava para que Camila não chamasse todas as famílias da região, como era de praxe. Os dois entraram em um consenso e o assunto deu-se por encerrado.

     Após as refeições do meio dia, Camila voltou ao seu interrogatório:

-Conte-me mais, Vicky. De onde esse misterioso Sr. Drummond é?

-Portugal, ele veio de Coimbra.

-Um português! -Exclamou, deslumbrada.

-Era só o que me faltava. -Murmurou Axel, balançando a cabeça.

-Qual é sua ocupação? -Camila continuou perguntando, ignorando os comentários impertinentes de Axel.

-Ele é um médico, seus pais têm estabelecimentos comerciais em Lisboa.

-Sabe as origens de sua família? -George perguntou, cruzando os braços.

-Bom, ele comentou que seu pai possui vínculos sanguíneos com a nobreza.

-Mas que maravilha! -Exclamou Camila, empolgada.

     Quando chegou a hora do jantar, a mesa estava mergulhada num silêncio mortal. Annabeth estava simplesmente apática, embora tivesse voltado relativamente feliz do seu passeio ao pôr do sol anteontem. Axel mantinha-se calado, exausto com os negócios.

     Todos os dias, sua irmã saía ao amanhecer. E Camila tinha oficialmente desistido de impor boas maneiras à caçula. Annabeth era simplesmente indomável e a irmã mais velha parecia finalmente ter aceitado tal fato.

    Victoria tentou conversar com Annabeth no dia anterior, mas foi duramente rechaçada. Desde então, permaneceu na dela.

-Então, qual será a data? -George tentou puxar assunto com Camila.

-Do quê? -Perguntou.

-Do baile, é claro! -Comentou George, animado.

-Um baile? -Annabeth parou de comer, e abriu a boca pela primeira vez no dia.  -Não deveríamos gastar tanto!

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